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Precisamos falar sobre o prazo de pagamento das produtoras

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Opinião

Precisamos falar sobre o prazo de pagamento das produtoras

Bato na tecla: o prazo atual de 60 dias não corresponde à nossa realidade e não é normal


3 de junho de 2024 - 13h52

(Crédito: Adobe Stock)

Gostaria de usar este espaço no Women to Watch para promover uma discussão que é parte do dia a dia das produtoras: o prazo dos nossos pagamentos. Um tema urgente, ao mesmo tempo delicado, e que interessa a todos os profissionais que atuam direta e indiretamente no nosso setor.

Explico: após a aprovação de um projeto, nós, aqui na O2 (e as outras produtoras também), colocamos um batalhão de profissionais na rua trabalhando e sob a nossa responsabilidade. Itens como passagem aérea, hotel, transporte e alimentação da equipe são nossos custos diretos e que não temos como negociar um prazo maior. Com o projeto ainda em andamento, vamos à etapa da pós-produção, que também envolve a mão de obra de dezenas de pessoas.

A diferença é que todo mundo que trabalha conosco recebe em no máximo 30 dias. Porém, nós temos a previsão de receber em até 60 dias, isso, na melhor das hipóteses e após muita negociação. E não é incomum nos solicitarem prazos de 90 ou 120 dias.

É completamente inviável atuar nestas condições.

Imagine você, em sua profissão, diante deste cenário. É muito tempo!

Na realidade, as produtoras pagam a maior parte das despesas (que envolvem a etapa inicial da produção audiovisual) à vista, ou em até 7 dias. Quando muito, pedimos para efetuar o pagamento em 30 dias. E esse dinheiro sai do nosso bolso.

Ou seja: bancamos tudo para receber depois, muitas vezes com atrasos. O risco é nosso. E não somos uma instituição financeira, apesar de muitas vezes parecermos.

Há alguns anos, o prazo de pagamento de um job chegava a 30 dias ou em no máximo 40 dias.

Por qual motivo, nos últimos anos, tivemos de nos adaptar a essa exigência para poder receber pelo nosso trabalho produzido, entregue e na maioria das vezes até exibido? Quando exatamente as regras mudaram a ponto de tornar difícil, e até inviável, termos fluxo de caixa para manter a produtora funcionando com uma previsão de recebimento de dois meses (ou mais!) após o trabalho?

Muitas pessoas podem dizer que isso tudo é parte do jogo. Concordo. Mas discordo na mesma intensidade quando abordo as questões que envolvem a nossa realidade, a das produtoras.

Trago aqui, para este artigo, a visão de quem ocupa este lugar da espera e na esperança de sermos compreendidos. Não somos apenas fornecedores, mas parceiros criativos em uma área de atuação completamente diferenciada.

Bato nesta tecla: o prazo atual de 60 dias não corresponde à nossa realidade e não é normal. E, quanto a esses pedidos de prazos ainda maiores, não vou nem comentar.

Não devemos classificar a nossa atividade como uma linha de produção industrial. A nossa prestação de serviços é diferenciada, assim como a da agência também.

Encerro este artigo convidando a uma reflexão sobre o quanto estamos dispostos a negociar, enquanto setor organizado, que emprega e move a economia, a ceder e a propor uma mudança tão fundamental no nosso setor. Não podemos simplesmente aceitar as condições que as grandes empresas definem.

Trabalhar com prazos razoáveis tornará a nossa atividade ainda mais respeitada e com potencial de empregabilidade ainda maior.

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