Opinião: não basta ser responsável

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Opinião: não basta ser responsável

Responsabilidade social corporativa é obrigação trivial: é preciso ter negócios transformadores


28 de agosto de 2015 - 8h11

(*) Por Álvaro Almeida

Se sua empresa tem se dedicado a entender como atuar de maneira responsável, procurando gerir e minimizar o impacto de suas atividades ao meio ambiente e nos diferentes públicos de relacionamento, é bom acelerar o passo. O que se convencionou chamar de responsabilidade social corporativa (CSR, na sigla em inglês) já não representa qualquer vantagem competitiva.

Passou a ser uma obrigação trivial de todo empreendimento que pretende prosperar, como também se tornou a qualidade ou o respeito ao consumidor. No processo evolutivo do mundo dos negócios, cada vez mais veloz, as empresas que estão hoje bem apontadas para o futuro já perceberam que têm de ir além de controlar e reduzir os efeitos negativos de sua atividade. Começam a se preocupar em encontrar caminhos para impactar positivamente a sociedade por meio de seus próprios negócios.

Da mesma forma, se você acredita que gerar empregos, pagar impostos e movimentar uma cadeia produtiva é contribuição suficiente de um negócio, novamente, fique atento. O que se resume hoje pela expressão “impacto positivo” é a capacidade de uma empresa, por meio da própria atividade produtiva, ajudar a enfrentar um ou mais dos males do nosso tempo – que não são poucos. Busca-se, assim, identificar quais problemas do mundo atual podem se tornar oportunidades de negócios que realmente estarão conectados às reais necessidades das pessoas e, portanto, da sociedade.

Para chegar lá, empreendedores de todos os tamanhos estão invertendo a lógica atual. Ao invés de a primeira pergunta ser “essa atividade dá dinheiro?”, o ponto de partida é “qual problema da sociedade eu posso resolver?” para, em seguida, buscar como ser lucrativo e gerar sustentação financeira para essa atuação. Nada de assistencialismo, filantropia ou investimento social. Trata-se de oportunidade de negócio, mas negócios movidos por propósitos menos individualistas e mais conectados com os interesses coletivos.

Mesmo as empresas, multinacionais ou nacionais, que já têm negócios estabelecidos procuram encontrar caminhos para navegar nessa nova realidade. Sempre procurando puxar a fila, a Natura é a primeira empresa brasileira que coloca como desafio estratégico gerar impacto positivo em todas as suas frentes de atuação, seguindo os passos de companhias como Ikea, Kingfisher, BT, Dell, Rio Tinto, Dow, entre outras.

Outro exemplo interessante é o da gigante química alemã Basf, que desenvolveu uma metodologia para analisar todo o seu atual portfólio de produtos a partir das megatendências de sustentabilidade, como crescimento e envelhecimento da população global, urbanização e, assim, identificar aqueles que precisam ser transformados ou que já atendem a essas necessidades futuras.

Na outra ponta da inovação, a fabricante americana de carros elétricos Tesla tem evoluído seus negócios para desenvolver baterias que, não apenas viabilizem a utilização de energia solar no transporte, como também no uso domiciliar e até industrial, declarando que seu propósito é combater o combustível fóssil e, portanto, as mudanças climáticas. Enfim, se sua empresa quer ser relevante no futuro, deve encontrar sua vocação e conexão com as necessidades da sociedade.

Álvaro Almeida é diretor da Report Sustentabilidade

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