Praya: ponto fora da curva no mundo cervejeiro

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Praya: ponto fora da curva no mundo cervejeiro

Marca surgiu da afinidade de um grupo de amigos por esportes, a natureza e, claro, cerveja, tornou-se a primeira cervejaria com selo B no País e este mês, faz ação com o Makro pelo plantio de árvores


9 de março de 2021 - 6h00

Artesanal com leveza de produto e de espírito (Crédito: Divulgação)

Primeiro veio a vontade de fazer, depois o estudo, a técnica e só, então, o sucesso. A Praya é uma cerveja que começou dando errado, como conta um de seus sócios e atual diretor de marketing, Paulo de Castro, também conhecido como DJ Zeh Pretim.

Quem iniciou a história foi o surfista carioca Marcos Sifu que foi a uma festa na Califórnia onde descobriu que a cerveja que estava sendo consumida tinha sido feita lá mesmo. Achou a ideia boa, comprou equipamentos e tentou repetir a proposta, mas as primeiras pessoas que experimentaram seu produto acharam horrível. Já um amigo que o visitou duas semanas depois, curtiu a cerveja, ou seja, o mestre cervejeiro novato percebeu que tinha esquecido a etapa essencial da maturação.

A partir dali passou a refinar os estudos até chegar à receita da witbier premium e leve que caiu no gosto primeiro dos amigos mais próximos e, agora, segue conquistando mercados pelo Brasil. O crescimento aconteceu depois da junção de outros amigos ao negócio. Paulo, que teve uma agência de design (Black Cat), mas em 2009 resolveu deixá-la, passou a se dedicar à vida de freelancer e iniciou uma carreira de DJ – na agência, tinha conhecido Duda Gaspar, que foi seu estagiário. Profissão de DJ evoluindo, seu amigo Tunico Almeida virou parceiro de eventos e festas, e eles acabaram ingressando no ramo de bares e restaurantes, com o Esquina 111, em Ipanema, e o Bar Sobe, no Jardim Botânico.

Nessa altura, também passaram a achar que seria fundamental ter uma cerveja própria nos seus empreendimentos e vendo Sifu e Duda (responsável por toda a identidade visual da marca) fazendo a coisa no esquema “fundo de quintal” propuseram a união de forças e expertises. “Com a experiência que tivemos com bar e restaurante, aprendemos a importância de uma distribuição sólida e profissional, porque em 2014 já havia a necessidade das artesanais, mas não tinha garantia de entrega”, comenta Zeh.

Assim, a Praya surgiu com alguns compromissos: uma distribuição profissional (o que começou em parceria com a Rigarr), um produto “de extrema qualidade”, 100% natural, ou seja, com o compromisso público de não ter ingredientes químicos ou mudar a fórmula alterando sua qualidade. “Grandes cervejas tinham campanhas apelativas e o perfil de artesanal em geral era o da cerveja forte, pesada e a nossa é leve e refrescante”, explica o diretor de marketing. Fugindo dos padrões, a Praya, com um produto só, tornou-se líder de categoria no Rio de Janeiro.

Cerveja conceitual

A ideia por trás da marca é de que praia não é somente um lugar físico, ou seja, cada um tem a sua, pode ser a cultura, um esporte, a montanha, além da própria praia. Por isso, a opção por uma sereia no rótulo, que está ligada ao mar, mas é um ser mitológico, rodeado pela ideia do encanto. “O produto é o ponto de contato da gente com o consumidor. Por mais que estejamos falando de uma bebida alcoólica, ela fala também do esporte, de estar em boas companhias e não defendemos uma distribuição elitista”, acrescenta Zeh. De fato, a cerveja hoje está até em atacarejos, como o Makro, com quem a Praya fez uma parceria ao longo deste mês de março em que para cada cerveja vendida na rede uma árvore será plantada pela cervejaria e outra pelo varejista, na Mata Atlântica, com a colaboração da ONG One Tree Planted, que atua em reflorestamento.

Parceria com Makro e a ONG One Tree Planted (Crédito: Divulgação)

A agenda socioambiental é cara ao negócio. Tanto que a Praya é a primeira cerveja carbono neutro e a receber a certificação de empresa B, concedida por uma organização internacional às empresas que atendem a padrões e métricas verificáveis de impacto social, ambiental e transparência em seus negócios. Além disso, é empresa amiga da Sea Sheperd (o Greenpeace dos mares) e ajuda o projeto Onda Limpa, que atua para erradicar o lixo dos oceanos.

A ideia de criar não apenas um produto, mas um estilo de vida, também se desdobra na comunicação, que busca levantar a autoestima da cultura brasileira. Um baile de carnaval que a cervejaria fez por três anos – tempos em que a pandemia não existia – já teve como padrinho o músico Hamilton de Holanda. Já houve festas no Rio somente com artistas das regiões Norte e Nordeste. Os temas também são levados à revista O’Cyano, trimestral e gratuita, que fala de moda, arte, comportamento.  A partir de abril, a revista terá uma assinatura, em que a pessoa poderá pedir pelo site e pagar somente o frete para receber.

Ao ser questionado sobre se o crescimento não traz a vontade de expandir de um rótulo para mais produtos, criando um portfólio, Zeh Pretim afirma que se vierem a fazer isso será somente se pensarem em algo que traga um benefício à sociedade ou ao meio ambiente, mais do que fazer por fazer. No primeiro ano, trocou o rótulo de plástico, por papel biodegradável (bom porque é mais barato, ruim porque ao colocar no gelo se desfaz, mas o benefício ao meio ambiente vale mais, diz); eliminou no segundo ano a produção de copo de plástico, apesar de o bio de papel ser muito mais caro. E antes de expandir portfólio, ainda pensa em resolver questões do atual produto, como o plástico que vai na tampinha ou o filme plástico que envolve o pack, mas enquanto não conseguiram solução, pensam em maneiras de compensar, como a parceria com o Eu Reciclo, que atua em logística reversa, conectando marcas a recicladores.

Disputa nas mesas e gôndolas

“Vivemos diariamente uma briga de Davi e Golias”, avalia o diretor de marketing, ao comentar a disputa por espaço no mercado – já houve casos de grandes cervejarias atuando para fazer varejistas e donos de bares e restaurantes tirá-los de alguns pontos. “Mas nosso crescimento é muito positivo quando as pessoas podem escolher”, adiciona.  Os estabelecimentos, diz, têm percebido que o propósito da marca acaba atraindo mais consumidores que preferem beber melhor e não em maior quantidade.

Hoje, a Praya está também nas principais redes de supermercados do Brasil, com mais força no Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná, e está chegando a Santa Catarina e Minas Gerais. Também tem planos de expandir para o Nordeste. “Meu sonho é chegar à Bahia. Mas são os desafios de viver num país continental”, diz Zeh.

Sobre resultados de negócios, o diretor de marketing, conta que quando começou a pandemia a grande lição foi que ninguém pode cair do barco durante a tempestade. Assim, não houve demissões e a empresa fechou 2020 quase batendo a mesma meta, crescendo 41% sobre 2019 (essa meta seria de algo entre R$ 30 e R$ 35 milhões de faturamento). Já em 2021, o mês de janeiro foi 51% melhor que janeiro passado. “Este continuará sendo um ano de incertezas. Tem vacina, mas é cedo falar quando tudo vai acabar. Então, a gente coordena trabalho para o ano, mas sempre revendo trimestralmente, se alinhando com o mundo”, pondera. E a expectativa de 2021 é crescer pelo menos 35%.

Isso além de outras metas como contratações e as de soluções ambientais. “Temos desafios enormes, principalmente enfrentar esses mares tão turbulentos e como nos manter na nossa filosofia, que ainda não é fácil de aplicar, de sermos empresas melhores para o mundo”, argumenta o diretor de marketing da Praya.

Seu objetivo, no fim das contas, é fazer a empresa crescer de forma sustentável em todos os panoramas e, mesmo sendo uma empresa pequena, inspirar outras marcas a embarcarem nessa jornada, para ter efeitos em médio e longo prazos, já que o assunto sustentabilidade, bem lembra, não diz respeito a concorrência. Esta, aliás, tem estado de olho na Praya e a resposta de Zeh Pretim ao assédio é: “Acreditamos muito no que fazemos e em como fazemos. Marcas e parceiros que cheguem para somar são bem-vindos. Não nos fechamos, mas só abrimos para o que faça sentido para nossos objetivos”.

 

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