O poder do sponsorship e a responsabilidade de retribuir
No fim, o que fica não são os cargos nem os prêmios, mas as pessoas que acreditaram em nós e aquelas em quem tivemos a coragem de acreditar

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Em toda trajetória profissional, existe um momento em que o talento e o esforço não bastam. Por mais que a gente trabalhe, estude e se dedique, chega uma hora em que é preciso algo mais: alguém que acredite na gente o suficiente para abrir caminhos. É aí que entra o papel do sponsor: aquela pessoa que enxerga o seu potencial, fala o seu nome em espaços onde você ainda não está e te impulsiona em direções que talvez você mesma ainda hesite em seguir.
A diferença entre um mentor e um sponsor é sutil. O mentor orienta, aconselha, compartilha aprendizados. O sponsor age. Ele se compromete com o seu crescimento, aposta em você e usa a própria credibilidade para te ajudar a avançar. É alguém que vê o que você ainda não teve coragem de reconhecer em si mesma.
Mas o sponsorship não é só sobre o que recebemos. É também sobre o que construímos, sobre o quanto assumimos a responsabilidade de criar oportunidades para os outros. Vale parar e se perguntar, com calma, onde você quer estar daqui a cinco anos.
Que tipo de trabalho ainda vai fazer sentido para você? Quem você quer ao seu lado? Quem você pode ajudar a crescer? Quando respondemos a essas perguntas com honestidade, tudo começa a se alinhar. Um sponsor não traça o seu caminho, mas pode te ajudar a percorrê-lo com mais confiança.
Ter clareza sobre o que se quer dá direção à ajuda que recebemos. Quando sabemos para onde queremos ir, é mais fácil que os outros nos apoiem da maneira certa. O sponsorship floresce quando existe prontidão, quando a gente já deu o primeiro passo e convida alguém a vir junto.
E é justamente nos momentos de incerteza que a importância de um sponsor se revela. Quando há mudanças, reestruturações ou dúvidas sobre o futuro, é essa pessoa que lembra você do seu valor, que fala por você quando a visibilidade diminui e que reforça, para os outros e para você mesma, tudo o que já foi conquistado. Cultivar sponsors e, com o tempo, tornar-se um também, é um gesto estratégico e profundamente humano.
Para quem já ocupa posições de liderança, patrocinar outras pessoas é mais do que um ato de generosidade: é parte do próprio papel de liderar. Liderança de verdade não se mede por títulos, mas por quantas pessoas você ajuda a crescer. É usar a própria influência para abrir espaço, dividir o palco, reconhecer publicamente e criar oportunidades para quem ainda não teve acesso.
Retribuir é um exercício de presença e intenção. Significa identificar talentos promissores e apostar neles de verdade, mencionando seus nomes nas decisões que importam. É abrir as portas que um dia foram abertas para você. E, se não foram, decidir abrir assim mesmo.
É compartilhar visibilidade, dar crédito aos times quando você colhe resultados, e ensinar o que aprendeu ao longo do caminho, seja num café, num painel ou dentro da própria empresa. Retribuir também é pensar além do agora: criar programas formais de sponsorship, para que essa cultura de valorização e crescimento continue mesmo depois que você já tiver seguido adiante.
Para quem quer colocar isso em prática, alguns caminhos possíveis:
– Patrocinar um talento em ascensão dentro da sua organização, alguém com potencial que precise de um impulso real;
– Abrir as portas que um dia foram abertas para você, fazendo conexões, recomendações e convites que ampliem horizontes;
– Compartilhar visibilidade, mencionando o nome da sua equipe ao celebrar conquistas e resultados;
– Ensinar o que você sabe em conversas, mentorias, palestras e encontros informais;
– Criar iniciativas estruturadas de sponsorship, para que essa cultura de apoio e generosidade se torne parte da organização e siga viva além da sua presença.
Liderar é multiplicar. É transformar influência em legado e sucesso em oportunidade. As carreiras mais sólidas não se sustentam em conquistas isoladas, mas em redes de confiança, em generosidade e nesse movimento contínuo de aprender, receber e retribuir.
No fim, o que fica não são os cargos nem os prêmios, mas as pessoas que acreditaram em nós e aquelas em quem tivemos a coragem de acreditar também.