Marketing

Como os brasileiros consomem em um cenário de crise?

Pesquisa da MindMiners revela caráter adaptável da população, mudanças no carrinho de compras e faz recomendações para as marcas

i 20 de agosto de 2025 - 12h00

O cenário de pressão macroeconômica e a perda de poder de compra não indica uma pausa no consumo, mas, sim, revisão de prioridades, mudança de hábitos e renegociação de padrões, dando luz ao caráter estrategista e adaptável do brasileiro.

crise

Para driblar dificuldades financeiras e queda do poder de compra, brasileiros se adaptam a buscam mudar hábitos de consumo  (Crédito: Lucigerma/Shuttestock)

É o que indica o estudo “Escolhas sob Pressão”, da MindMiners. Por meio de painel proprietário, foram ouvidos 2 mil respondentes, todos acima dos 18 anos, contemplando diversas gerações e classes sociais.

De forma geral, 60% declararam viver com até 3 salários mínimos, enquanto 27% têm renda variável sem estabilidade financeira mensal e 22% com alta instabilidade.

Há um reflexo sobretudo em itens essenciais, com mais impacto sobre famílias e baixa e media renda. O aumento de preços de produtos nos últimos meses têm sido sentido por 94% dos respondentes. Entre os setores mais afetados estão alimentos (87%); saúde (56%), produtos de limpeza (43%), beleza (42%) e transporte (41%).

Os caminhos para driblar a alta dos preços, segundo o estudo, incluem o ajuste de volume e substituição por marcas mais baratas, com 62% citando a decisão para a categoria de alimentos, 57% para beleza, 38% em saúde e até 30% em transporte. Também são citados a redução da frequência de consumo, afetando principalmente lazer, transporte e alimentos. Os cortes totais são mais propensos a acontecer entre as classes C e D.

Os resultados indicam que 63% adiaram ou repensaram ao menos um desejo, entre eles reforma da casa (23%), troca de celular (22%), viagem (19% e mais frequente nas classes AB), e investimentos pessoais (17%).

O estudo ainda mapeou quatro personas e seus comportamentos diante do cenário atual:

  • Endividado racional: 35% dos respondentes, entre homens e mulheres com trabalho por carteira assinada ou autônomos. São os que tem uma alta percepção de piora financeira. Compra só o necessário e evita riscos financeiros, deixando de lado indulgências e os supérfluos e trocando o que se justificar por lógica. Compram em promoções e atacarejos, por exemplo;
  • Mãe protetora: São as mulheres com filhos, renda comprometida ou múltiplos dependentes, representando 25% da amostra. Foco no bem-estar da família, comprando com responsabilidade emocional e mantendo na cesta os alimentos, itens de saúde e higiene infantil e cortando o supérfluo, como lazer e beleza pessoal;
  • Jovem adaptável: Jovens entre 18 e 24 anos (20%). Querem equilibrar prazer e preço. Ainda que troquem marcas com mais facilidade, mantém aquilo que dá prazer imediato, como streaming, snacks e produtos de autocuidado;
  • Fiel emocional: consumidores de todas as idades e classes, 20% do total. O destaque vai para os laços por memória ou prazer. Cultivam a mentalidade de que, mesmo na crise, é preciso preservar o essencial ainda que tenha que fazer “malabarismos” para manter produtos simbólicos.

As marcas que têm mais relevância neste cenário são aquelas que aliam estratégias de marketing e trade, storytelling comercial, inovação e comunicação. Elas facilitam o acesso com preços, combos e embalagens econômicas; oferecem confiança com garantias em tempos incertos; comunicação valor real e não apenas descontos; e são empáticas ao compreender o contexto atual.

Confira abaixo o ranking das marcas preferidas sem restrições e as mais consumidas diante de um cenário de instabilidade, respectivamente, por categoria:

Alimentos

Preferida: Sadia (21%)
Mais consumida: Sadia (6%)

Bebidas

Preferida: Coca-Cola (26%)
Mais consumida: Coca-Cola (10%)

Beleza & Cuidados Pessoais

Preferidas: O Boticário (15%)
Mais consumida: Avon (9%)

Moda & Vestuário

Preferida: Renner (10%)
Mais consumida: C&A (6%)

Farma & Healthcare

Preferida: Unimed (10%)
Mais consumida: SUS (10%)

No que diz respeito ao endividamento, 57% da população têm algum tipo de dívida ativa, com o cartão de crédito liderando com 36%. na sequência, aparecem empréstimos pessoais (19%) e contas atrasadas (15%).

As principais razões incluem gastos básicos para 26% e outros 25% dizem enfrentar gastos imprevistos com saúde ou educação. Já 16% declaram não conseguir manter as despesas essenciais e, para 9%, sobra pouco no final do período.

Menos de metade (46%) dos brasileiros também não possuem nenhum tipo de planejamento financeiro e 25% se planejam, mas encaram dificuldades de seguir o plano. Só 29% conseguem se organizar neste sentido.