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Histórias de sororidade: Mulheres que apoiam mulheres

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Histórias de sororidade: Mulheres que apoiam mulheres

Laura Chiavone, Luana Génot, Miriam Shirley e outras lideranças femininas contam quem foram as mulheres que fizeram a diferença em suas trajetórias 


5 de abril de 2024 - 11h52

“Existe um lugar especial no inferno para mulheres que não ajudam outras mulheres”. Esta frase foi dita por Madeleine Albright, ex-secretária de estado dos Estados Unidos, ao apresentar a primeira candidata mulher à presidência do país, Hillary Clinton. O resultado da eleição não favoreceu Clinton, mas tanto a candidata quanto Albright foram importantes para abrir as portas para que mais mulheres pudessem, e possam, ocupar a Casa Branca.  

O pensamento se aplica a todos os espaços em que as mulheres podem estar, principalmente quando falamos do mundo corporativo. Hoje, as mulheres ocupam 37% dos cargos de liderança sênior das empresas no Brasil, de acordo com relatório da consultoria Grant Thornton. Já entre CEOs, elas são 17% das presidentes de empresas, segundo o “Panorama Mulheres 2023”, do Talenses Group com o Insper. 

A pesquisa também destaca um crescimento dos números de mulheres em cargos de liderança entre 2019 e 2022. Tal avanço vai de encontro com a máxima de Albright: cada vez mais mulheres estão engajadas com o aumento da representatividade feminina em seus setores. Outro estudo da KPMG ressaltou que 54% das mulheres no Brasil têm uma candidata feminina na linha de sucessão para seu cargo. 

Pensando nisso, reunimos depoimentos de mulheres que foram impulsionadas por outras profissionais, ou, ainda, que apoiaram e ‘puxaram’ mulheres para avançarem em suas carreiras.  

Aquela que é mentora, amiga e companheira 

Laura Chiavone, head de agências da Meta, sobre Roberta di Pace, diretora de operações da NCC1701.ag

Laura Chiavone (Crédito: Vivian Koblinsky)

Em 2013, iniciei o MBA da Berlin School of Creative Leadership na Alemanha para avançar na minha carreira. Sabia que encontraria um excelente conteúdo, mas o que eu não tinha ideia eram as pessoas extraordinárias que iria conhecer e que mudariam minha trajetória para sempre. Entre elas, conheci a Roberta di Pace, publicitária brasileira renomada e de grande contribuição para nosso mercado. Adotei a Roberta como mentora e ganhei uma grande amiga. Juntas, viajamos o mundo e vivenciamos coisas incríveis, desde aulas de teatro em Berlim até um terremoto no Japão. 

Além de todo aconselhamento profissional a partir de uma bagagem incrível como executiva, empreendedora e mãe de três, posso afirmar que os conselhos da Roberta me impulsionaram para os saltos que dei nesses últimos dez anos. Me inspiro muito na competência, integridade e graciosidade com que a Rô é efetiva em tudo o que faz. E digo mais: se não fosse por seu apoio incondicional, não teria conseguido concluir e defender minha tese de mestrado agora no final de 2023. Sou profundamente grata pelo nosso caminho juntas e animada por tudo o que temos pela frente.

Aquela que abre portas 

Miriam Shirley, CEO da Sapient, sobre Laura Reis, atual presidente da PMX Brasil, e Camila Takamoto 

Miriam Shirley (Crédito: Divulgação)

Durante minha jornada profissional, não tive o privilégio de contar com uma liderança feminina que me inspirasse ou que visse em mim alguém com potencial de crescimento. Na verdade, fui uma das pioneiras a alcançar o cargo mais alto dentro de uma agência publicitária. Fui CEO por 7 anos, e nos últimos tempos tive o privilégio de trabalhar com duas mulheres maravilhosas, altamente profissionais e inteligentes, que expressaram para mim a frustração de estarem preparadas para um cargo que foi concedido a um homem. 

Gostaria de mencionar aqui Laura Reis, atualmente Presidente da PMX Brasil, um orgulho que tive em apoiar. A outra, Camila Takamoto, foi meu braço direito e esquerdo, já que ela liderava a área de gestão de pessoas. Uma mulher extremamente competente, com visão estratégica, de negócios e cultural, que junto a mim, possibilitou o lançamento de várias empresas com um olhar sempre humano. Tive o prazer de apoiá-la em outros desafios, os quais ela atualmente lidera com sucesso.

Aquelas que nos conectam em redes 

Luana Génot, fundadora e CEO do ID_BR, sobre Leila Velez, CEO do Beleza Natural, e Márcia Silveira, head de diversidade e inclusão da L’Oréal Brasil

Luana Génot (Crédito: Fernando Torquatto)

Só estou aqui, nesta posição de carreira, porque fui puxada por outras tantas mulheres que me apoiaram. Quero mencionar quatro nomes que foram muito importantes pra mim. A Leila Velez, CEO do Beleza Natural, que foi minha mentora lá atrás e me disse: ‘Luana, você precisa ter uma consultoria para falar sobre diversidade e inclusão’. Na época, pilotei um modelo de negócios e o ID_BR passou a ser uma organização sem fins lucrativos que prestava esse suporte para as empresas desenvolverem seus planos de inclusão.  

Outro nome importante foi a Márcia Silveira, head de diversidade e inclusão da L’Oréal Brasil, que influenciou para que meu nome fosse indicado em conselhos. Menciono também a Luiza Helena Trajano, presidente do conselho de administração do Magazine Luiza, que me deu um palco quando eu estava começando o Instituto para apresentá-lo para o Mulheres do Brasil, grupo que ela preside. Por fim, destaco a Sônia Reis, que me conectou a outras mulheres para que eu aumentasse a minha rede de contatos. Agora, também me dedico a abrir caminhos para outras mulheres, servindo de inspiração para abrir portas e conexões. Temos mais de 200 fellows no ID_BR, em que mais de 60% são mulheres. 

Aquela que propulsiona a criatividade 

Renata Leão, ECD David, sobre Sylvia Panico, COO global da David 

Renata Leão (Crédito: Divulgação)

Minha história é com a Sylvia Panico, COO global da David. Lembro até hoje exatamente o que senti no dia em que recebi uma breve mensagem perguntando se eu teria interesse em bater um papo com ela. Mesmo se aquela troca de palavras não desse em nada, só a possibilidade já me serviu de fortíssima validação profissional. Afinal, a David sempre foi – pelo menos para mim – uma agência extremamente desejada. Naquele momento, Sylvia se posicionava firmemente como a gestora excepcional que é, confiando e encaminhando uma liderança feminina em um dos mais altos cargos de criação de sua agência. 

Ela é esse tipo de liderança essencial, que ajuda a manter a marca David como uma potência de reputação criativa forte no mercado brasileiro (e global), e muito disso é alimentado pela cultura que ela pratica diariamente por todas as frentes da agência. Estimulando ideias corajosas, nos desafiando como criativos e executivos da empresa, e nos oferecendo espaço e voz na tomada de decisões. Por isso, dedico minha gratidão a ela e a oportunidade que ela me ofereceu, não apenas ao fazer o convite, mas também por me fazer viver os anos mais felizes e prósperos em toda a minha carreira.

Aquela que te representa 

Viviane Elias Moreira, executiva de alta gestão e resiliência corporativa, sobre Paula Salles, especialista em Diversidade em plataforma de streaming

Viviane Elias Moreira (Crédito: Divulgação)

Sempre procurei replicar o que mulheres inspiradoras que passaram na minha vida fizeram por mim. Acho que dessas histórias de empoderamento, uma das que eu mais me orgulho foi a contratação da Paula Salles, uma negra periférica, na época, jovem aprendiz. Eu a conheci num programa escolar chamado Junior Achievement, em que ela passou um dia no escritório de uma seguradora em que eu trabalhava, acompanhando um executivo. Quando tivemos a oportunidade de contratar um jovem aprendiz, consegui que ela fizesse uma entrevista. A Paula foi muito bem, se destacou e contra algumas forças internas da empresa, e consegui contratá-lá.  

Hoje, é uma das jovens potências 30+, especialista em inclusão na Netflix, e sempre diz o quanto essa primeira oportunidade fez a diferença. Foi a primeira vez na vida em que ela viu uma mulher preta sentando numa cadeira executiva, dando uma oportunidade para uma outra menina. Isso diz muito sobre a minha história, que também começou assim. Uma subir e puxar a outra, principalmente no que tange à representatividade de mulheres pretas, pode fazer a diferença para essas meninas, que são marginalizadas e não vistas por suas potências.

Aquela que acolhe em momentos difíceis 

Gláucia Montanha, CEO Artplan SP e CEO da Convert Digital Business, sobre Manzar Feres, diretora de negócios integrados em publicidade da Globo 

Gláucia Montanha (Crédito: Divulgação)

Estava há 17 anos em um dos maiores grupos de comunicação do mundo, com uma carreira consolidada, e não conseguia me ver em outra empresa. Foi quando conheci o Grupo Dreamers, uma empresa nacional e independente, com valores centrado nas pessoas. De início, me parecia quase que uma armadilha. Foi quando recebi o incentivo de uma mulher muito especial, a Manzar Feres, diretora de negócios integrados em publicidade da Globo.  

Lembro-me de estar no meio de uma negociação, e ela teve a sensibilidade de me perguntar se eu estava bem, no que respondi que estava com uma proposta em mente. Ela simplesmente encerrou a reunião e me ajudou a organizar meus pensamentos. Ela não decidiu por mim: me empoderou para reconhecer o que eu realmente queria. Nesse momento, surgiu uma amizade e um amor incondicional por ela.  

Organizei meus pensamentos e fiz minha escolha. Passaram 3 anos, e me tornei CEO da Artplan SP e da Convert, e no final de 2022 recebi o convite para ser uma das duas primeiras mulheres a ingressar no board da holding.

Aquela que acredita no seu potencial 

Vanessa Gordilho, VP de Marketing da Vibra Energia, sobre Fabrícia Navarro, coach 

Vanessa Gordilho (Crédito: Divulgação)

Eu estava num momento de transição bem complicado. Foi uma fase difícil em que eu tinha acabado de perder a minha mãe, me sentia fragilizada e desacreditada no meu potencial. Eu sonhava em mudar de carreira, em trabalhar em uma empresa que fosse referência no mercado, que tivesse um propósito alinhado ao meu e que me estimulasse. Mas achava que esse sonho era impossível, que eu não tinha competência. Foi nesse momento que eu conheci a Fabricia Navarro, uma coach que mudou a minha vida.  

Ela me viu como ninguém me via. Acreditou em mim como ninguém mais acreditava e literalmente me puxou para cima. Ela me mostrou que eu podia ser quem quisesse, fazer o que quisesse, chegar aonde quisesse. Ela me ensinou a ter disciplina, foco, estratégia e coragem. Me orientou a construir minha rede de contatos, a me preparar para as entrevistas e me destacar dos demais candidatos. Ela me deu apoio emocional, me ouviu, me consolou, me motivou.   

Graças à Fabrícia, consegui realizar meu sonho de trabalhar na Mastercard, uma das maiores empresas do mundo no ramo de pagamentos. Hoje, sou eternamente grata a ela, por ter sido minha luz, minha guia, minha parceira. Quero compartilhar a minha história com todos vocês, para mostrar que não há sonho impossível quando se tem alguém que te ajuda a transformá-lo em realidade.

Aquela que te complementa 

Ju Ferraz, Sócia, diretora de negócios e RP da Holding Clube, sobre Priscila Pellegrini, diretora de operações da Holding Clube 

Ju Ferraz (Crédito: Divulgação)

Uma mulher que me incentivou a me tornar uma liderança foi minha sócia na Holding Clube, Priscila Pellegrini. Ela já fazia parte do board do grupo, e mesmo que eu também tivesse o apoio dos outros sócios, ela foi fundamental nesse processo de crescimento. A Priscila me via não só como uma executiva de sucesso, mas também como uma mídia potencializadora de conteúdo para a Holding. 

Gosto de falar que somos opostos complementares. A Pri é uma mulher genial e incrível, uma das maiores e melhores profissionais de comunicação. Eu me sinto muito potente e forte ao lado dela, pois ela é fora da curva. Então, todos os dias, nós duas exercemos esse poder e união em potencializar uma à outra.

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