Nos bastidores com Rafa Brites: carreira e responsabilidade social

Buscar
Publicidade

Inspiração

Nos bastidores com Rafa Brites: carreira e responsabilidade social

A ex-apresentadora da Globo encontrou nas redes sociais uma maneira de impulsionar e empoderar jornadas femininas


30 de outubro de 2023 - 11h14

Rafaella Brites é apresentadora, escritora, palestrante e criadora de conteúdo (Crédito: Divulgação)

Rafa Brites ficou conhecida quando, em 2014, cativou a audiência como repórter do “Mais Você”. Um ano depois, despontou mais ainda no comando dos palcos do programa “Superstar”. Por trás das telas, Rafaella é formada em Administração de empresas e tem pós-graduação em Neurociência e Comportamento. Mas, apesar da fama televisiva, sua jornada na Globo foi apenas o começo de uma carreira multifacetada. De repórter e apresentadora, ela virou escritora, palestrante e criadora de conteúdo digital. Caminho onde encontrou sua verdadeira paixão: empoderar mulheres a serem corajosas, independentes e determinadas. 

Nesta entrevista ao Women To Watch, Rafa Brites fala sobre seu posicionamento e propósito nas redes sociais, e em como isso reflete na sua relação com as marcas. Além disso, a influenciadora discute sobre o papel social de empresas e criadores de conteúdo e como a reputação de ambos é desenvolvida nessa relação simbiótica. 

De onde surgiu a motivação para escrever o seu livro “Síndrome da impostora: Por que nunca nos achamos boas o suficiente”? Você já passou por uma situação semelhante? 

Decidi escrever sobre isso porque percebi que muitas pessoas não têm consciência do impacto prejudicial da síndrome da impostora. É comum que elas acreditem se tratar de um problema individual, relacionado à insegurança ou à falta de autoestima. No entanto, eu senti a necessidade de mostrar que essa é uma questão estrutural e social, especialmente ligada ao gênero e também à raça, entre outros fatores. A sociedade nos faz acreditar que não somos capazes, que não pertencemos, que somos insuficientes. 

Essas situações ocorrem diariamente em nossas vidas, desde o momento em que uma mulher tenta tirar sua carteira de motorista, faz uma baliza na frente de um bar, se candidata a uma vaga de emprego ou pede um aumento salarial. Essas experiências acabam minando nossa confiança em nossas próprias habilidades, devido à constante mensagem da sociedade de que não somos capazes. 

Você está à frente do Transformando sonhos em realidade (TSER), uma plataforma de desenvolvimento pessoal. De onde surgiu sua ideia e motivação para lançar essa metodologia? 

Desenvolvi um curso estruturado em seis etapas para capacitar mulheres a perseguirem seus sonhos. A metodologia é baseada no framework “self-management leadership” (liderança de autogerenciamento, em livre tradução), que eu adaptei para uma linguagem acessível. Durante essas etapas, as mulheres criam sua própria apostila e desenvolvem um plano estruturado para alcançar seus objetivos.  

Tenho experiência nisso desde os 11 anos, quando comecei a aplicar o método com a minha família. Meus pais me incentivaram desde cedo a planejar meus sonhos e a entender nossa família como uma equipe, algo que empresas e agências fazem com frequência. Esse processo foi fundamental para minha autoestima e para tomar aminhas decisões. Ter meus objetivos escritos e discutidos entre família é crucial, porque isso proporciona clareza e direção. 

Em suas redes sociais, você também se define como uma “influenciadora de jornadas”. O que isso significa? 

Minha intenção é incentivar as pessoas a refletirem sobre como podem se tornar as melhores versões de si mesmas. Quero ajudar as mulheres a ganhar mais dinheiro, sair de relacionamentos tóxicos e prosperar em seus empregos. Além disso, busco sensibilizar as pessoas sobre a necessidade de mudanças nas políticas públicas para alcançar maior equidade de gênero e justiça. 

Por isso, me considero uma ‘influenciadora de jornadas’. Não é apenas sobre mostrar produtos, mas sobre criar conteúdos que ressoem. Minha esperança é que, ao assistirem meu conteúdo, as pessoas possam se lembrar dele em momentos difíceis, sentindo força para seguir adiante. Não se trata de ser uma guru ou uma figura paternal, mas de compartilhar conhecimento. Então, se minhas palavras puderem ajudar alguém em algum ponto de sua jornada, isso já me traz uma imensa satisfação. 

Como é sua relação com as marcas? Você costuma participar do processo de criação? 

Para mim, as empresas desempenham um papel fundamental como agentes de transformação na sociedade. Sabemos que vender é essencial para a saúde delas. No entanto, elas têm o potencial de serem muito mais do que isso. Podem proporcionar reflexões profundas, por exemplo, e têm o poder real de causar mudanças, tanto na forma como encaram o planeta quanto na maneira como comunicam seus produtos.  

Por isso, é fundamental para mim colaborar com as empresas nesse aspecto. Quero auxiliá-las. Não apenas as organizações, mas também as agências, especialmente durante as campanhas. Muitas pessoas estão observando tudo o tempo todo, e essas mensagens têm um impacto transformador real, principalmente questões como diversidade e sustentabilidade. 

E nessa relação com as empresas, você busca algo em específico? Com quais marcas você se relaciona? 

Acredito que hoje em dia desempenho um papel muito mais ativo ao escolher as marcas que consumo e acredito. A partir disso, faço propostas às empresas. Obviamente, muitas me procuram devido à minha postura e às minhas crenças. Tenho muito orgulho de trabalhar com empresas como Dove e Nike, por exemplo, porque sei que, entre tantas opções, elas me escolheram devido à nossa afinidade de comunicação e valores.  

Em relação a me entender como uma marca, tudo se resume à comunicação, especialmente nas redes sociais. Meus trabalhos vão além da minha vida pessoal, embora estejam intrinsecamente ligados a ela e ao meu cotidiano. Assim como as marcas, desenvolvo minhas próprias estratégias, principalmente no conteúdo que compartilho. Tudo é pensado meticulosamente, acreditando que isso terá um impacto significativo nos meus seguidores, porque eu respondo por aquilo que comunico. Trabalho na internet, e isso traz responsabilidades. 

Você teria algum conselho para as influenciadoras que estão começando agora? De que forma elas podem se destacar e crescer? 

Acredito que, para quem está começando, o mercado é vasto, mas a maior parte do dinheiro ainda está concentrada nas mãos de poucos influenciadores. O que acontece é que muitas pessoas querem começar e crescer, mas às vezes ficam esperando as marcas se aproximarem delas. Esperam ser escolhidas. 

Os influenciadores deveriam adotar uma abordagem mais proativa, criando e propondo projetos. Ao longo dos meus anos como influenciadora, vivi muitos casos de sucesso ao propor ideias para as empresas, que se tornaram parcerias bem-sucedidas. Por exemplo, durante minha fase de amamentação, propus para a Renner fazer uma foto minha com um macacão manchado de leite materno. Muitas mães passam por isso, então, por que não mostrar a realidade?  

Na campanha das Mães da Loungerie, propus mostrar minha cicatriz de cesariana, algo que muitas mulheres têm, mas raramente é retratado na mídia. Com a Nestlé, sugeri mostrar todo o processo de produção das papinhas, desde a colheita dos vegetais até o produto final, para comprovar que não continham conservantes, algo que era importante para mim como mãe. 

Essas campanhas foram bem-sucedidas, principalmente devido à confiança das empresas na minha narrativa e ao fato de eu confiar nelas também. Trabalhar com sinceridade e transparência é essencial. É sobre falar com autenticidade com seus seguidores e trazer a verdade para suas narrativas.

Isso é muito importante, essa construção da reputação junto à empresa parceira. 

Hoje em dia, quando sou contratada para uma campanha, é mais fácil definir o preço para um Reels, um Combo ou um Feed. Isso não requer muito tempo. No entanto, faço questão de agendar uma chamada. Quero saber quem está comigo nessa campanha e se existe representatividade. Não aceito participar de projetos que não tenham diversidade. Sinto-me desconfortável em fazer uma campanha em que não vejo todas as mulheres sendo representadas ao meu redor.  

Por isso, sempre peço à minha equipe para pesquisar sobre a empresa, e não aceito trabalhos com aquelas que não estejam alinhadas com meus valores. Fui política em meu posicionamento e perdi oportunidades de trabalho por conta disso, mas não me arrependo. Estou falando com meus seguidores, e isso é algo sério para mim. Prefiro não ganhar dinheiro imediatamente do que perder minha credibilidade no futuro. 

Publicidade

Compartilhe

Veja também

  • Inaiara Florêncio: educação e inquietude na publicidade 

    Inaiara Florêncio: educação e inquietude na publicidade 

    A jornalista acaba de se tornar CEO da Oju, braço de inovação e marketing de conteúdo da agência Gana 

  • Lideranças femininas lançam videocast de negócios

    Lideranças femininas lançam videocast de negócios

    Samantha Almeida, Viviane Duarte, Raquel Virgínia e Helena Bertho receberão convidadas para inspirar mulheres a partir de suas trajetórias