Privacidade: tudo isso não passa de marketing?
O uso irresponsável de dados para geração de anúncios resultou na má reputação da indústria
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(Nota da Redação: Hoje, 28 de janeiro, é comemorado o Dia Internacional da Proteção de Dados)
A revolução provocada pela internet na vida das pessoas veio acompanhada de uma conta cara: a falta de respeito aos limites da privacidade individual. Vazamento de dados de sites de relacionamento já desfez casamentos, fotos íntimas viralizadas nas redes levaram a suicídios e até campanhas políticas foram manipuladas. Para o nosso mercado, o uso irresponsável de dados para geração de anúncios resultou na má reputação da indústria da publicidade que virou a vilã do tema em roda de consumidores. E, infelizmente, não dá para falar que eles estão completamente errados no julgamento.
2020, porém, é o ano de adequação deste cenário com a entrada em vigor da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) que regulamenta o uso de dados pessoais por empresas e governos. A pena para quem tentar se esquivar é alta em duas frentes: na financeira, já que as multas são pesadas, e na de imagem de marca, já que notícias sobre vazamento de dados ou sua má-utilização afetam diretamente a credibilidade diante de seus consumidores.
Além da saída óbvia de adequação à LGPD, este momento evidencia uma ótima oportunidade para que o mercado se reúna — seja via associações, iniciativas individuais ou conjuntas — para educar o consumidor. Junto às necessárias palestras e eventos para ajudar empresas a entenderem e aplicarem o que dita a lei, é urgente esclarecermos ao consumidor quais as ferramentas que eles têm a sua disposição para se proteger.
E, mais do que isso, quais dados a indústria pode usar e como ela pode trabalhar com estas informações para trazer mais conveniência para as pessoas ao mesmo tempo em que garante sua privacidade. Sem informação, corremos todos o risco de discussão polarizadas e equivocada sobre publicidades personalizadas. Já a transparência do discurso diminui a possibilidade de maus entendidos, de preconceitos contra a tecnologia e de uma repactuação entre marcas e consumidores para que todos os benefícios que ganhamos com a internet contemple, entre elas, a privacidade.
Não dá para corremos o risco de ver nossa indústria atacada por falta de informação. Não podemos dar margem para que o avanço que fizemos nas estratégias de entregar conteúdos publicitários cada vez mais relevantes pois conversam com o contexto do consumidor, seja jogado fora.
É preciso intensificarmos a conversa, esclarecer pontos de atrito e dúvidas e garantir que é sim possível aliar conveniência e privacidade. Mas, não dá para ser discurso vazio. Para o bem de todo o mercado, é preciso que todos os nossos players estejamos de fato dentro da lei, ou novamente reforçaremos outro jargão que precisamos destruir: “tudo isso não passa de marketing”.
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