Opinião

Inovação no marketing é compromisso

Para mim, inovar continua sendo sobre algo simples e essencial: lidar com o que ainda não existe

Camila Novaes

Diretora de marketing da Visa 12 de novembro de 2025 - 11h10

(Crédito: Shutterstock)

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Inovação é uma palavra que se repete tanto no mercado que, às vezes, corre o risco de perder o sentido. Mas, para mim, ela continua sendo sobre algo simples e essencial: lidar com o que ainda não existe. É o exercício diário de transformar uma necessidade em solução, uma dor em oportunidade. No marketing, isso significa ir além da tecnologia e dos formatos, e voltar a olhar com atenção para as pessoas, suas jornadas e seus contextos.

O marketing de hoje é cada vez mais granular. Saímos do olhar limitado de gênero, idade ou classe para compreender comportamentos, atitudes e motivações. E é justamente nessa complexidade que mora a inovação. Em traduzir dados, insights e escuta em ações que façam sentido para o consumidor e para o negócio. Porque inovar não é inventar por inventar, é conectar propósito e resultado.

No setor de meios de pagamento, essa mentalidade se reflete na forma de construir pontes. O papel dessas empresas é ser um elo entre marcas, emissores, fintechs e consumidores, e é nesse cruzamento de jornadas que as grandes ideias surgem. Foi assim em projetos de mobilidade urbana, que uniram inclusão, segurança e tecnologia para expandir o pagamento por aproximação no metrô, ou em experiências criadas com parceiros de bancos e entretenimento, que seguem evoluindo com o mesmo espírito colaborativo.

A inovação, afinal, nasce do encontro entre o desafio do cliente e a escuta ativa das equipes. É sobre ouvir de verdade (e isso começa no briefing). Escutar as dores e ambições de cada parceiro é o que permite co-criar soluções que unem criatividade e eficiência, marketing e negócio. Esse olhar atento é o que transforma campanhas em experiências e dados em decisões inteligentes.

Falando em dados, eles são hoje uma das formas mais poderosas de escuta. Na Visa, por exemplo, a inteligência gerada por bilhões de transações ajuda a compreender tendências e antecipar comportamentos, sempre com responsabilidade e propósito. São essas leituras que permitem construir campanhas mais relevantes, como quando se identificou que um grande percentual dos clientes de um banco tinham o sonho de viajar a Orlando, e essa descoberta se transformou em uma ação que uniu desejo e brasilidade em uma só narrativa.

Mas inovar também é saber o que não deve ser automatizado. Num mundo onde a atenção se tornou um dos bens mais disputados, o verdadeiro diferencial está em saber parar, observar e se conectar genuinamente. O profissional de marketing do futuro (e do presente) precisa equilibrar repertório, sensibilidade e curiosidade. Estar atento às transformações culturais e às sutilezas que nenhuma inteligência artificial será capaz de sentir.

Gosto de lembrar de um verso do rapper Sabotage: “O rap é compromisso”. Em um contexto completamente diferente, ouso dizer que inovar também é. É compromisso com a transformação, com a autenticidade e com o ouvir. É ter coragem de olhar para o novo sem perder a essência. E é isso que move marcas e me move como profissional: fazer da inovação não um discurso, mas uma prática diária, humana e verdadeira.