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Opinião

O tempo e os limites da tecnologia

Uma composição de forças combinadas fez a revolução digital e deu uma chacoalhada na vida das pessoas


21 de setembro de 2023 - 14h00

O Threads atingir 100 milhões de usuários em cinco dias foi fácil, praticamente um peteleco, considerando os dois bilhões de usuários do Instagram, os quase três bilhões de usuários do Facebook e a ajuda do Twitter/X. Sem precisar criar uma conta nova, praticamente esbarrando na tela já se está apto a degustar a última novidade. Querendo valorizar os números, o ChatGPT 2022 demorou bem mais, 500%, exatamente dois meses. O Pokémon Go 2016 foi mais rápido, 27 dias para atingir a marca de 100 milhões de usuários.

A internet alterou tudo em todas as áreas, tais como, comunicação, compras, relacionamentos, educação, trabalho. Reinventou os processos, reduziu as distâncias…, mas não foi tão fácil e rápido como os recordes acima. Já era muita coisa conectar computadores de lugares diferentes em 1969. Mudou de patamar aos 20 anos, já adulta, com o WWW 1989, de Tim Berners-Lee. Hipertexto com texto, imagens, som e a sua vocação de conectar computadores e pessoas em lugares diferentes, agora para todo mundo.

Uma composição de forças combinadas fez a revolução digital e deu uma chacoalhada na vida das pessoas. Gradualmente microcomputadores e microprocessadores transformaram as mídias e fizeram da Internet um novo meio na cadência da Lei de Moore 1965, de Gordon Moore. Com o número de transistores num processador dobrando a cada ano e seu preço sendo reduzido pela metade (lei revisada em 1975 para dois anos), o número de transistores dobrou aproximadamente a cada 18 meses por 50 anos, desde 1961. O looping da tecnologia produzindo chips mais potentes, para softwares mais sofisticados, que fizeram chips mais potentes e assim por diante. O conceito de infinito quase na prática.

Uma mãozinha animada de Ed Catmull também ajudou, batizada como a “Mão” 1973. Inspirado por Walt Disney e seus ensinamentos sobre tecnologia e arte, com apoio da ARPA, agência de projetos de pesquisa avançada americana, e da ARPANET (1969), que evoluiu e transformou-se na internet. Sabendo que nunca teria talento para ser um animador de filmes com lápis, graduado no campo emergente da ciência da computação, investiu tudo o que pode para fazer um filme animado por computador. Na Pixar, com o investimento de Steve Jobs, faziam curtas-metragens, comerciais de televisão animados (para marcas importantes como Tropicana, Listerine, Trident, Volkswagen, Fleischmann’s) e processamento de imagens de alta resolução para as indústrias de medicina, geografia e meteorologia. Lançaram Toy Story em 1995, com financiamento da Disney, realizando seu sonho de fazer um filme animado 23 anos depois.

Think Different, como os loucos, rebeldes e gênios (Apple 1997, com Steve Jobs de volta), e curta a Cultura da Convergência (Henry Jenkins 2008), com a Internet já beirando a meia idade, aos 39 anos, quando atingir um milhão de usuários em meses era notícia. Agora também foi manchete, com o Threads fazendo o mesmo em uma hora. A aldeia global (Marshall McLuhan, 1964) está cada vez mais global e cada vez menos aldeia, nos levando mais rápido onde estamos agora, com LinkedIn 2003, Facebook 2004, YouTube 2005, Twitter/X 2006, WhatsApp 2009, Instagram 2010… e até ao novo recorde que vem por aí!

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