Opinião

O tarifaço pode redefinir o jogo da mídia programática no Brasil?

As mudanças podem acelerar a adoção de estratégias mais eficientes e orientadas por dados na publicidade

Edu Sani

CEO da AdsPlay 10 de setembro de 2025 - 6h00

Um dos temas mais comentados dos últimos tempos foi a implementação do tarifaço imposto pelos Estados Unidos sobre parte das exportações brasileiras com uma alíquota de 50%. Muitas indústrias devem ser impactadas, como o agronegócio, petróleo, gás, entre outros. Mas será que a publicidade brasileira irá ganhar ou perder com esse novo cenário?

O fato é que toda a crise gera oportunidades. E todas elas são sofridas, duras, muitas vezes sem aparente luz no fim do túnel, mas, de alguma forma, trazem muitos aprendizados e novas possibilidades. Quem não se lembra do case da Honda entre 2013 e 2014? Na contramão do mercado que perdia vendas, a montadora acelerou com lançamentos e novos investimentos, criando um modelo de negócio blindado à crise. E qual foi o resultado disso? A marca mostrou ser forte e confiável, com um legado de qualidade.

O tarifaço pode criar oportunidades internas no Brasil, com o aumento da oferta de produtos nacionais, devido à queda da demanda externa de certos itens, o que pode reduzir preços para o consumidor.
E na publicidade, quais são as oportunidades? Aumento de investimentos, já que, se a demanda doméstica cresce, as empresas tendem a investir mais em publicidade para capturar o mercado local, além de realocar orçamentos, o que pode ser um incentivo à mídia programática com maior foco em dados e segmentação para otimizar cada real gasto.

As mudanças podem acelerar a adoção de estratégias mais eficientes e orientadas por dados na publicidade. A mídia programática, com a sua capacidade de compra automatizada, segmentação precisa e otimização em tempo real, surge como caminho para maximizar o investimento diante de um cenário de maior volatilidade de tarifas e custos.

Por que a programática faz sentido agora?

Primeiro, porque há previsibilidade de custos. Lances em tempo real e ajustes automáticos ajudam a evitar desperdícios e a manter o CPA e o ROAS sob controle. Além disso, a alocação é baseada em dados. É possível direcionar investimentos para audiências qualificadas e hipersegmentadas. Por último, a mídia programática oferece governança e transparência, graças a dashboards claros, com dados de custos e métricas, o que fortalece a tomada de decisão dos anunciantes.

O tarifaço é uma realidade com a qual a indústria precisa lidar, já que faltou comunicação entre Brasil e Estados Unidos e o governo brasileiro não usou a diplomacia para resolver a questão. A mídia programática pode ser a ajuda que os anunciantes precisam para contar com um uso mais assertivo da mídia com menos desperdício de orçamento.