Giovana Oréfice
8 de julho de 2024 - 6h10
Fundada em 1876 na Suécia, a Ericsson desembarcou suas operações no Brasil em 1924. Completando seu centenário em território brasileiro, a empresa de telecomunicações aposta no País como um de seus principais mercados.
Isso se deve, sobretudo, devido ao potencial de inovação, o qual a companhia busca aliar com seus princípios socioambientais e de governança para fomentar não apenas o avanço tecnológico, mas também o planeta e sociedade. É o que explica Stella Medlicott, CMO global e vice-presidente de relações corporativas da Ericsson.
Stella Medlicott, CMO global e vice-presidente de relações corporativas da Ericsson (Crédito: Divulgação)
“Trabalhamos em estreita colaboração com nossos clientes para saber como podemos obter conectividade de rede em todo o país e como podemos fornecê-la de uma forma que seja sustentável, juntamente com uma melhor cobertura de rede”, diz.
A fábrica da empresa em São José dos Campos foi construída sob os mesmos parâmetros sustentáveis da unidade no Texas, nos Estados Unidos, e contribui para o compromisso de ser net zero em operações próprias até 2030, e em toda a cadeia de valor até 2040.
A executiva lidera a comunicação, marketing e responsabilidade social da Ericsson em mais de cem países e, segundo ela, a chave para conduzir uma comunicação consistente em todos os mercados é fomentar uma cultura organizacional voltada para a ética, diversidade e inclusão e segurança dos colaboradores, tanto internamente quanto com diferentes stakeholders.
Social e governança
No Brasil, a Ericsson conta com o WE Mentoring Program, que oferece mentorias para mulheres em diversos níveis de carreira. O País também está entre os 43 países do Connect to Learn. A iniciativa mira na inclusão digital promovendo a tecnologia entre grupos subrepresentados e, em parceria com a Unicef, já impactou 485 mil pessoas em todo o mundo.
No ano passado, a Ericsson se juntou ao Senai-SP para implementar a Universidade 5G, que coloca profissionais do Centro de Aprendizagem da Ericsson, em São José dos Campos, em contato com alunos e professores da instituição, com o objetivo de aumentar habilidades e competências digitais.
“Não estamos fazendo isso apenas em benefício próprio, mas também para realmente diversificar a força de trabalho nos campos da ciência, tecnologia, engenharia e matemática. Há, especialmente, um desafio para as mulheres”, declara Stella, salientando a importância de trabalhar com tais grupos subrepresentados desde a base.
Já no que diz respeito à governança, a Ericsson também vem apostando no fortalecimento de uma cultura voltada para a segurança. No ano passado, a sueca foi multada em mais de US$ 200 milhões nos Estados Unidos para encerrar um processo no qual foi acusada de suborno a autoridades de outros países.
A CMO global acompanhou de perto o trabalho e, segundo ela, a primeira percepção foi de que não tratava apenas de negócios éticos, mas também de vinculá-los à narrativa de saúde e segurança. “É colocar as pessoas no centro da tomada de decisões e garantir que levem em consideração todos os aspectos possíveis. Garantimos que todos na empresa se sintam capacitados para que se manifestem quando algo está errado”, detalha.
Avanço tecnológico
Hoje, a Ericsson acumula 60 mil patentes tecnológicas. Diferente de big techs como Google e Microsoft, que estão levando a IA generativa para o consumidor, a sueca vem trabalhando a tecnologia dentro das redes. “Especialmente à medida que nosso portfólio está evoluindo, estamos avançando muito para o que nos referimos como redes abertas e programáveis. Isso cria um modelo totalmente diferente em que podemos aproveitar as ferramentas de IA para um desenvolvimento mais rápido”, afirma a CMO.
Parte fundamental da indústria tecnológica, as parcerias com outras gigantes têm contribuído para o avanço do ecossistema. Recentemente, a Ericsson e a Dell anunciaram uma parceria para impulsionar a transformação da cloud de rede baseada em Open RAN. Além disso, trabalham com a Intel, Qualcomm, AWS e Amazon para os mais diversos propósitos, indo desde a fabricação de chips até a operação com hiper escaladores.
Futuro dos negócios
No ano passado, a multinacional registrou um prejuízo de US$ 2,5 bilhões. Stella classifica 2023, bem como 2024, como desafiador em termos de retorno sobre custo de capital. Além disso, o mercado de telecomunicações está estável, sem sinais de crescimento em meio a um cenário macroeconômico complexo.
De acordo com a executiva, a razão para isso é que estamos em um ponto com 5G em que há inúmeros casos de uso tanto para os consumidores, quanto para as empresas.
“Realizamos vários projetos de investigação sobre o comportamento do consumidor, mas também sobre as redes e como elas estão crescendo e sendo construídas. A única força motriz que sempre vemos é que não há limites para as pessoas que desejam cada vez mais dados e conexão”, finaliza a CMO.