“Somos uma empresa de pessoas e não uma linha aérea”
No primeiro dia do Maximídia 2022, John Rodgerson, presidente da Azul Linhas Aéreas, falou sobre como os líderes de hoje em dia são muito mais humanos
“Somos uma empresa de pessoas e não uma linha aérea”
BuscarNo primeiro dia do Maximídia 2022, John Rodgerson, presidente da Azul Linhas Aéreas, falou sobre como os líderes de hoje em dia são muito mais humanos
Amanda Schnaider
4 de outubro de 2022 - 19h02
O presidente da Azul Linhas Aéreas, John Rodgerson, esteve presente no primeiro dia do Maximídia 2022, nesta terça-feira, 4, para participar do Papo de CEO, onde falou sobre as características de um líder contemporâneo, o setor aéreo brasileiro, posicionamento de marca, ESG e disputa pelo mercado consumidor.
“Um líder hoje em dia é um líder muito mais humano e focado nas pessoas”, pontou o CEO. Segundo ele, as coisas mais “difíceis” podem ser feitas por um técnico, mas um líder tem que ser humano. “Tenho 13 mil funcionários dentro da Azul, e sempre falo que eles não podem ter um evento crítico na vida deles, sem ter uma ligação de um líder da empresa. Por exemplo, se sua mãe morre, deve ter alguém da empresa ligando para confortar, para saber como você está”, exemplificou.
Não são só os líderes que devem ser humanos, a própria empresa também tem que ser, de acordo com o presidente. “Sempre falo que somos uma empresa de pessoas e não uma linha aérea. Se você pensa como linha aérea vai perder o fator humano, e o fator humano faz a maior diferença dentro de uma empresa”.
A pandemia de Covid-19 trouxe uma crise expressiva para o setor aéreo. Com a queda acentuada nos voos durante esse período, a Azul ficou nove meses em receita alguma. “Imagina uma empresa do nosso tamanho, com quase 14 mil funcionários, 165 aeronaves e nove meses sem receita, e depois quando achávamos que tudo ia dar certo, o Putin decide invadir outro país, e o preço do combustível mais do que dobrou”, ressaltou Rodgerson.
Outro fator que impactou a companhia aérea foi a alta do dólar, visto que 60% de seus custos são dolarizados. “Ao renascer [da pandemia] tivemos que ser muito eficientes”. Essa eficiência impulsionou a transformação digital da empresa. Por exemplo, a Azul utilizou essa eficiência em seus aeroportos. “Nossos aeroportos têm 30% menos gente hoje do que tinha em 2020. É devido à transformação digital que fizemos. Tudo é feito por meio do aplicativo”, explicou o CEO.
Essa transformação digital e eficiência impulsionaram os negócios da companhia que, hoje, tem 30% mais voos do que tinha em 2019, ano que antecedeu a pandemia. “Nós estamos com mais passageiros, mais voos, porque o povo quer voltar a voar, mas queremos ser mais eficientes”.
Outro fator que tem impulsionado os negócios da Azul é a demanda reprimida e a digitalização dos passageiros. “Hoje em dia que todo mundo é mais digital, mais flexível, a pessoa pode sair um dia antes, pode trabalhar remoto. Essa flexibilidade está trazendo mais demanda para o nosso setor”, confessou Rodgerson.
A Azul sempre foi conhecida por ter mais voos regionais em relação aso suas concorrentes. Ao ser questionado por Salles Neto, CEO do Grupo Meio & Mensagem, porque a companhia segue essa estratégia, o presidente da linha aérea afirmou: “Porque queremos voar onde podemos ganhar dinheiro”.
O executivo ainda pontuou que maioria dos seus concorrentes focam em voos para três lugares do Brasil, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. “Para nós, o Brasil é muito maior”, reforçou. A estratégia da empresa foi ir para aeroportos que ninguém voava, fabricando suas aeronaves dentro do País, chegando a muito mais destinos nacionais.
Apesar disso, Rodgerson enfatizou que as companhias aéreas brigavam muito antes, mas que agora brigam para sobreviver, visto o momento instável pelo qual passaram. “Quando se fala em competir, para nos é muito importante ter uma qualidade maior que os nossos concorrentes. Somos a empresa aérea mais pontual do mundo”, comentou ressaltando que a empresa oferece um produto diferenciado para os seus consumidores. “O que queremos sempre fazer é posicionar a marca com qualidade. Se associar com outras marcas muito fortes”, salientou o executivo. Hoje, por exemplo, a Azul tem quatro aeronaves criadas em parceria com a Disney.
Além da qualidade do serviço, outro ponto muito importante para os consumidores brasileiros atualmente é a preocupação da empresa com os conceitos que regem o ESG e o que ela está fazendo para tornar o mundo um lugar melhor.
Dentro do ESG, o S, de social, é o foco atual da Azul. “Estamos, hoje, em 150 cidades do País, desenvolvendo parte do Brasil que nunca tiveram serviço aéreo antes”, destacou o CEO. Apesar de a parte social ser relevante para a empresa, o lado ambiental também tem importância para a companhia, que tem uma frota eficiente, mas que ainda queima carbono. “Não posso fabricar uma aeronave, hoje, que não queime carbono, mas estou focado em muitas outras coisas para ter um país melhor, muito mais sustentável daqui para frente”.
Uma dessas iniciativas em que Azul está apostando é na doação dos próprios funcionários da empresa para pagar os estudos de outros funcionários, para os ajudarem a alavancar suas carreiras. “Estamos tirando pessoas do call center, do aeroporto, técnicos de manutenção e estamos formando eles como pilotos. Imagina como isso vai mudar gerações?”Atualmente, dois mil funcionários da empresa participam dessa doação mensal.
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