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Opinião

Regionalismo: estratégia emergente na promoção de experiências e conexões

Como uma baiana que cresceu na festa junina de São Gonçalo dos Campos e no Carnaval da Bahia, sempre vi a importância desse movimento para o crescimento econômico das diferentes regiões do País


28 de junho de 2024 - 14h00

O mercado de experiências nacional segue em constante mudança para se adaptar aos novos hábitos e comportamentos de consumo da grande massa, que não tem mais engajado eventos, festivais, shows e ativações se essas não proporcionarem aos presentes momentos únicos e surpreendentes.

Nos últimos anos temos presenciado a ascensão da tecnologia como ferramenta propulsora da unificação entre o ao vivo e o universo virtual, chegando até a ser considerada uma estratégia inovadora, que entrega soluções fora do esperado para marcas e seu público. O que não deixa de ser uma verdade quando exploramos todo o potencial desses processos tecnológicos a nosso favor.

Mas aqui, quero falar mesmo de um movimento que está começando a crescer e ganhar protagonismo na promoção de experiências, mas que ainda é pouco discutido, e até mesmo considerado como uma das estratégias capazes de ampliar tudo o que conhecemos sobre cultura e entretenimento no Brasil. E é claro que estou falando sobre o regionalismo.

Como uma baiana que cresceu na festa junina de São Gonçalo dos Campos e no Carnaval da Bahia, eu sempre vi a importância desse movimento para o crescimento econômico das diferentes regiões do Brasil. E isso, por que os empreendedores locais esperam essas datas que fomentam o olhar para o regional não só para celebrarem sua cultura, como também para aquecer seus negócios.

E essa compreensão profunda por parte do mercado sobre as nuances culturais existentes no Brasil vem acontecendo de forma gradativa. E ainda que grande parte desse olhar esteja ligado a datas sazonais específicas, como o São João, já vemos acontecer uma movimentação estratégica que pode aumentar ainda mais o investimento em outros estados além do eixo Rio-São Paulo.

E exemplos que mostram essa evolução são os grandes eventos juninos comandado por celebridades influentes do país. Recentemente aconteceu a 6ª edição do Festival São João da Thay, comandado pela influenciadora digital maranhense Thaynara OG. O evento que

reúne as principais celebridades do país, se tornou uma experiência completa que vem atraindo a atenção de marcas para patrocínio, como de público interessado em vivenciar esse momento, pois além de exaltar a cultura nordestina em sua mais pura forma, o São João da Thay agora carrega um propósito maior, onde destinou a verba arrecadada com a venda de ingressos para projetos do Criança Esperança.

E assim como a influenciadora, eu que sempre acreditei, reforcei a importância e trouxe a cultura do Nordeste como verticais estratégicas para os planejamentos de comunicação integrada que desenvolvo junto a minha equipe para nossos parceiros. E essa ‘insistência’ veio sempre de um lugar de querer pertencer e, principalmente, de poder usar a influência e poder de visibilidade desses stakeholders para celebrar a diversidade cultural do país, valorizando essas tradições regionais.

Esse movimento vem se fortalecendo ainda, pelo investimento no audiovisual que resgata as raízes de diferentes culturas principalmente do Norte e Nordeste do país, tendo como exemplo artistas como Gaby Amarantos e Pabllo Vittar, que não olham para a sazonalidade, e investiram em ritmos tradicionais dos estados nordestinos como predominantes das canções de seus últimos álbuns.

Prova da força do regionalismo no segmento do entretenimento é a pesquisa ‘Hábitos Culturais’, da Fundação Itaú em parceria com o DataFolha, lançada no final de 2023. O estudo que analisou as preferências culturais da população brasileira, constatou que no último ano, o calendário de shows de música no Brasil teve uma predominância de 36% no Nordeste, que ficou atrás apenas do Sudeste, que lidera esse ranking com 40% da execução dessas experiências. E se tratando de atividades ao ar livre e em espaços públicos, o Norte e Nordeste lideram em disparada em relação às demais regiões, com respectivamente 58% de predominância, sendo inclusive as duas regiões que contam com uma maior frequência de público em festas folclóricas, populares e típicas.

E toda essa mudança, que precisa ser feita de forma autêntica, respeitosa e consciente, tem transformado o regionalismo em uma tendência que se firma como um catalisador de conexões e forte engajamento, se alinhando inclusive à busca de experiências significativas por parte dos consumidores. O que era visto enquanto um momento segmentado, ou oportunidade restrita geograficamente, agora é mainstream.

Investir no regional transforma todo um ecossistema na economia do país, fomentando turismo, geração de empregos e o mais valioso de tudo isso: a amplificação de uma tradição

rica e poderosa. Sendo alguns exemplos o São da Bahia, que espera um público recorde de 1,7 milhão de pessoas em 2024. Olhando para o último ano, o São João de Campina Grande movimentou cerca de R$ 500 milhões de reais com um público de 2,5 milhões, e o São João de Caruaru contabilizou a presença de mais de 3 milhões de pessoas, entre turistas e público local, gerando uma receita de cerca R$ 620 milhões reais para o município,

E as marcas que não estão olhando ainda para o regionalismo como uma estratégia de crescimento de negócios para além de datas sazonais, estão perdendo tanto uma possibilidade de crescimento genuíno, como também de conexão profunda e verdadeira com um público engajado e principalmente jovem.

 

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