Comunicação

Qual é o perfil das agências independentes brasileiras?

Círculo de Agências Independentes apresenta resultados de primeira pesquisa proprietária, traçando um perfil dos negócios e abordando pontos como faturamento, principais clientes, entre outros

i 25 de agosto de 2025 - 7h36

Desde 2020, o mercado de comunicação brasileiro assistiu a um boom de novos players: as agências independentes. É o que mostra a primeira edição da primeira pesquisa proprietária do Círculo de Agências Independentes, movimento criado em março para dar mais protagonismo e relevância às operações.

agências independentes

Círculo de Agências Independentes apresenta panorama preliminar do mercado no Brasil (Crédito: Yuri A/Shutterstock)

O levantamento contou com 144 agências, das quais mais da metade foram fundadas, justamente, a partir de 2020. Ainda que 25% já existam há mais de 10 anos, o Círculo aponta que o maior fluxo de fundação do que de décadas anteriores indica para a renovação do universo das agências independentes após a Covid-19.

De forma geral, as operações adotam posicionamentos voltados para estratégia, criatividade, propósito e tecnologia. A proximidade com os clientes também é um ponto de diferenciação, segundo os líderes.

Quase a totalidade das empresas (97%) tem capital próprio, indicando para autonomia total na tomada de decisões e roteiro de crescimento determinado diretamente por parte do sócios-diretores fundadores, em vez de agentes de capital de risco. Apenas 1% das agências precisaram de investidor-anjo, fundo de investimento ou se caracteriza como pequena holding, respectivamente.

A maior concentração dos negócios, 72% deles, se encontra na região Sudeste, sobretudo em São Paulo (56%) e Rio de Janeiro (15%). Já 15% ficam no Sul, com destaque para o Rio Grande do Sul (10%) e Paraná (9%), e 9% ficam no Nordeste. Apenas 3% e 1% são do Centro-Oeste e Norte, respectivamente.

Entre os líderes respondentes, 76% se identificam com gênero masculino, 23% com o feminino e 1% se autodeclarou não-binário. Quanto ao recorte racial, há uma predominância de pessoas brancas (75%), com pretos e pardos representando 13% e 11% da amostra.

Apesar disso, 61% afirmaram possuir políticas de diversidade implementadas, como ações afirmativas para contratação, priorização de minorias, lideranças diversas e combate explícito à cultura de indicação tradicional.

No que diz respeito às receitas, as agências com faturamentos de até R$ 1 milhão são 34%, e entre R$ 1 milhão e R$ 10 milhões, 45%. De forma geral, o total de faturamento estimado entre as respondentes alcança R$ 1,68 bilhão anuais, de acordo com o ponto médio de cada faixa de valor.

Os projetos pontuais estão entre os três principais faturamentos, representando 75% da receita e mostrando-se tão relevante quanto os fees mensais, responsáveis por 77% do faturamento. As agências também citam a produção de conteúdo como sendo a principal fonte de receita para 33% delas, salientando atividades que vão além do marketing tradicional.

A carteira de clientes conta com os setores de alimentos em destaque, com 41%. Na sequência, aparecem saúde (40%), educação e cultura (37%) e entretenimento (37%).

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(Crédito: Reprodução/Meio & Mensagem)

O relacionamento das marcas com os sócios também é importante: para 92% das lideranças, essa é a principal forma de prospectar clientes. Indicações correspondem a 71% das conquistas de contas, seguidas pela indicação de outros clientes (53%).

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(Crédito: Reprodução/Meio & Mensagem)

Desafios e visão para o futuro

Os maiores obstáculos para as agências independentes incluem a prospecção e captação de novos clientes e a gestão financeira e fluxo de caixa, dados os longos prazos de pagamento, falta de previsibilidade de recebimento e instabilidade econômica. Contratação e retenção de talentos, bem como a pressão por fees menores e práticas abusivas por parte de grandes empresas, também foram citados.

Para os próximos dois anos, há uma pretensão de crescer em clientes e mercados, além de ampliar a reputação e o reconhecimento criativo. A pesquisa indica também para o desejo da profissionalização de gestão e fortalecimento interno, por meio de mecanismos de estruturação e investimento em tecnologia, por exemplo.

Apesar da busca pelo crescimento, as independentes buscam manter sua essência criativa, de inovação e inclusão, enquanto diversificam receitas e se adaptam para o futuro.