“SXSW é sobre construção de repertório, que é a base da criatividade”
Em sua sexta vez no festival, Igor Puga acredita que o melhor do evento está nas situações culturais menos prováveis
Em sua sexta vez no festival, Igor Puga acredita que o melhor do evento está nas situações culturais menos prováveis
Isabella Lessa
8 de março de 2024 - 10h46
Esta é a sexta vez de Igor Puga no South by Southwest, mas a primeira em período sabático, depois de ter deixado o posto de CMO do Santander, empresa onde trabalhou por cerca de sete anos.
Profissional com trajetória permeada por passagens em diversas agências, a primeira visita de Puga ao festival ocorreu em 2010, quando respondia como diretor executivo e sócio da ID\TBWA, agência cofundada por ele.
De lá para cá, a indústria de comunicação e marketing obviamente se transformou, impactando os debates de eventos como o SXSW e, consequentemente, o tipo de busca dos profissionais da indústria nos painéis e nos arredores do Austin Convention Center.
A onda atual de CMOs que estão vindo para Austin é, na opinião de Puga, algo curioso, mas que ao mesmo tempo encontra paralelos no movimento que aconteceu em Cannes. Nesta entrevista, ele fala sobre a própria experiência no SXSW e sobre a busca dos profissionais de marketing no evento.
Meio & Mensagem – Cresceu o interesse dos CMOs no SXSW, na sua opinião? Por quê?
Igor Puga – Essa onda de CMOs indo pra lá e pra cá é bastante curiosa – Cannes teve movimento semelhante talvez uma década atrás. Creio que, na verdade, CMOs têm tido exigências cada vez mais específicas de pressão interna nas companhias em que trabalham, sejam de ordem comercial, de ordem tecnológica, e isso gera uma mistura de insegurança e necessidade de melhoria contínua. Penso que isso impulsiona que essa categoria profissional venha até Austin buscando respostas para suas demandas internas.
M&M – Qual é a sua visão sobre o SXSW atualmente?
Puga – Penso o festival como um grande arcabouço de generalidades. Historicamente, os painéis ou debates que mais me marcaram eram sempre muito distantes do setor de comunicação e publicidade. Claro que tecnologia sempre é transversal na pauta do SXSW, mas é encontrando situações culturais menos prováveis e painéis de ordem cultural onde penso estar o que existe de melhor no festival.
M&M – Você enxerga que existe uma busca comum de todos os CMOs no festival, independentemente da categoria em que atuam?
Puga – Acho que talvez CMOs de empresas de B2B tenham peculiaridades em seus roteiros e necessidades, mas eles são uma minoria bem específica. Agora quem trabalha com varejo de indústria ou serviço talvez procure não por disciplina técnica, mas por encontros que estudem e vislubrem públicos específicos. Há muito de comunidades, nichos, clustters no SXSW.
M&M – Que assuntos você vai acompanhar neste ano?
Puga – Vou acompanhar muito sobre moda/fashion e beleza. Como comentei, o SXSW é sobre construção de repertório que é a base do processo criativo e exploratório pra quem atua no nosso ramo. Vivendo tanto tempo no mercado financeiro não encontrei nada mais distante do meu dia a dia e conhecimento prévio que essas duas trilhas. Esse exercício de humildade sobre sua ignorância é a tônica do SXSW, dificilmente assisto qualquer palestra da minha área de domínio.
M&M — O que essas trilhas já te mostraram de mais interessante?
Puga — Encontrei bastante gente do mundo acadêmico e tenho histórico de surpresas positivas com painelistas que não são do mercado. Tem muito PhD que estuda moda e beleza em universidades como Stanford. Tem um mix interessante de muita gente que não representa o mercado de marketing ou de tecnologia, tampouco de grandes indústrias.
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