Opinião
Ano novo, vida nova — e como isso afeta a cadeia de talentos
Empresas precisam estar atentas às mudanças nas necessidades das cadeias de talentos, que vêm passando por processo de disrupção
Empresas precisam estar atentas às mudanças nas necessidades das cadeias de talentos, que vêm passando por processo de disrupção
30 de novembro de 2021 - 14h04
(crédito: OstapenkoOlena/iStock)
Estamos quase no fim de 2021 e minha intenção era aproveitar este espaço para falar de tendências e perspectivas para o novo ano. Apesar de 2022 trazer um sopro de esperança, são muitas as incertezas e fica difícil fazer previsões sem flertar com uma dose de risco. Um tema, porém, tem aparecido de forma recorrente nas minhas interações: a disrupção da cadeia de talentos.
O mundo pós-pandemia apresenta interrupções não só nas cadeias de suprimentos de diversos setores, mas também mostra impactos importantes na cadeia de talentos. À medida que a crise sanitária diminui, assistimos a uma mudança nos desejos e necessidades das pessoas. O impacto da Covid-19 nos trouxe senso de urgência e nos fez reavaliar nossas escolhas e caminhos.
Pense quantas pessoas do seu círculo promoveram mudanças profissionais nos últimos meses — claro, considerando a parte da população que teve esse privilégio. Há quem quis passar mais tempo com a família, descobriu que seu trabalho não era tão relevante quanto imaginava, ou abriu um negócio. Com as incertezas recentes, não é de se admirar que mais gente esteja largando empregos e repensando o seu propósito.
Para enfrentar essa interrupção na cadeia de talentos será necessário compreender o que as pessoas passaram a desejar profissionalmente.
A resposta mudou nos últimos 12 meses, mas tenho visto consenso em algumas práticas que têm ressoado cada vez mais:
Criação de ambientes que incentivam a inteligência coletiva: a pandemia nos mostrou que o mundo está mais interconectado e que abordagens únicas dificilmente resolverão os desafios complexos que enfrentaremos. O poder da diversidade está na inteligência coletiva gerada a partir dela, e estes ambientes de trabalho estão mais valorizados. Assim, para atrair os melhores talentos, garanta que eles trabalharão num local onde diferentes opiniões convivem e geram uma saudável tensão criativa que empurra as pessoas e os negócios para a frente.
Manutenção da flexibilidade e autonomia conquistadas: o trabalho à distância nos trouxe ganhos importantes. Estamos experimentando e aprovando um modelo de trabalho novo, que passou a ter um grande peso na atração e retenção de talentos. O desafio será manter as conquistas do trabalho remoto e combiná-las com a riqueza das interações presenciais que constroem elos e fortalecem a cultura.
Capacidade de adaptação: outra lição que a pandemia nos trouxe é que temos que nos adaptar às novas circunstâncias rapidamente: qualquer atraso ou resistência pode resultar em perdas. Esta habilidade passa a ser fundamental para os profissionais num mundo onde a única constante é a mudança.
Prática da escuta ativa: os próximos movimentos dos líderes serão fundamentais para a retenção de seus talentos e, num cenário marcado por mudanças constantes, quanto maior o envolvimento dos times, maior o grau de comprometimento.
Reconhecimento diferenciado: o desenvolvimento profissional vai muito além das movimentações hierárquicas. As pessoas querem impactar e influenciar decisões, independentemente de sua posição. Empresas inteligentes estão encontrando modos de recompensar pessoas indo além das promoções e oferecendo tempo e recursos para novas práticas e experiências.
Estamos em um momento único, e aproveitá-lo representa uma oportunidade para trabalhar a cadeia de talentos. Isso passa por ouvir, aprender e propor o novo. Deixo aqui algumas dicas, baseadas em percepções pessoais e fatores que vejo ganhando peso em decisões de ficar ou deixar um trabalho. Cada corporação é única e cabe aos líderes reexaminar as necessidades que emergiram pós-pandemia e promover mudanças para criar uma organização próspera nos novos tempos.
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