Tudo é referência. E viver faz parte do processo!
A gente foca tanto em trabalhar e resolver, que esquece de viver. E viver também faz parte do processo
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Sentar-se na frente do computador e ler tudo que é possível sobre um determinado assunto é muito rico e traz mais propriedade sobre o tema. Mas ter a percepção de saber quando levantar da cadeira e ir experienciar outras coisas pode ser inspirador.
O processo criativo vem, sim, de muita pesquisa e leitura de briefing, mas também de muita vivência, nossa e dos outros. A gente foca tanto em estudar, ser analítico, pesquisar mil coisas diferentes para ter mil e um motivos para vender o projeto quando, por vezes, basta prestar atenção no que está acontecendo ao nosso redor. “Tudo é referência.”. E essa é a minha frase!
Às vezes me dá uns siricuticos e eu fico focada em um projeto, porque eu sei que falta algo, mas não consigo definir exatamente o que é. E enquanto eu não chego em uma conclusão, ah… isso me tira o sono.
Lembro de uma vez que estava fazendo um freela para um evento de venda de automóveis. Eu não sei absolutamente nada sobre automóveis. Estava completamente perdida. Pesquisava, lia, via dados no Google, reports e nada parecia me ajudar. O prazo de entrega estava chegando e eu ali parada no semáforo. Aí pensei: qual minha maior referência sobre carros? – E a resposta veio: Carros. Não “carros” como automóveis. “Carros”, da Pixar. Pois bem, liguei minha TV, abri o Disney+, coloquei o filme e me deixei ser levada pelo Relâmpago Marquinhos. Em uma hora, tive três ideias para o projeto. Duas foram aprovadas pelo cliente.
Em outra ocasião, dessa vez bem mais recente, estava fazendo um projeto grande sobre uma festa, uma comemoração anual para uma marca de cerveja.Já estava pronto, mas tinha algo ali que não me deixava seguir. Abri, então, os Stories do Instagram para desestressar e fui impactada pelo conteúdo de uma página sobre obras de arte e suas características, de forma divertida e informal. Um amigo que compartilhou, dizendo sobre como havia gostado do jeito com que o creator falava sobre arte e história de uma forma única. Assisti ao vídeo, que deveria ter no máximo 1 minuto e meio e, nesses 90 segundos, percebi o que estava faltando no projeto. Mandei mensagem para um colega de trabalho e começamos a brainstormar por WhatsApp mesmo. Em 15 minutos, o projeto estava finalmente completo com a solução para o que estava me incomodando.
Tenho tantas outras histórias como essas para contar, afinal, faz parte do meu dia a dia ter esses processos criativos. Já soube explicar a operação de uma ação para o cliente por causa de um episódio de “Better Call Saul”; trouxe referências para o brainstorm a partir de cenas de filmes da Disney; escrevi manifestos criativos baseados em músicas; tive ideias mirabolantes por passar 10 minutos no Instagram, como também já tive insights incríveis depois de passar algumas horas no museu. Da mesma maneira, tive momentos de ideias inovadoras e me apoiei na percepção, visão e referências de outros para seguir com um projeto, porque não sabia como seguir.
O ponto é que, às vezes, a gente precisa dar um outro olhar para as coisas, seja com referências diferentes, pesquisas e análises, passeios, tempo no digital ou dividindo experiências com outros. Tudo é referência, porque tudo pode ser referência se você apenas prestar atenção.
Mais do que isso: quando a gente se abre para outras perspectivas e vivências, acaba criando mais relacionamentos. Eu acho extremamente rico quando alguém me conta algo específico sobre sua vida, ou um tema que sabe mais do que eu, algum momento que viveu ou pessoa que conheceu. Escuto e nem sempre assimilo como algo que vai se tornar inspiração, mas de repente vira um insight incrível para algum projeto. E eu ainda ganhei uma conexão genuína com alguém.
A gente foca tanto em trabalhar e resolver, que esquece de viver. E viver também faz parte do processo. É sobre isso: colocar alguma série para assistir, ir ao cinema ou a museu, tomar um café, escutar a fofoca da mesa do lado.
Vá passear, tomar sol, ler um livro. Tirar o fone, chamar um amigo, conversar, esquecer sobre o assunto que você tanto tem pensado, porque (às vezes) quanto menos você pensa nele, mais você pensa nele. Deu para entender? – E se tudo é referência, este artigo também poderá ser!
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