Luz e Calor
Uma das primeiras observações que fiz quando cheguei aqui em Estocolmo, na primavera de 2021, é como nenhum raio de sol é desperdiçado
Uma das primeiras observações que fiz quando cheguei aqui em Estocolmo, na primavera de 2021, é como nenhum raio de sol é desperdiçado
12 de agosto de 2022 - 11h46
Luz e calor. Escrevo estas duas palavras e me sinto como uma semente, recém-plantada num vaso e que agora só precisa desses dois elementos para germinar.
O tema original pensado para este artigo de hoje era férias de verão, mas já falei aqui sobre a diferença não só na quantidade de dias de férias entre o Brasil e a Suécia, mas também em termos de formato. Resumidamente, o número de dias úteis de férias garantidos por lei na Suécia são 25, e os empregadores podem oferecer mais dias como benefício. E, o hábito, na maior parte da Europa, é de a maioria das pessoas sair de férias ao mesmo tempo. Claro que no Brasil existe também um pico de recesso durante as férias escolares e o Carnaval, mas existe uma preocupação maior para que muitas pessoas do mesmo time não estejam ausentes no mesmo período. Isso só acontece em caso de férias coletivas, e entendi que por aqui isso não existe.
Pensei em expandir para falar sobre o verão. Não sobre férias de verão especificamente, mas sobre o verão como um todo. Uma das primeiras observações que fiz quando cheguei aqui em Estocolmo, na primavera de 2021, é como nenhum raio de sol é desperdiçado. Se tem sol, as pessoas estão nas ruas, nos parques (que aqui são inúmeros) e na beira da água, pois como estamos falando de uma cidade formada por ilhas, são muitas as orlas e mini-prainhas.
Então me dei conta de que não era sobre o verão — era sobre luz e calor. E a maior prova disso é a comemoração do Midsommar, o solstício de verão, o dia mais longo do ano. O Midsommar o feriado mais esperado do ano. O solstício em si acontece por volta do dia 20 de junho e o feriado é na sexta-feira anterior. Nesta data, dá-se início à temporada da fertilidade e as comemorações tradicionais envolvem danças ao redor de um totem um tanto quanto fálico, coroas de flores em homens e mulheres de todas as idades, músicas engraçadas – sendo a mais famosa delas sobre sapos – e muitos snaps, além de aguardente local à base de centeio, trigo ou cevada.
Esta celebração da luz e do calor foi o que mais me chamou a atenção. Não que seja exclusiva. Festas e festivais de verão são comuns em qualquer lugar, mesmo num país tropical como o Brasil. Mas ver pessoas paradas na rua simplesmente com o rosto voltado para o sol, fazendo fotossíntese, nem tanto. É um hábito curioso e foi imediatamente adotado.
Luz e calor fazem florescer sorrisos e gentilezas. Fazem os suecos muito bem em sair de férias todos ao mesmo tempo e aproveitar este momento. Isso me faz lembrar que é também bastante comum ver estabelecimentos menores ou familiares fechados para férias. Lojas, restaurantes, escolas e estúdios de qualquer tipo fecham muitas vezes por mais de um mês. Claro que existe toda uma questão de leis trabalhistas e que a mão de obra temporária adicional pode custar bastante caro. Mas, de certa forma, me faz feliz pensar que é uma sociedade que valoriza sua qualidade de vida e que micro e pequenos empresários saem também de férias, ainda que isso possa significar uma queda no faturamento anual e uma frustração para seus clientes.
Dizem que a falta de algo é o que nos chama atenção para o seu valor. Vivemos aqui 5 meses bem escuros e frios. Luz, calor e vitamina D são necessidades. Mas se permitir aproveitar ao máximo os lindos dias de verão, isso é sabedoria.
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