Opinião

Da parede que comunica ao morador que lucra

Como o out-of-home social conecta marcas à favela com empatia e geração de renda

Joildo Santos

CEO do Grupo Cria Brasil 15 de agosto de 2025 - 6h00

A periferia pulsante do Brasil sempre foi muito mais do que cenário: é palco de criatividade, resistência e economia real. Quando falamos de OOH Social, aquelas intervenções de mídia exterior que vão além da publicidade tradicional, pensamos em muros, fachadas, bancas de jornal e até postes iluminados contando as histórias de quem vive ali. Mais do que visibilidade, são oportunidades de renda para quem mora e trabalha nesses territórios.

Cada favela, cada bairro periférico, tem sua própria geografia afetiva e funcional: vielas estreitas, becos grafitados, comércio de esquina. É preciso respeitar fachadas, ângulos de visão, fluxo de pedestres e a rotina de quem circula diariamente nesses espaços. Estamos falando de comunicação empática, que se funde à paisagem local e às histórias de vida que ali acontecem.

O diferencial do OOH Social nas periferias está no modelo de contratação e remuneração. Diferentemente dos players tradicionais, aqui a instalação e o transporte das peças ficam a cargo dos moradores do próprio território, gerando empregos diretos. Além disso, os donos de muros, bancas e estabelecimentos que cedem o espaço recebem uma remuneração justa, proporcional à visibilidade que oferecem.

Esse modelo promove um ciclo virtuoso: a marca anuncia, a comunidade executa o projeto e ainda ganha renda extra. É publicidade que devolve valor, em vez de explorar espaço. Transformar a favela em palco de OOH Social é, acima de tudo, democratizar a comunicação. A periferia deixa de ser tela em branco ou mero público-alvo: torna-se protagonista de sua própria narrativa.

Se as marcas querem, de verdade, falar com a base da pirâmide social, precisam chegar preparadas para escutar, contratar e remunerar, não apenas expor. OOH Social nas favelas é esse convite à economia criativa e à sustentabilidade local. E, para quem estiver atento, é a forma mais efetiva de construir relevância e pertencimento. Porque, no fim das contas, impacto social e retorno financeiro andam de mãos dadas. Quem ainda não viu isso, a FavelaCria.