Qual seu sonho?
A capacidade de inovar passa pelo resgate de desejos pessoais para a materialização de propósitos coletivos
A capacidade de inovar passa pelo resgate de desejos pessoais para a materialização de propósitos coletivos
18 de março de 2024 - 18h41
Ao longo da Jornada no SXSW 2024, além de palavras chave e perguntas referentes a intencionalidades e aprendizados, pedi para algumas pessoas compartilharem seus sonhos. Alguns dizem sobre objetivos profissionais ou propósitos das organizações que representam e outros se desdobram até realizar que não sabem por onde começar a formular uma reflexão. Não são poucos os que fogem do vazio da ausência de desejar.
Constatando como a materialização dos sonhos estão distantes da ponta da língua e inacessíveis na consciência, refleti sobre a teoria de inovação de que o consumidor nem sempre sabe pedir o que deseja, reforçada por Michael Dell (Fundador e Presidente da Dell) em um dos últimos talks do festival. A fala de Michael chegou carregada pelo otimismo de uma lente que busca as oportunidades de expandir a humanização através da criatividade exigida pelos desafios de um mundo que parece mais perto do fim do que da euforia que guardam os começos.
É tão comum confundir otimismo com ilusão, como os anestésicos são tratados como caminhos para o despertar da consciência. De forma simples, porém difícil diante tantos e crescentes estímulos, a consciência está no estado de presença que favorece a ativação da sensibilidade humana e o resgate da capacidade de sonhar para ultrapassar os desafios que estão desencadeando o definhamento sistêmico do mundo – literalmente, pois 1 em cada 4 pessoas no Brasil sofre Burnout, de acordo com levantamento da USP. Nos resta jornar a busca pela nossa própria cura, acreditando na mesma capacidade de criação que nos trouxe até aqui, para enraizar oportunidades estimulantes de expansão ainda não visíveis das realidades que desejamos.
Este movimento de vivacidade e sobrevivência começa dentro de cada um de nós, na sustentação dos nossos próprios sonhos enquanto protagonistas, o que em escala, se conecta com manifestações coletivas quando compreendemos o princípio ecossistêmico de economias regenerativas: como pessoas, profissionais e organizações somos todos um e cada um é parte do todo. Isto é, a materialização do sonho de um é passo para a realização coletiva e vice-versa e, justamente, esta ponte entre propósitos pessoais e desafios coletivos está entre as maiores problemáticas relacionadas a falta de motivação e inércia em organizações que condicionam propósitos coletivos sem ancorá-los ao protagonismo de colaboradores e membros da comunidade em geral.
Também podemos enxergar este movimento de ecossistema como uma descentralização, o que se conecta com a sensação de alguns que comentaram que esta edição do SXSW 2024 pareceu menos tumultuada. O tempo acelerado, os espaços flexíveis e a circulação dinâmica são alguns dos aspectos que a vivência no festival ilustra, refletindo as transições macro de um estilo de vida que nos exigirá maior autonomia e protagonismo para fluir.
Segundo os autores e diretores de “Everything Everywhere All At Once”, Daniel Kwan e Scheinert, a fórmula para o protagonismo que exercitam e, consequentemente, traduz a autenticidade do que produzem, está na intersecção de coisas que não são obviamente conectadas, mas que justamente os representam.
A conexão de pontos e o resgate de paixões e sonhos estão entre os principais convites de um festival para criativos – todos nós! À medida que seguimos as nossas paixões, por mais distantes ou antagônicas que possam parecer, encontramos essa intersecção de dados e insights que representam o nosso protagonismo, colaborando para a diversidade e criatividade do todo, ao mesmo tempo em que ativamos a sede de desejar e a capacidade de materialização dos sonhos.
Este mood excitante das conexões é o que costuma ressoar para a maioria das pessoas que navegam presencialmente ou à distância pelo SXSW, mas é preciso lembrar que as viagens – incluindo as mentais – mexem com formações cerebrais – é muita energia bioquímica envolvida! Com o devido compromisso de manter aprendizados despertos, espaço e tempo de ócio favorecem a consolidação do que precisa ficar, antes de mais nada, nas transformações e realizações pessoais que reverberam em cenas de pertencimento – família, amigos, equipe, organizações!
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