A favela em Cannes: G10 e Favela Holding são destaques do festival em 2023

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A favela em Cannes: G10 e Favela Holding são destaques do festival em 2023

Celso Athayde e Gilson Rodrigues estão entre os painelista do Cannes Lions e abrem espaço para narrativas que vão para além das contadas por agências e anunciantes


16 de junho de 2023 - 17h03

A favela em Cannes

Celso Athayde, no Expo Favela (Crédito: Reprodução/ Facebook)

Que o Brasil está entre as principais e mais relevantes delegações em Cannes não é novidade. Mas, aos poucos, o festival vem abrindo espaço para narrativas que vão além das contadas por agências e anunciantes.

Neste ano, dois nomes brasileiros são destaque: Celso Athayde, fundador da Central Única das Favelas (Cufa) e da Favela Holding; e Gilson Rodrigues, presidente do G10 Favelas. Para ambos, Cannes é uma oportunidade de, mais uma vez, levar uma nova perspectiva sobre as favelas e periferias.

“Em geral, as favelas são vistas como espaços que simbolizam a exclusão, seja no Brasil ou em qualquer lugar.  Ocupar esses espaços sempre foi nossa estratégia, seja como um mecanismo de sobrevivência ou como um contraponto simbólico.  Apesar das favelas viverem em desvantagem social e econômica ao comparar com o asfalto, é importante entender que se os problemas são globais as soluções também podem ser”, analisa Athayde.

Em fevereiro, a Favela Holding com apoio da Cufa anunciou a expansão da Expo Favela, feira de negócios que une empreendedores da periferia e investidores do asfalto. A partir deste ano, além da versão nacional, foram criadas edições regionais. Na mesma linha, Gilson encara a experiência de Cannes também como um exemplo para outros empreendedores de favela.

“Eu não vou falar de favela pobre. Vamos falar que existe um mercado que, quem não está enxergando, está perdendo dinheiro. Ele quer falar, quer produzir, quer participar da solução do Brasil e não dos problemas”, defendeu, em entrevista.

Além da presença como speaker de Gilson, o G10 Favelas leva cases que estão competindo no Festival e foram construídos pela agência e produtora do G10. Hoje, o grupo está em 180 territórios em todo o Brasil. No hub, estão negócios como o Costurando Sonhos, que capacita e certifica mulheres em Paraisópolis em corte e costura e o Favela Brasil Xpress, logtech que entrega nas favelas fazendo a última milha para pelo menos 15 empresas.

Para o fundador da Favela Holding, o mercado publicitário precisa responder à velocidade das mudanças sociais ou será atropelado pelo mundo real. “O mercado publicitário continua e continuará sendo elitista de maneira calculada e irá abrir as portas para nossos extratos sociais na medida em que percebam a importância desses grupos, comercialmente e economicamente inclusive”, define Athayde.

Perifa Lions e Favela Inspira 

Outro pilar importante de transformação é a possibilidade de que jovens profissionais possam acessar o evento. Essa é uma das ambições do Perifa Lions, plataforma criada em 2019, para dar visibilidade, conectar e inserir talentos das periferias no mercado publicitário.

No ano passado, pela primeira vez, o projeto levou três profissionais para o Festival: Bianca Nascimento, Daniel Magalhães e Jeniffer Landi, que foram selecionados por meio de um concurso criativo.

Desta vez, foram quatro contemplados: Gustavo de Alexandria da Silva, Gustavo Rocha dos Santos, Giovanna Carvalho Pereira e Vinicius Serafim Siqueira Nascimento. A iniciativa conta com patrocínio da Africa Creative, Artplan, BETC Havas, FCB Brasil, Live, VMLY&R, W3Haus, Olympikus e apoio do Cannes Lions, Escola Cuca, Paranoid e DaHouse.

Para Leticia Rodrigues, cofundadora do PerifaLions, as mudanças do Festival são uma consequência da transformação social e da indústria. “É impossível o Festival de Cannes não seguir o comportamento do mercado. Se por um lado Cannes é a vitrine de inspiração da porta para fora, as agências ditam o comportamento da porta para dentro do Festival”, aponta.

Já a Digital Favela, que é parte da Favela Holding, retoma o projeto Favela Inspira. A iniciativa vai levar os influenciadores Roberta Camargo, Marcelo Rocha e Valter Rege para acompanhar o Cannes Lions. Na volta, esse conteúdo se conecta com os negócios e a inovação desenvolvidos na comunidade por meio de um evento. O projeto já teve uma edição no South by Southwest deste ano.

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