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Opinião

O caminho para a publicidade digital

Apostar no básico pode ser o melhor caminho para a publicidade digital superar a turbulência do momento

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27 de fevereiro de 2023 - 6h00

Sabe quando dizem que viajar ajuda a refletir e a pensar por te colocar em um contexto diferente? É mais ou menos assim que encaro a minha tradicional viagem de início de ano para o encontro anual das lideranças do IAB, que neste ano aconteceu na Flórida, nos EUA.

Sempre que tenho oportunidades desse tipo, de sair do país e ver o que acontece em fóruns de discussões internacionais, tento abraçar o máximo de informações e insights que consigo. Mesmo que não use tudo por completo, me esforço para manter a cabeça vazia dos problemas que trago do Brasil para ouvir atentamente o que esse novo público tem a dizer.

Afinal, minhas leituras e experiências me mostraram que algumas das ondas macroeconômicas fluem da Europa para os Estados Unidos, em seguida vão descendo pela América Latina. Vejo como um movimento em forma de “7” ou “L” invertido, que indica o fluxo da nossa sorte (ou azar?) de podermos observar o impacto dessas ondas antes que arrebentem aqui no nosso litoral tropical.

Crédito: Divulgação

A própria escolha do IAB para o local do evento já mandava um recado. Nos encontramos em Marco Island, área que foi devastada por um furacão há poucos meses. Por lá, o clima é de reconstrução, que aparece refletida na comoção dos americanos ao verem o espaço reerguido e recebendo investimentos de grande magnitude.

Ao mesmo tempo que esse movimento de retomada da cidade traz esperanças, um clima de tensão pairava no ar, reflexo do fluxo de demissões em larga escala (os layoffs) nas big techs. É como uma previsão do tempo que aponta para dificuldades meteorológicas: a visão da maior parte dos dirigentes da indústria indica que enfrentaremos tempos difíceis.

Apesar do “climão”, só nos resta andar adiante, não é mesmo? David Cohen, CEO do IAB dos EUA, relembrou que uma forma que o setor da publicidade digital poderá superar essa temporada complicada é fazer o que os americanos chamam de “back to basics”, ou voltar ao básico. Confesso que soltei um sorrisinho nessa hora. Era algo que eu também já havia refletido no final do ano anterior Meus 3 pontos de atenção para a publicidade digital começar bem o ano, com a ideia de resgate do valor da publicidade. E para Cohen, que tem quase 30 anos de experiência no mercado, isso pode ser feito da maneira que sempre fomos ensinados a fazer, com o famoso, essencial e infalível foco no consumidor.

Outra prioridade apontada para o setor é a importância de continuar investimento em áreas que prometem crescer. Claro, não é fácil fazer isso em meio a um cenário de incertezas, mas não podemos abandonar o que tem dado resultado. Ou, em bom português, não é hora de jogar a toalha, mas de redobrar esforços e continuar jogando!

Os assuntos que viemos trabalhando nos últimos anos também continuam em alta. Temas como a melhoria da qualidade do setor, do conteúdo que a publicidade oferece e também a redução de anúncios invasivos e incômodos (que, cá entre nós, não são bons pra ninguém) também foram mencionados. Da mesma maneira, houve um reforço para que os profissionais testem e aprendam soluções novas, uma vez que já sabemos que as regulamentações se movimentam e se alteram globalmente. A nossa sorte (mais uma vez) é que temos certa vantagem, com mais tempo de adaptação e várias referências internacionais para nos inspirar.

Por fim, uma recomendação que ouvi em conversas nos EUA e que me pareceu bastante relevante é lembrar de apostar na colaboração e tentar ter algum controle sobre o que estamos fazendo. Aliás, essa palavra “controle” foi a que mais ouvi durante o evento, e faz sentido que ela esteja em destaque em um contexto de “aperto”. Se há algo que podemos fazer em meio a uma crise é controlar nossas ansiedades e “previsões apocalípticas” para nos esforçar em observar sinais reais, evitando dispersões. É preciso ter foco, além de força e fé.

Voltar ao Brasil, depois desse banho de insights e informações, é uma forma de revigorar o espírito para o ano que está só começando. Que a gente possa aproveitar o melhor das referências a que temos acesso, lembrando sempre de seguir em frente firmes, caminhando sobre as próprias pernas e atentos à nossa responsabilidade de criar um mercado cada vez melhor. Porque se as crises vêm em ondas, pode ser hora da gente se preparar para surfar.

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