Modelo multiapp e entrega ultrarrápida: os planos do Rappi

Na quarta-feira, 17, o Rappi estreou parceria com o PicPay. O modelo, chamado de Multiapps, espelha a plataforma da empresa de delivey num aplicativo externo e está em seu plano de negócios para a frente B2B em 2026. O Rappi mantém conversas com companhias interessadas em replicar o formato. Na América Latina, o Rappi tem parceria semelhante com a Amazon na América Latina.

Além de explicar o modelo Multiapp, Felipe Criniti, CEO do Rappi, aborda, na entrevista a seguir, o aquecimento da concorrência no setor – que teve a retomada da operação da 99Food, a estreia da chinesa Keeta e parceria entre iFood e Uber –, o papel do Rappi Turbo para a estratégia de crescimento no País e faz um balanço do plano de investimento iniciado neste ano.

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Meio & Mensagem – Qual é o objetivo do Rappi com essa parceria com o PicPay?

Felipe Criniti – O PicPay é um dos nossos primeiros parceiros neste novo modelo B2B, no qual parte da nossa plataforma é integrada e espelhada dentro de um aplicativo externo. É uma ampliação natural do nosso ecossistema. Esse movimento, que chamo de Multiapp, gera valor para ambos os lados: os usuários do PicPay passam a ter acesso facilitado à nossa oferta — restaurantes e o portfólio do Turbo — e o Rappi conecta milhares de novos consumidores ao nosso ambiente de produtos e serviços. Para nós, é uma frente estratégica de expansão e uma forma de consolidar o Rappi como infraestrutura de conveniência para o mercado.

Felipe Criniti, CEO do Rappi (crédito: Arthur Nobre)

M&M – Quais serão os próximos passos do acordo?

Criniti – O PicPay disponibilizará, de forma faseada, a opção de delivery para sua base de mais de 64 milhões de clientes. Começamos com uma seleção de restaurantes em São Paulo, Recife e Rio de Janeiro e as nossas operações de Rappi Turbo nas demais praças onde temos atuação desse serviço. Monitoramos o desempenho continuamente e, conforme avançamos, ativamos uma expansão de portfólio disponível no app do parceiro.

M&M – A empresa tem parcerias similares?

Criniti – Essa é a nossa primeira iniciativa formal nesse modelo de integração profunda entre plataformas no Brasil. Mas, como companhia, já operamos modelos semelhantes em outros mercados da América Latina — incluindo nossa parceria com a Amazon, no México, que reforça a capacidade do Rappi de se integrar a grandes ecossistemas digitais. No Brasil, seguimos em conversas avançadas com outras empresas interessadas em replicar esse formato. É uma frente com grande potencial dentro do nosso roadmap B2B para 2026.

M&M – O Rappi anunciou investimento bilionário no início deste ano para triplicar de tamanho em três anos. Qual é o balanço inicial?

Criniti – Do ponto de vista de consistência operacional e proposta de valor para os entregadores, seguimos observando resultados muito positivos. Também intensificamos nossos investimentos em Rappi Turbo, vertical que tem demonstrado grande tração e alinhamento com o comportamento atual do consumidor. Estamos estrategicamente concentrando nossos esforços no modelo Multiapp e reforçando nossa liderança em conveniência ultrarrápida. Estamos confiantes de que esse foco nos permite capturar melhor as oportunidades que enxergamos para os próximos anos.

M&M – Qual é o papel do Turbo na estratégia de crescimento?

Criniti – Turbo é a vertical do Rappi que nasceu com diferencial competitivo claro: entregas ultrarrápidas, curadoria e amplitude de categorias. Tanto que, com Turbo, somos o maior quick commerce do Brasil – com um modelo de operação altamente eficiente. Nosso foco para 2026 é ampliar ainda mais essa conveniência: além da expansão de portfólio e das parcerias exclusivas com marcas e creators, estamos testando novos formatos de loja que permitirão entregar também comida pronta e medicamentos em dez minutos. O Turbo é, sem dúvida, uma das principais alavancas de crescimento do Rappi no País.

M&M – Além da retomada das operações de 99Food, o mercado tem uma entrante, a Keeta. Qual é sua análise deste momento do mercado? O movimento dos concorrentes gerou algum tipo de adequação no plano estratégico da empresa?

Criniti – A entrada de novos players certamente movimenta o setor. Vemos a dinâmica competitiva como saudável e seguimos concentrados em entregar conveniência, amplitude e serviço de alta eficiência em todo o nosso ecossistema. Apesar da dinâmica competitiva do setor estar intensa, nossa estratégia no Brasil é de médio e longo prazo, orientada para fortalecer e garantir eficiência operacional para áreas de alto crescimento em que temos vantagens claras — como conveniência ultrarrápida, e-commerce e, agora, Multiapp. Seguimos executando esse plano com disciplina, adaptando prioridades para maximizar retorno e focando em verticais que demonstram maior potencial dentro do nosso ecossistema. Mesmo com novos entrantes no mercado brasileiro, nossa trajetória permanece consistente e orientada à expansão sustentável.