O que as indústrias podem aprender com Web Summit 2022?

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Opinião

O que as indústrias podem aprender com Web Summit 2022?

Além das conversas com viés social e que precisam pautar a agenda de discussões não poderiam faltar os painéis voltados ao universo das redes sociais, novas plataformas, influenciadores e retail

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22 de dezembro de 2022 - 10h43

Crédito: Paulo Mumia

Crédito: Paulo Mumia

O Web Summit é um dos maiores eventos de tecnologia e inovação e a edição realizada neste ano teve a participação de mais de 70 mil pessoas, que lotaram Lisboa durante quatro dias. O público, quase majoritariamente feminino (42%), teve a presença de 160 países, e o Brasil chegou com a segunda maior delegação, com 25 palcos onde as atrações se dividiam. Talvez, a maior beleza desses festivais é que cada um escolhe uma trilha e acaba tendo uma visão e/ou reflexão diferente sobre o conteúdo.

Já conhecido por trazer assuntos geopolíticos, com certeza a participação surpresa de 2022 foi a da primeira-dama Ucraniana, Olena Zelenska (todo ano a abertura tem um nome que não é divulgado e, neste, valeu muito a pena esperar para ouvi-la). Foi um momento emocionante, por não dizer histórico, poder ouvir tanto sobre a guerra e como a tecnologia pode reconstruir o país e instaurar a paz.

Outro tema importante que apareceu entre as conversas foi abordado por Lisa Jackson, vice-presidente de Iniciativas Sociais e Ambientais da Apple, que refletiu como justiça social, equidade racial, diversidade e sustentabilidade também fazem parte do compromisso das grandes empresas para gerar impacto positivo na sociedade.

Mas, além das conversas com viés social e que precisam pautar a agenda de discussões, principalmente quando falamos de inovação, também não poderiam faltar os painéis voltados ao universo das redes sociais, novas plataformas, influenciadores e retail.

Abaixo, aprofundo um pouco mais sobre os principais pontos de reflexão que podemos deixar no radar como aprendizados e insights para estratégias de negócios futuras.

#1 Metaverso

Com a participação da Naomi Gleit, head de produto da Meta, o talk teve como objetivo baixar o “hype”, já que ninguém ainda tem muita propriedade sobre este universo. Ela compartilhou uma visão interessante da Meta: de que o metaverso vai acontecer com ou sem Meta. Foi um dos primeiros eventos em que presenciei tamanha transparência. As marcas estão testando e há muito PR em torno do tema, mas poucos cases rentáveis. Uma ótica de que para o metaverso acontecer é necessária a conexão de várias empresas.

Contudo, isso não significa que você deva abandonar os testes ou estar preparado para quando esse momento chegar. Afinal, quem vive correndo atrás de tendências já está atrasado. São aqueles 20% que deixamos para testar coisas novas e nos 80% garantimos dentro das nossas certezas, mas sem esquecer de preparar um horizonte pela frente.

#2 Criptomoeda

Changpeng Zhao, CEO da Binance, uma das maiores gestoras de criptomoedas, trouxe o ponto importante e necessário sobre a regulamentação para proteger os consumidores e incentivar a inovação.
Grande parte dos temas estava na “tokenizada” desses ativos e, também, nos digitais twins que ganham “duplicidade” do físico para o digital de carros e casas.
Porém, com a recessão eles veem as quedas como o mercado de ações, uma hora vai estabilizar.

#3 Clima e Sustentabilidade

Em meio à crise climática, Lisa Jackson trouxe o quanto precisamos buscar a comunidade para participar desse processo, já que eles têm dúvidas plausíveis sobre o quanto as empresas têm feito e com razão. Aqui, o desafio é fazer a mudança e não pensar apenas nos lucros. Em outra conversa, Alain Sylvain comentou que 80% dos consumidores preferem marcas com propósito, coerência e impacto, pilares que já fazem parte da estratégia de atuação da Unilever há alguns anos, por exemplo.

Inclusive, recentemente a companhia lançou a campanha “Cada U Faz o Bem”, que mostra como por meio de cada marca nós atuamos na busca por um futuro melhor para o planeta e para as próximas gerações. Além disso, também reforça como podemos transformar a comunidade em agentes da mudança, uma vez que escolhendo conscientemente produtos que gerem impacto positivo, ela já está contribuindo para um mundo melhor. É uma ação coletiva, como uma via de mão dupla – a gente daqui e as pessoas de lá – gerando um grande impacto.

#4 Novas plataformas

Assim como no SXSW, o TIKTOK continua sendo a revolução das plataformas, onde o modelo de história vira entretenimento e o protagonista são os seguidores da comunidade, que escalam o engajamento. Assim, acaba sendo um momento de descontração e quase uma terapia online.

A sua expansão em larga e rápida escala proporcionou uma jornada diferente do que as empresas estavam acostumadas e, consequentemente, uma mudança de rota nas estratégias digitais. Certamente, 2022 representou um grande marco e, principalmente no Brasil, as marcas passaram a adotar cada vez mais anúncios na rede, mas de forma que interrompa cada vez menos o conteúdo, e sim se integre a ele, gerando conversas mais naturais e que proporcionem maior conexão com os consumidores. Além disso, também é de extrema importância que o produto anunciado converse com a narrativa do influenciador, gerando mais credibilidade.

Na Unilever, por exemplo, temos a premissa de que o criador se reconheça na campanha ou ação, que aquilo faça sentido para ele, pois, consequentemente, fará sentido também para sua audiência e é como teremos melhores resultados. Outra plataforma que também deu o que falar ultimamente foi o Only Fans. A CEO da rede, Amrapali Gan, destacou que a plataforma não se resume somente a conteúdo adulto e explicou o modelo de monetização, em que o criador acaba ganhando mais do que a plataforma e, por isso, a rede vem crescendo muito com os creators.

A Geração Z foi um tema em 12 palcos diferentes e ele acaba sendo o maior consumidor dessas novas plataformas, eles já usam ela faz um tempo e eles buscam entretenimento com causas.

Por fim, independentemente da plataforma, um ponto de atenção que já é sabido e cada vez mais ganha força é o formato de conteúdo que explora experiências e não apenas o produto em si. A reflexão veio de Jessica Spence, presidente de uma das maiores marcas de bebidas, reiterando que as marcas precisam participar da vida do consumidor e relaxar junto com ele, para serem relevantes no momento de tomada de decisão no ato da aquisição .

#5 Retail

No que se refere ao varejo, temas que têm a tecnologia como essência levantaram um ponto de atenção para reflexão, como a automatização da logística “da fazendo ao prato”, avanços do quick commerce para se tornar sustentável e como a inteligência artificial pode ajudar as dark stores a entregar mais qualidade, tendo em vista o comportamento do consumidor.

Neil Pail , fundador da NP Digital e considerado pela Forbes um dos 10 melhores profissionais de Marketing, trouxe em seu painel a importância que a área de Pesquisa está assumindo dentro de e-commerces como a Amazon, já que hoje os consumidores fazem pesquisas e buscam opiniões sobre os produtos que desejam dentro da plataforma. Com isso, estão gerando uma oportunidade para a área de Mídia trabalhar com anúncios que entreguem uma boa experiência para o usuário e o conquistem ali, dentro do espaço do e-commerce em que estão navegando, colocando a prática de compras de palavras-chave dos concorrentes em um patamar ultrapassado.

Dentro do universo do varejo, uma das palestras mais aguardadas era da Shein, fenômeno global no e-commerce atualmente, mas foi um talk rápido baseado em como eles usam IA para Supply, Pesquisa, entre outras áreas. Também apresentaram um breve overview sobre projetos de economia circular aos quais estão se dedicando.

Dica bônus: tinha mais de 2500 startups que valem ficar de olho. Em grande parte dos pavilhões, era nítido o anseio pela inovação, contando com muita gente jovem com discursos inspiradores para melhorar o planeta. No site do evento é possível conhecer mais sobre as startups, inclusive as várias brasileiras que estavam presentes.

Concluindo, o interessante desses eventos é como eles acabam mudando nossa maneira de pensar e, quando voltamos, acredito que olhamos para nossos projetos e demandas de um jeito diferente, tentando inovar mais, sendo mais ágil, mais inclusivo e realmente relevante ao resolver o problema do consumidor. É uma jornada coletiva de como influenciamos outras pessoas, sejam das nossas empresas e/ou colegas, a serem agentes de mudança, já que inovação não deve ser um departamento e sim um mindset da indústria.

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