São “inhas”, mas pode chamar de gigantonas
Minizinha, Moderninha, Vermelhinha, BBzinha e Bradesquinha são os nomes comerciais ou apelidos das maquininhas que disputam cada milímetro na guerra dos terminais pelos pontos de venda
Minizinha, Moderninha, Vermelhinha, BBzinha e Bradesquinha são os nomes comerciais ou apelidos das maquininhas que disputam cada milímetro na guerra dos terminais pelos pontos de venda
Sergio Damasceno Silva
23 de maio de 2018 - 7h11
O mercado de points of sales (POS, na sigla em inglês) está agitado desde que o Banco Central acabou com a exclusividade das bandeiras nas máquinas de cartões. Isso aconteceu no início do ano passado e intensificou-se em julho do mesmo ano quando o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) assinou acordo com a Cielo para acabar também com a exclusividade da bandeira Elo na credenciadora. Até então, os clientes do Banco do Brasil, Caixa e Bradesco que portavam o cartão Elo somente poderiam usá-lo na máquina da Cielo. Os três bancos são acionistas da Cielo, empresa criada para competir com duas outras importantes bandeiras de cartões no Brasil, a Visa e a Mastercard.
O setor, que já vinha aquecido, deu um salto gigante em janeiro deste ano na oferta pública de ações (IPO) da PagSeguro, empresa do Grupo UOL, que captou R$ 7,2 bilhões (quando a expectativa inicial era de levantar, pelo menos, R$ 6 bilhões). A PagSeguro, proprietária da Moderninha e da Minizinha que, ao contrário das antigas maquininhas dos concorrentes, podem ser adquiridas pelo comerciante, mostrou, com o IPO, que o segmento de meios de pagamento brasileiro tem fôlego para se expandir. No ano passado, as transações com cartões de crédito e débito no Brasil movimentaram um volume de R$ 1,2 trilhão. Em 2016, esse valor ultrapassou R$ 1 trilhão, com quase 13 bilhões de operações que envolveram tanto cartões de crédito quanto de débito. Os dados são da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) e do Banco Central, respectivamente.
O País tem mais de quatro milhões de máquinas de cartão em operação, em que lideram players como Cielo (que tem por acionistas o Bradesco e o Banco do Brasil), a Rede (do Banco Itaú) e a Getnet (do Santander). Conforme cresce o mercado de adquirência — que significa o movimento de dinheiro numa rede financeira de serviços de pagamento interligados —, impulsionado pelas maquininhas, aumenta também o número cartões. Estima-se que 29% de tudo o que se paga no Brasil é feito via cartão. Em mercados maduros, esse patamar está entre 45%-50%. E é esse espaço que os controladores das maquininhas pretendem ocupar.
Em abril deste ano, depois do IPO mais do que bem-sucedido da PagSeguro, o Banco do Brasil, um dos acionistas da Cielo, lançou o próprio modelo de maquininha que pode ser adquirida pelo cliente (e não mais alugada), pela Stelo, também controlada pela Cielo, Banco do Brasil e Bradesco. Assim como no modelo da PagSeguro, é possível adquirir os equipamentos em algumas versões, conforme o tamanho do empreendimento do cliente. A maquininha da Stelo trabalha com bandeiras como Visa, Mastercard, Elo, Amex, Hipercard e Hiper.
BBzinha e Bradesquinha
E, em maio deste ano, o Banco do Brasil anunciou a BBzinha, em parceria com a Cielo. A POS do BB amplia a atuação da instituição no segmento e, claro, entra em competição direta com players como PagSeguro e outros bancos (como Santander e Itaú) que também têm trabalhado com alternativas para o setor das maquininhas. Simultaneamente, o Bradesco fez a mesma coisa, com a Máquina Bradesco. O Cade pediu explicações e aguarda o posicionamento da Cielo e do Bradesco. A Cielo não atendeu ao pedido de entrevista. Apenas deu o seguinte posicionamento: “A Cielo informa que a iniciativa de máquinas co-branded com Bradesco é reflexo de uma prática já existente na companhia, que busca associar a força de marcas parceiras à marca da Cielo. Não há nenhuma alteração no modelo operacional da Cielo com os lojistas — a Cielo segue sendo responsável pela prestação de serviço junto ao lojista.” O Bradesco também não retornou aos pedidos de entrevista. Na comunicação oficial do banco sobre o lançamento da Máquina Bradesco (apelidada de Bradesquinha), a instituição descreveu assim a maquininha: “Por meio de uma iniciativa pioneira de co-branded entre banco e credenciadora, o Bradesco lança a Máquina Bradesco, que mantém toda as características da máquina de cartões da Cielo, porém com a identidade visual do banco. A ação tem como objetivo alavancar o credenciamento pelo canal de vendas da rede de agências Bradesco, sem alterar o modelo operacional entre Cielo e estabelecimentos comerciais, ou seja, a credenciadora continua responsável pela prestação de serviço.”
“Lançamos a maquininha no dia 3 de maio e, para eliminar esse ruído (com o Cade), esclarecemos que é uma máquina Cielo que tem um terminal em co-branded conosco. Aparecem as duas marcas — Banco do Brasil e Cielo. É uma máquina com identidade visual do BB em parceria com a Cielo. A ideia é tornar mais explícita essa parceria e que a marca Banco do Brasil esteja presente também no ambiente do lojista ou de qualquer ponto de venda. O Banco do Brasil é um dos acionistas da Cielo e tem muito cliente que não sabe disso”, explica o diretor de meios de pagamentos do Banco do Brasil, Rogério Panca.
A BBzinha, de acordo com o diretor, está disponível em 12 agências nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Maranhão, Goiás, Bahia, Paraná, Pará e Santa Catarina. “A ideia é aumentar esse número gradativamente. O cliente vai à agência, adquire um plano e sai da agência com a máquina habilitada na mão. O credenciamento vale para todo cliente do Banco do Brasil, e não apenas correntistas”, afirma o diretor. O Banco do Brasil, portanto, tem os dois modelos de negócios com as maquininhas: aluguel e venda do POS. “Um que é o modelo sedimentado, de aluguel da máquina, são os produtos Cielo que temos nas agências em que o cliente paga valor mensal. Temos vários produtos e, conforme o volume, tem até isenção total do aluguel. O outro produto é o que foi lançado em abril com a Stelo, em que as maquininhas são vendidas”, diz Panca.
A própria Cielo, em março deste ano, antes das iniciativas do Bradesco e o Banco do Brasil, lançou uma maquininha: a Cielo Zip, solução móvel que, diferentemente da Cielo Mobile, tem conexão móvel e também WiFi e é comercializada exclusivamente na oferta CieloControle. Agora, além dos equipamentos que são quase tão portáteis quanto smartphones e se conectam via WiFi, entre outras novidades, as maquininhas brigam na ponta, pelo preço e com taxa zero. É o caso da própria Cielo Zip, das maquininhas da PagSeguro, e da Rede, do Itaú, que lançou uma campanha com taxa zero válida para este mês.
Crédito da imagem do topo: Divulgação
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