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Precisamos ensinar inteligência artificial aos nossos filhos?

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Opinião

Precisamos ensinar inteligência artificial aos nossos filhos?

Ver minha filha criando seu primeiro autômato me dá ainda mais certeza do potencial da transformação e do impacto da tecnologia nas nossas vidas  


21 de maio de 2025 - 12h26

(Crédito: Shutterstock)

Antes de qualquer coisa, quero puxar uma lembrança na sua memória. Você se lembra como eram as aulas de informática na época da escola? Dependendo da sua idade, talvez nem teve algo assim nos seus anos iniciais do ensino fundamental, mas quem tem seus 30 e tantos deve lembrar das aulas que ensinavam a como decorar a ordem das letras no teclado, como escrever e salvar um documento do Word ou como abrir o navegador para acessar a internet e fazer uma pesquisa no Google.  

Minha filha Antônia, com seus 10 anos, teve recentemente uma atividade da escola em que ela e os colegas montaram pequenos robôs com sensores programáveis. Peças de Lego, placas e códigos simples. No meio disso tudo, percebi algo muito maior do que uma aula de tecnologia: Antônia estava aprendendo a pensar como uma engenheira de soluções do futuro. 

É indiscutível que, nesse meio tempo, muita coisa mudou. A tecnologia transformou a nossa relação com o mundo, inclusive, e talvez principalmente, com a educação. Saímos de uma realidade onde ainda precisávamos aprender o básico sobre o uso de algo que hoje já faz parte do cotidiano, para um mundo onde muitas crianças já usam celulares como se já nascessem sabendo. 

E eu escolho ver o lado positivo da acessibilidade da tecnologia nos dias atuais. Um exemplo disso é a robótica educacional, que deixou de ser uma curiosidade extracurricular para se tornar parte da formação estratégica, nas escolas particulares e públicas, de uma geração que já cresce imersa em sistemas automatizados, assistentes inteligentes e decisões orientadas por dados, mesmo que ainda não percebam.  

Vai muito além do simples ato de montar robôs, que por si só já desperta a curiosidade e faz com que as crianças tenham muita vontade de colocar a mão na massa. Ela envolve planejamento, construção, programação e testes, promove um aprendizado ativo e interdisciplinar que conecta matemática, física, lógica e criatividade.  

Antônia, assim como muitos outros estudantes, está aprendendo a desenvolver projetos que estimulam o pensamento crítico, a experimentação e a colaboração, habilidades essenciais para o futuro, algo que eu reforço diariamente para todos os alunos da minha escola.  

Enquanto a inteligência artificial segue sendo a grande protagonista das transformações digitais dos últimos anos, a robótica surge agora como a nova ponte dessa revolução. Uma camada tangível da IA, que conecta software e mundo físico. E isso não é só tendência, é resposta direta a um movimento global. 

Consigo perceber que todo esse movimento deve trazer uma nova personagem para a robótica – e não tão coadjuvante assim –  que já mostra sinais de estar deixando de ser apenas um campo técnico para se tornar um pilar das habilidades essenciais do século XXI. Nós vemos isso com a demanda por robôs industriais, veículos autônomos, assistentes hospitalares e tantos outros “sistemas inteligentes”.  

Como formadora de profissionais de tecnologia, enxergo o tamanho das oportunidades que vão surgir para quem for capaz  de projetar, operar e manter esses sistemas. Os investimentos corporativos em soluções baseadas em IA são prova disso e, de acordo com a IDC, devem ultrapassar US$ 200 bilhões em 2025.

Essa evolução do mercado e do mundo profissional sempre se reflete na educação básica. Das minhas aulas de informática até as aulas de robótica das crianças de hoje. É crescente o número de escolas particulares de médio e grande porte que oferecem disciplinas ligadas à robótica e programação. Assim como tende a crescer ainda mais a adesão de redes públicas em iniciativas de ensino STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática). 

Há quase dez anos, a Olimpíada Brasileira de Robótica promove a participação de mais de 200 mil estudantes de escolas privadas e públicas, e além de se consolidar como uma das maiores olimpíadas nacionais, também mostra que muita coisa boa pode ser construída quando crianças e adolescentes usam a tecnologia além das telas. 

É nesse contexto que precisamos enxergar a robótica não como um fim, mas como um meio: uma linguagem universal que desenvolve pensamento lógico, criatividade e resolução de problemas, competências que estarão no centro das profissões do futuro. Ao ensinar crianças a programar robôs, estamos, na verdade, ensinando a construir futuros. 

Na Rocketseat, vemos diariamente o impacto da educação tecnológica na vida de milhares de jovens. Mas o que me emociona ao ver minha filha criando seu primeiro autômato é a certeza de que essa transformação está começando cada vez mais cedo, e está mais inclusiva. Porque, se Antônia pode montar um robô hoje, amanhã ela pode liderar uma equipe de inovação em uma healthtech, criar uma startup de IA ou, quem sabe, ser a próxima CEO de uma companhia. 

Investir na tecnologia como ferramenta no ensino básico é investir no protagonismo de uma nova geração. Uma geração que não apenas consome, mas que entende, transforma e lidera com ela. E, nesse novo mundo, dar acesso ao ensino tecnológico é dar acesso ao futuro.  

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