Opinião

A oportunidade da lacuna de gênero no uso de IA

Quando a inteligência artificial encontra sensibilidade, as mulheres podem estar diante de uma vantagem competitiva

Iza França

Jornalista e Relações Públicas 31 de outubro de 2025 - 10h16

(Crédito: Shutterstock)

(Crédito: Shutterstock)

Durante décadas, as mulheres foram maioria nas conversas sobre comportamento, influência e tendências. Mas quando o assunto é inteligência artificial, os números mostram que estamos um passo atrás e isso abre uma brecha preciosa para virar o jogo.

Um estudo da Harvard Business School apontou que as mulheres são cerca de 22% menos propensas a usar ferramentas de IA generativa do que os homens. A Deloitte confirma: em 2023, apenas 11% das mulheres nos Estados Unidos relataram usar inteligência artificial para além da experimentação, enquanto entre os homens o número era de 20%.

Mesmo assim, a curva está mudando rápido. Em 2024, o uso feminino subiu para 33%, contra 44% entre os homens. A previsão da Deloitte é de que, até o fim de 2025, a adoção entre mulheres iguale ou ultrapasse a masculina.

Os dados não falam apenas sobre tecnologia. Eles revelam o reflexo de um comportamento histórico: a confiança em usar, testar e se expor ao erro ainda pesa de maneira desigual. Mulheres tendem a subestimar o próprio domínio sobre ferramentas novas, especialmente quando o ambiente é técnico, competitivo ou masculino. E é justamente nesse ponto que está a oportunidade.

A inteligência artificial não exige saber programar. Ela demanda curiosidade, repertório e sensibilidade, três atributos que as mulheres, em geral, têm em abundância. A diferença não está no potencial, mas na autorização interna para ocupar esse espaço.

As ferramentas generativas estão transformando o jeito de criar, planejar, analisar dados e até de pensar. Dominar essas possibilidades não é mais diferencial, é sobrevivência. Mas quem se apropria delas com autenticidade, transformando IA em aliada de propósito, ganha protagonismo. É o caso das profissionais que já usam IA para automatizar processos, criar narrativas mais empáticas ou ampliar o alcance de projetos sociais.

Por que esse é o momento para virar o jogo

– A IA generativa já não é futurista — está transformando criação de conteúdo, automação, análise de dados, modelos de negócio e inovação. Quem dominar essas ferramentas primeiro ganha tração;

– As mulheres trazem repertório, sensibilidade, comunicação e empatia — qualidades que se sobrepõem à simples operacionalidade da tecnologia. Quando a IA é usada com sensibilidade, a combinação se torna diferenciadora;

– A previsão da Deloitte é de que, nos EUA, a adoção entre mulheres igualará ou até ultrapassará a masculina até o final de 2025. Ou seja: estamos em uma curva acelerada, e quem entrar agora, entra com vantagem.