Opinião

O que é verdadeiro permanece

A experiência me ensinou que a empatia não é um artifício, mas uma prática diária, uma habilidade que se aprimora com honestidade

Rejane Bicca

Diretora geral da O2 12 de setembro de 2025 - 9h20

(Crédito: Shutterstock)

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Recentemente, em evento do Women to Watch, a neurocientista Carla Tieppo comentou sobre o papel da ocitocina, ou o “hormônio da empatia”, na cognição social e no senso de pertencimento. Saí do evento muito inspirada a propor uma reflexão justamente sobre a empatia, uma força potente que podemos cultivar não apenas para os outros, mas, principalmente, para nós mesmas.

Eu me pergunto o quanto ainda devo evoluir para tornar a minha presença mais empática, mesmo em situações em que devo agir com firmeza, tomar decisões ou compartilhar notícias negativas. Estou aqui falando de uma sensação que deve fazer parte da vida de todas nós.

Hoje, depois de tanto tempo liderando equipes e dialogando com clientes, olho para a vida com uma clareza que só o tempo oferece. Já passei por muitas coisas. Vi o mundo mudar e as relações se transformarem. E devo considerar que muitas das nossas relações acontecem apenas nos ambientes virtuais (reuniões, WhatsApp, e-mails etc), o que também nos força a ter uma outra conduta na hierarquização de palavras, frases e tons utilizados durante uma conversa. Às vezes é mais fácil conduzir um papo pessoalmente. Mas ainda assim, nesse cenário, a empatia é a porta de entrada para uma conversa franca.

Ser ou ocupar um papel de liderança não se limita apenas a dar ordens ou alcançar metas. É sobre inspirar. E a inspiração genuína vem da capacidade de nos conectarmos com as pessoas, de entendermos suas motivações, seus medos e seus sonhos. Ouvir mais, ponderar, pensar e depois compartilhar uma opinião. Isso também, ao meu ver, é empatia. É ter mais argumentos sólidos do que momentâneos. É levar a outra pessoa a um caminho que pode ajudá-la em seu problema.

A experiência também me ensinou que a empatia não é um artifício. É uma prática diária, uma habilidade que se aprimora com honestidade. Ser honesta com os outros é o reflexo de sermos honestas conosco mesmas. E a empatia, por sua vez, nos dá a capacidade de ver a nós mesmas no outro. De reconhecer que as dificuldades que nosso time enfrenta ou as ansiedades de um cliente são, em sua essência, as mesmas que já sentimos.

Para mim, a verdadeira liderança é a que permanece e faz a diferença positiva mesmo em ambientes diversos. Qualquer plano precisa de gente para ser executado e as pessoas precisam estar cientes do quanto são importantes dentro daquele projeto. São parte da solução e não mais um problema.

E quando nos relacionamos com nossos clientes, a empatia nos permite ir além do serviço ou produto. Só assim conseguimos entender o que eles realmente necessitam, que diferencial podemos entregar, o que os move, o que os frustra, o que nos dá competitividade. É também superar as expectativas com empatia, entendendo o desafio do lado de lá.

Vamos pensar mais em qual marca deixaremos depois que as tempestades cotidianas passarem?

Essa é a nossa jornada.