Rap é planejamento estratégico; Ana Castela é branding
Mas nos dois casos, como sempre, tudo começa por uma boa ideia, o que tem faltado na publicidade, paralisada por muitas regras e pouca coragem
Rap é planejamento estratégico; Ana Castela é branding
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BuscarMas nos dois casos, como sempre, tudo começa por uma boa ideia, o que tem faltado na publicidade, paralisada por muitas regras e pouca coragem
Rappers são planners e ninguém pode negar. Observam, vivem o ambiente e transformam seu olhar em música, mídia, clipes, social media. Mais do que isso, transformam sua observação, sua pesquisa e imersão em posicionamento, território e manifesto de marca, no caso, a marca são eles mesmos. E é aqui que acontece a mágica, eles são planners, criativos e o cliente também. Eu faço, eu aprovo. Um caminho linear, sem muitas burocracias, no melhor estilo Júlio César em sua frase: Vim, vi e venci.
“Eu vivo o ambiente e minhas ideias saem naturalmente”. Depois disso, já existe todo um ecossistema para a ativação da ideia: a comunidade, rádios locais, social media, shows, streamings de música, feats etc, etc, etc. Mas como sempre, na música e na propaganda, tudo começa com uma boa ideia.
Não muito longe desse conceito, Ana Castela dá show de branding e não é à toa que é um fenômeno cultural e musical. Daqueles que penetram em todas as classes sociais e faixas etárias. Tem propósito, tem personalidade, tem posicionamento e é consistente em tudo isso. Agro, vida no campo e empoderamento feminino são suas bandeiras e, isso, é consistente em suas músicas e nas suas falas. A boiadeira, como se autodenomina, trouxe orgulho para quem é do campo e visibilidade dessa realidade para quem está na cidade. Todo mundo ficou feliz e todo mundo cantou junto. Ela faz música pra dançar e pra chorar, mas nunca foge do branding. Mas e aí, o que isso tem a ver com nosso dia a dia de agências, clientes e comunicação?
Acredito que a publicidade não tem produzido mais hits unânimes como “Pipoca e Guaraná”, “Na cama com pijama”, de Honda, e os velhinhos de Skol batendo a bengala na mesa. Aqui vale uma reflexão do porquê.
Muitas camadas de aprovação? Muitos guides, briefings, detalhes, refações e pouca coragem? As pessoas produzem hits. Influencers, cantores, artistas, mas na comunicação queremos colocar 1001 regras e os hits não têm saído. Cuidamos tanto dos detalhes, dos DOs e DON’Ts que fica pasteurizado. As campanhas viraram endomarketing. O marketing gosta, aprova e depois ninguém vê, ninguém comenta. O briefing deveria ser “e aí? O que você acha que devemos fazer para essa marca?” Testar mais, colocar mais coisas na rua e entender o que as pessoas pensam sobre aquilo. Nem todo rap é sucesso e nem toda música da Ana é hit, mas eles não param de fazer.
Marcas deveriam ser mais humanas e se permitir errar mais, pois na tentativa de fazerem tudo tão perfeito, não estão acertando. O modelo está aí, mas ainda não seguimos. Só não sei por que as agências ainda não podem criar como os rappers e fazer branding como a Ana.
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