Opinião

Quando propósito e produto caminham juntos

Vender com propósito não é mais apenas uma escolha estratégica, é uma necessidade ética no mercado de beleza

Juliana Barros

Diretora de marketing e comunicação da Avon Brasil 15 de agosto de 2025 - 14h00

Em um mercado cada vez mais guiado por dados, metas e entregas de curto prazo, torna-se ainda mais urgente falarmos sobre o papel das marcas na transformação social. No mês do Agosto Lilás, dedicado à conscientização e ao combate à violência contra a mulher, reafirmamos nosso compromisso com essa causa e reforçamos que propósito e resultado não são forças opostas — são complementares, especialmente quando estão genuinamente integrados ao nosso produto e à nossa cultura.

Dados recentes da Rede de Observatórios da Segurança mostram que, em 2024, 13 mulheres sofreram algum tipo de violência a cada 24 horas no Brasil. Já a pesquisa “Violência Contra Mulheres e o Futebol”, idealizada pelo Instituto Natura e encomendada ao Fórum Brasileiro de Segurança Pública em 2022, analisou cinco capitais brasileiras (Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Belo Horizonte e Porto Alegre) e revelou um aumento de 23,7% nos boletins de ocorrência em dias de jogos do Campeonato Brasileiro da Série A. Em três dessas cidades, ao menos metade das vítimas eram mulheres negras.

Diante desse cenário alarmante, o mercado de beleza, tão profundamente ligado ao universo feminino, carrega uma grande responsabilidade. Vender com propósito não é mais apenas uma escolha estratégica: é uma necessidade ética. Vamos além da estética. Acreditamos que nossos produtos e nossa comunicação podem e devem ser ferramentas de conscientização, acolhimento e transformação social.

Acreditamos que um mundo melhor para as mulheres é um mundo melhor para todas as pessoas. E essa não é apenas uma frase de efeito, é o fundamento sobre o qual construímos nosso negócio há mais de 135 anos. Apoiamos o Instituto Natura, que atua no enfrentamento à violência contra mulheres e meninas no Brasil e não como uma iniciativa pontual, mas como parte central da nossa estratégia, influenciando decisões, investimentos e até o desenvolvimento de produtos. Em muitos deles, inclusive, parte da renda é revertida para projetos de apoio à causa.

Neste ano, lançamos a campanha “Sim, é violência. Chame pelo nome”, que convida a sociedade a reconhecer todas as formas de agressão – física, psicológica, moral, patrimonial e sexual – como violências legítimas e urgentes de serem enfrentadas. Só nomeando o problema conseguimos combatê-lo. A ação parte do princípio de que o silêncio também é uma forma de cumplicidade, e que a conscientização coletiva é essencial para mudarmos essa realidade.

Embora o Agosto Lilás concentre ações de visibilidade, essa é uma luta que travamos todos os dias. Trabalhar pela e para as mulheres está no nosso DNA. A campanha, criada após a promulgação da Lei Maria da Penha, é um lembrete anual da urgência de combatermos a violência de gênero — orienta decisões o ano todo.

Destacamos a assistente virtual Ângela, criada para orientar e apoiar mulheres em situação de violência com informações jurídicas e encaminhamentos psicológicos, disponível gratuitamente no WhatsApp: (11) 94494-2415. Também reforçamos parcerias com organizações que atuam diretamente no acolhimento e suporte às vítimas.

Quando propósito e produto andam juntos, deixamos de ser apenas fornecedores de bens — e nos tornamos agentes de mudança. Marcas que se posicionam com coragem, consistência e verdade são lembradas, consumidas e defendidas. E é esse vínculo, construído com significado, que sustenta resultados duradouros para os negócios, para as pessoas e para o mundo.

Vamos juntos seguir transformando realidades. Porque cuidar das mulheres é cuidar do futuro.