SXSW
SXSW traz olhares de esperança, receios e sentimentos diversos
Se por um lado a “destruição criativa” da Inteligência Artificial causa temor em muitos profissionais, por outro a pesquisa com organoides avança para buscar a cura de doenças
Se por um lado a “destruição criativa” da Inteligência Artificial causa temor em muitos profissionais, por outro a pesquisa com organoides avança para buscar a cura de doenças
20 de março de 2023 - 14h22
Crédito: GSPhotography/ Shutterstock
Austin – Nenhum diagnóstico sobre o futuro da tecnologia é totalmente certo ou equivocado. É contraditório, eu sei, mas a única certeza é a incerteza. As visões catastróficas, as realistas, as esperançosas… todas precisam ser baseadas em dados e evidências para apontar sinais e cenários de algo em constante transformação. Afinal, a melhor estratégia é estar preparado, não profetizar. Aqui no South By Southwest, o SXSW, um dos maiores festivais de criatividade e inovação do mundo, são múltiplos olhares para o futuro da Inteligência Artificial, blockchain, robótica avançada, computação quântica, realidade aumentada e virtual. E, principalmente, os impactos delas nos negócios e na sociedade.
Por aqui, muito se fala em “destruição criativa”, com impactos diretos em diversos empregos para posterior reconstrução na sociedade. Amy Webb, CEO do Future Today Institute e uma das atrações mais concorridas do evento, trouxe vários alertas e um certo catastrofismo em torno das IAs, ao apresentar o famoso Tech Trends Report, um relatório com 666 (número sugestivo) tendências. Para a futurista, as IAs generativas vão se desenvolver em velocidade muito além da imaginada nos próximos anos e nos envolver de forma cada vez mais agressiva. A convergência entre Web3, Computação em Nuvem e Inteligência Artificial, segundo Ammy, desencadeará uma reformulação dos negócios e da sociedade. “A internet como a conhecemos não existe mais”, declarou.
Webb desenhou dois cenários para o ano de 2033. O otimista tem IA centrada nas pessoas e gerenciamento de dados voltado para o bem comum, em uma configuração transparente e descentralizada, com o compartilhamento de dados opcional. Já o catastrófico é onde nossas pegadas digitais são constantemente transformadas em modelos, levando a curadoria e recomendações agressivas, em vez da verdadeira escolha do usuário. Nele, somos cercados por informações, e elas nos impedirão de obter o que realmente buscamos.
Ainda no tema dos avanços, uma palestra do SXSW em especial foi de “estourar os miolos”. O trio de representantes do CESAR, o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife, parte integrante e instituição âncora do Porto Digital, formado por mim, Beto Macedo (diretor Executivo de Operações) e Flávia Nascimento (head of growth América do Norte), teve a oportunidade de conhecer as pesquisas de Alysson Muotri. Diretor do programa de células-tronco do Instituto de Medicina Genômica, da Universidade de San Diego, o professor e o time liderado por ele estavam crescendo organoides a partir de células humanas, para inferir o efeito de novas drogas no desenvolvimento cerebral de fetos.
Organoides são estruturas tridimensionais criadas em laboratório para imitar características e funções de um órgão ou tecido específico. Pois bem… uma determinada variação da pesquisa levou a equipe a organoides que desenvolveram um padrão similar à atividade cerebral de recém-nascidos. Ao conectá-los a robôs, estes aprenderam a andar!!! O potencial da pesquisa é gigante, e até a Nasa entrou no jogo. A agência espacial cresceu organoides em microgravidade que, ao retornarem à Terra, envelheceram muito mais rapidamente. Booom! Temos agora organoides para testar medicamentos para doenças como Alzheimer e Parkinson.
Perguntei ao Dr. Alysson se os organoides poderiam ser usados para reparar partes danificadas do cérebro humano. A resposta: “Os testes em cobaias são muito promissores”. Imagine o que isso representa para alguém com paralisia cerebral.
Em dez dias, as mais de 350 conferências nas 25 trilhas de conteúdo do SXSW nos despertam sentimentos diversos: reflexão, esperança, medo, entusiasmo. Trazem ideias, provocações, perspectivas. Como diz aquela canção, o que aconteceu ainda está por vir. E o futuro não é mais como era antigamente.
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