E agora, o que é que eu faço?

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Opinião

E agora, o que é que eu faço?

Como é impossível aplicar todas as ideias e insights colhidos em eventos como o SXSW, há de se priorizar em quais batalhas entrar, avaliar espaços para ousadia e experimentação e ter forças para navegar contracorrente


19 de março de 2024 - 14h00

Quando a euforia motivada pelo acúmulo de insights inspiradores encontra a aflição pela busca de ocasiões viáveis de colocá-los em prática. Esse é o conflito vivido neste momento por parte dos executivos que nos últimos dias participaram do South by Southwest (SXSW), em Austin, nos Estados Unidos. Se antes do evento a ansiedade é provocada pela tentativa de incluir na agenda parte da extensa oferta de conteúdo e durante o festival o esgotamento vem com a dúvida sobre se será possível estar em todas as arenas desejadas, agora, após seu encerramento, o sentimento de muitos aparece na pergunta: “E agora, o que é que eu faço com o que trouxe de lá?”.

Diante da constatação de que é impossível aplicar todas as ideias colhidas, o passo inicial parece ser o de escolher em quais batalhas entrar. Para essa seleção, é preciso conhecer o terreno em que se pisa e avaliar os espaços abertos para a ousadia e a experimentação nos projetos pessoais e profissionais nos quais se está envolvido — ou se deseja estar. Além disso, a empreitada requer fôlego para vencer as zonas de conforto estabelecidas nas esferas particulares e no mundo corporativo. A jornada pode ser ainda mais inglória para os que estão em ambientes nos quais impera o instinto de sobrevivência, compreensível diante do cenário intenso, instável e de transformações irreversíveis instalado na indústria de comunicação, marketing e mídia. Entretanto, é preciso coragem, pois não há evolução sem rompimento, sem readaptação e, muitas vezes, sem força para navegar contracorrente.

Foi o que fizeram algumas das estrelas do SXSW, o que resultou em uma edição bastante questionadora, na qual os debates sobre a epidemia da solidão disputaram holofotes com a inteligência artificial, antecipadamente eleita como protagonista. Seria a primeira consequência das evoluções representadas pela segunda?

Quem participou presencialmente e mesmo quem acompanhou de longe se envolveu em debates variados e complementares sobre temas como o uso enviesado de ferramentas de reconhecimento facial, responsabilização de plataformas sociais pelo conteúdo que compartilham, exercício da empatia na redução de conflitos, saúde mental afetada pelo bullying das redes sociais, negociação como base para melhores decisões e estímulos da sociedade digitalizada para a desconexão afetiva entre as pessoas e para a superficialidade das relações.

Nesse último ponto, há preocupações latentes sobre o rumo e à intensidade das conexões humanas frente à constatação de que as relações pessoais, sociais e profissionais intermediadas pela tecnologia, seus algoritmos e feeds, privam os envolvidos do contato real, que é um dos principais momentos nos quais exercitamos as ferramentas inatas dos sentidos humanos.

As falas de algumas das estrelas do SXSW aumentaram a repercussão de temas como solidão e isolamento e deixaram mais criteriosas e questionadoras as abordagens ao impacto da inteligência artificial na vida das pessoas, nos ambientes de trabalho e de negócios, como destacam as reportagens das correspondentes Isabella Lessa, Amanda Schnaider, Carolina Huertas, Taís Farias e Thaís Monteiro, nas redes sociais e no site meioemensagem.com.br/sxsw, onde há acesso livre ao noticiário sobre o evento e ao blog coletivo Conexão Austin, com participação de mais de 60 profissionais brasileiros que estiveram presentes no evento.

O objetivo de Meio & Mensagem, não apenas com a cobertura do SXSW, mas com todo o projeto 100 Dias de Inovação, que também abarcou a curadoria de conteúdo sobre a NRF e o MWC, é o de instigar a curiosidade que move a busca pelo conhecimento e a coragem que impulsiona as pessoas a responderem à pergunta do título desta página com ações capazes de contribuir com a evolução da indústria. Entretanto, mantendo o clima de empatia expresso em vários momentos do SXSW, tudo bem se você ainda não tiver uma resposta, afinal, como ressalta o texto da reportagem desta edição, é condição inerente aos seres humanos não saberem as respostas a todas as perguntas e, ainda assim, continuarem perguntando.

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