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Opinião

It’s the end of the metaverse as we know it

A natureza onipresente da internet atual entra em conflito direto com a concepção do metaverso como um espaço distinto para o qual se entra


13 de maio de 2024 - 14h00

Em uma dessas sessões de download do SXSW, fui exposto a uma previsão intrigante sobre o tipo de experiência que os dispositivos de realidade virtual poderiam proporcionar no futuro. Em uma imagem impactante, um casal equipado com óculos de realidade virtual estava diante de uma gôndola de supermercado. O conceito era simples: ao assistir a um vídeo promocional de 30 segundos, eles ganhariam um cupom de desconto para o produto anunciado na gôndola. Essa visão comercializada do futuro ecoa um cenário que nem mesmo Dante Alighieri teria ousado imaginar em suas descrições dos círculos infernais.

Crescemos com a internet e na internet. Isso é o que nos torna diferentes; isso é o que faz a diferença crucial, embora surpreendente do seu ponto de vista: não “navegamos” na internet e para nós a internet não é um “lugar” ou “espaço virtual” onde há entradas ou saídas. A internet para nós não é algo externo à realidade, mas sim uma parte dela: uma camada invisível, mas constantemente presente e entrelaçada com o ambiente físico. Não usamos a internet, vivemos na internet e ao longo dela.

A natureza onipresente da internet atual entra em conflito direto com a concepção do metaverso como um espaço distinto para o qual se “entra”, uma abordagem que fragmenta e disciplina a experiência humana ao invés de abraçar sua natureza transdisciplinar. A integração contínua da tecnologia digital em nossa vida cotidiana e nas relações, como observado pela geração retratada em “We, the Web Kids”, um artigo escrito pelo jornalista polonês Piotr Czerski em 2012 e que continua extremamente relevante, questiona diretamente o metaverso como um modelo viável de mundo e estilo de vida.

Recentemente, notícias destacaram que a Apple reduziu suas expectativas de vendas para 2024 em quase 50% – de 800 mil para 400 mil unidades. Nos primeiros dez dias, apenas 200 mil unidades foram vendidas. Alguns analistas já estão rotulando isso como um fracasso – o golpe de misericórdia na ideia de um metaverso baseado em óculos de realidade virtual, que, por enquanto, teve como mérito desviar nossas atenções do fracasso retumbante do hype das blockchains e criptomoedas, que inclusive já provocou brigas nestas páginas.

A concepção do metaverso como uma nova fronteira na interação digital falha em reconhecer as complexidades e nuances com que os jovens de hoje experienciam a internet. Como um elemento profundamente integrado às suas vidas e identidades culturais, a internet já oferece uma plataforma para trocas culturais tão rica e imersiva quanto qualquer proposta de realidade virtual.

A inteligência artificial apresenta uma vantagem clara e inigualável: ela é uma tecnologia fluida que não apenas aprimora dispositivos existentes, mas também possibilita o desenvolvimento de novos dispositivos que sequer imaginamos necessitar ou desejar em nosso dia a dia. Isso ressalta uma falha inerente do metaverso, cujas formas limitadas estão sempre desconectadas da realidade.

A realidade é que o metaverso prometido já existe há bastante tempo e está prosperando. Hoje, nossos smartphones garantem um nível de imersão e mobilidade que ainda parecem imbatíveis. Recomendo um passeio panorâmico por trás da plateia da palestra mais interessante que você possa imaginar. Os brilhos das telas e as cabeças baixas revelam a ilusão coletiva daqueles que acreditam que um corpo (ou uma mente) pode ocupar dois lugares ao mesmo tempo. Ao menos nenhum deles é um avatar virtual horrível.

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