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Opinião

O despertar da alta performance em busca do sentido profissional

Será que o propósito tem a ver com ações sociais que a empresa desenvolve?


4 de dezembro de 2020 - 18h24

(Crédito: Z Wei/ iStock)

A palavra propósito gera mais de 50 milhões de resultados no Google. Muito se fala de propósito nas empresas e arrisco dizer que sem muita compreensão do que isso significa e, muitas vezes, sobre como desenvolver este elemento fundamental para que as pessoas encontrem sentido no seu trabalho.

Será que o propósito neste contexto tem a ver com ações sociais que a empresa desenvolve? Certamente. Propósito tem a ver com usar as suas habilidades para adicionar valor para o mundo. Portanto, se a empresa tem uma causa que busca ajudar as pessoas, promover capacitação profissional ou algo que o valha, isso tem propósito. A empresa tem uma razão maior do que ela mesma para existir e seus funcionários podem encontrar sentido em fazer parte disso.

Mas gostaria de ir um pouco além. O convite é para tentar entender como cada um pode encontrar o sentido em acordar cedo todos os dias e desenvolver suas atividades profissionais com sentimento de propósito naquilo que faz. Se entendermos propósito como um conjunto de ações (que podem ser simples) em prol das outras pessoas, fica mais fácil incorporar mais propósito em nossas vidas. Todas as empresas funcionam como um sistema, um conjunto de elementos interdependentes que se organizam para um objetivo comum. No caso das organizações, é um sistema formado por pessoas.

A única forma de uma empresa atingir o sucesso, de liderar seu segmento de atuação é através do trabalho coordenado e colaborativo de pessoas que operam em alta performance e na mesma direção. Não há outro jeito, pelo menos é o que eu acredito.

Vamos imaginar que o Pedro trabalhe em uma empresa (ou seja, é parte integrante de um sistema) e que o resultado do trabalho dele, a parte que ele desenvolve, seja então utilizada pela Ana, para que esta possa entregar o seu trabalho. E através deste processo, o Pedro e a Ana possam contribuir com seu trabalho para o sucesso da companhia. Uma análise de um “microcosmo” que acontece diariamente em qualquer empresa.

Como que o propósito se desenvolve na vida do Pedro? Na medida que ele tem percepção que o trabalho dele tem importância e impacto na vida da Ana. Sim, da Ana e não da “entidade” empresa. Saca? E como o Pedro sente isso? Na medida que a Ana reconhece o trabalho do Pedro. Ou seja, através do feedback da Ana, reconhecendo com sinceridade e frequência, como o trabalho do Pedro é fundamental para que ela possa exercer o seu com excelência. Afinal, acredito que agir em prol do outro desperta uma imensa sensação de bem estar. E o propósito tem mais a ver com se doar e ajudar do que receber. Quando isso acontece, o Pedro tem consciência que o seu trabalho contribui para a Ana, a empresa e o mundo. Este processo será o combustível para que o Pedro busque a excelência no desenvolvimento de suas atividades, a alta performance e o engajamento são apenas uma consequência.

De acordo com Adam Grant, o entendimento que o trabalho é uma forma de servir ao outro é a maior fonte de motivação e a mais inexplorada nas organizações. Talvez porque as pessoas se sintam vulneráveis ao reconhecer como são, de fato, favorecidas pelo trabalho de outra pessoa. Nas organizações é comum confundirmos competência com autossuficiência, quando na verdade é a colaboração que gera alta performance. Também é comum que as pessoas sintam que o bom trabalho não é nada mais do que a obrigação de quem está ganhando por isso. As pesquisas de Grant mostram que reconhecer o valor do trabalho das outras pessoas não só gera um sentimento de confiança e capacidade, mas também um senso de confiança e conexão da equipe. As pessoas trabalham buscando sempre alcançar as suas melhores versões.

As empresas e as pessoas buscam por alta performance e não há alta performance sem propósito, sem que encontremos sentido naquilo que fazemos. E acreditem, não precisa ser a escalada do Everest ou surfar a maior onda de Nazaré em Portugal — coisa para pouquíssimos seres humanos. Podemos encontrar sentido e propósito nas pequenas coisas, nas atividades diárias, naquilo que conecta o Pedro com a Ana.

**Crédito da imagem no topo: Eugenesergeev/iStock

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