Os fatos de Mídia de 2013
Relembre os acontecimentos que movimentaram o setor dos veículos no ano
Relembre os acontecimentos que movimentaram o setor dos veículos no ano
Meio & Mensagem
20 de dezembro de 2013 - 10h52
Revoluções da Abril
Roberto Civita morreu em 26 de maio de 2013, aos 76 anos. Presidente do conselho e principal líder do Grupo Abril nos últimos 20 anos, seu falecimento marcou um dos períodos mais agitados da história recente da empresa. Após a nomeação de seu filho, Giancarlo, à presidência em seu lugar, seguiu-se uma intensa movimentação nas diretorias. Todas as áreas da Abril Mídia ficaram submetidas ao presidente Fábio Barbosa. Mudanças nas unidades cortaram 70 cargos, a maioria executivos, mas fortaleceram diretores como Thaís Chede, Helena Bagnoli e Cláudia Vassalo e trouxeram de volta Rogério Gabriel Comprido para comandar as segmentadas. Em agosto, a Abril descontinuou quatro títulos — Alfa, Bravo, Lola e Gloss —, demitindo mais 150 pessoas; em outubro, devolveu a marca MTV à Viacom e esvaziou seu prédio em São Paulo. Passagens amargas num ano em que também se comemorou. Três marcas celebraram efemérides robustas: 50 anos de Contigo, 45 de Veja e 40 de Melhores & Maiores, da Exame. A Abril Educação comprou a rede Wise Up, o Grupo Espanhol RBA associou-se à Abril Coleções, a editora lançou a regional Veja Brasília e revistas especiais da Copa, com circulação de milhões de exemplares. Sua plataforma de banca digital, o Iba, se expande em volume e parcerias, e a editora se torna a casa nacional do Huffington Post, portal informativo internacional que estreia versão brasileira em janeiro. Para fechar 2013, a revista Exame ganhou o prêmio de Mídia Impressa na mesma edição do Caboré em que Roberto Civita foi homenageado in memoriam, em cerimônia repleta de emoção.
Novo comando global
Uma nova era começou para a Rede Globo logo em janeiro ano de 2013. Octávio Florisbal, nome querido pelo mercado, deixou o posto de diretor-geral da empresa após seis anos no comando do grupo de comunicação. Em seu lugar, assumiu Carlos Henrique Schroder, que comandava a direção-geral de jornalismo e esportes. O executivo estreou o ano com relevantes modificações nos quadros da empresa: já em janeiro trouxe Sergio Valente, que deixou a presidência da DM9DDB, para assumir a comunicação da Globo. O publicitário montou sua equipe com nomes fortes do mercado, como Mariana Sá, que deixou a Lew’Lara\TBWA, e Carla Sá, egressa da F/Nazca. A influência desse time sobre a identidade visual, vinhetas, ações e campanhas da emissora ficou evidente no decorrer do ano. Na área comercial, Willy Haas, antes diretor-geral de comercialização, passou a responder pela direção-geral de negócios e comercialização. A área passou a atuar junto ao mercado de forma mais ampla, visando apoiar o desenvolvimento do modelo brasileiro de publicidade.
Adeus ao doutor Ruy
A morte de Ruy Mesquita, um dos últimos representantes da era de ouro dos jornais, acentuou o momento complicado vivenciado pelo Grupo Estado em 2013. O diretor de opinião do Estado de S. Paulo e um dos acionistas do grupo faleceu aos 88 anos, em decorrência de um câncer, e permaneceu frequentando a sede da empresa até o agravamento da doença. Mesquita atravessou seis décadas como jornalista e pertencia à terceira geração da família na liderança do conglomerado. Meses antes do falecimento do executivo, o jornal apresentou um projeto ligeiramente mais enxuto, com redução estimada em 10% dos custos logísticos e industriais da publicação, ainda que tenha aumentado o volume de três de seus principais cadernos. Hoje, a meta do grupo é superar a fase de transição digital e ganhar fôlego para investimentos futuros. Em entrevista a Meio & Mensagem, Francisco Mesquita Neto, atual diretor presidente e acionista do Grupo Estado, negou que os ativos do jornal estivessem sendo negociados com a Infoglobo, boato que tem circulado no mercado — o grupo Itaú Unibanco seria outro interessado.
Mobiliário urbano volta a São Paulo
Relógios de rua, abrigos e pontos de ônibus de São Paulo voltaram a receber publicidade em 2013. Suspensa desde a promulgação da Lei Cidade Limpa pelo prefeito Gilberto Kassab, em 2006, o setor aguardava ansioso o retorno da cidade ao mercado, que poderia ter efeito sobre toda a cadeia. De fato, segundo o Projeto Inter-Meios, os investimentos em mídia exterior alcançaram R$ 487 milhões no primeiro semestre, um crescimento de 11,51% em comparação com 2012, impulsionado pelos setores de painéis, que cresceu 48,71%, e mobiliário urbano, com alta de 29,13%. Em março, o consórcio Pra SP divulgou oficialmente a marca Otima, empresa formada por Odebrecht, Grupo Bandeirantes, Kalítera Engenharia e APMR, como responsável pela venda de mídia em pontos de ônibus paulistanos pelos próximos 25 anos. Entre as atribuições está a substituição de 6,5 mil abrigos e a implantação de mil novos, além de instalar 12,5 mil totens e conservar as calçadas ao redor, com investimentos em R$ 636 milhões. A JCDecaux ganhou a licitação para instalar mil relógios de rua na cidade, pagando R$ 300 milhões pela outorga de 25 anos.
Netflix e a conquista dos VODs
Em fevereiro, quando a Netflix lançou sua primeira produção original, a série House of Cards, seu diretor de conteúdo, Ted Sarandos, disse que a plataforma queria “se tornar a HBO antes que a HBO virasse a Netflix”. Em abril aconteceu: a empresa de video on demand (VOD) ultrapassou a programadora em 500 mil assinantes. Hoje, 40 milhões de pessoas em todo o mundo assinam ao Netflix e House of Cards se tornou a primeira série produzida para internet a ganhar um Emmy. O Brasil se destaca entre os 41 mercados da empresa e recebeu o primeiro escritório internacional da plataforma. Desde sua chegada ao País em setembro de 2011, o serviço investiu em dublagem e na diversidade de catálogo, fazendo parcerias com produtores de conteúdo brasileiros. Também realizou e lançou uma produção nacional, A Toca, pioneira no mercado latino-americano. Apesar de despontar, a Netflix concorre num mercado em franca expansão, onde marcas como Claro, Sony, Globosat e Net também atuam com plataformas VOD.
Só deu porta dos Fundos
De um coletivo focado no humor a uma produtora com roteiros pensados para as marcas, o salto do Porta dos Fundos em 2013 foi gigantesco. O primeiro projeto feito para uma empresa foi ainda em outubro de 2012, com o Spoleto. O roteiro ironizando o modelo de atendimento da rede teve mais de sete milhões de views. De lá para cá, surgiram trabalhos para anunciantes como LG, Fiat, Visa, LG, Itaipava, Kuat, OLX, Estomazil, Mabel, Pão de Açúcar, Wise Up e Rossi. Com tantas produções associadas a marcas, houve quem criticasse o excesso de campanhas. Mas os cases se sucederam e geraram mais hits, como o vídeo para a Vivo, que beira 5,3 milhões de visualizações. Hoje, seu canal principal (são seis ao todo) está entre os mais vistos do YouTube no Brasil, com mais de seis milhões de pessoas inscritas. O roteiro mais popular do grupo, com mais de 12 milhões de views, é Na Lata, em que Fábio Porchat faz piada com as latas personalizadas da Coca Zero. Criado em março de 2012, o Porta dos Fundos passou a lucrar apenas em seu quinto mês de existência. Agora, o grupo possui livros, produtos licenciados e prepara um longa-metragem e uma série.
Marco civil: conexão instável
O Marco Civil da Internet chegou pela primeira vez à Câmara dos Deputados em 2011 e, desde então, a matéria vai e volta sem nunca ser votada. Em junho, porém, as revelações sobre os acessos da NSA às informações digitais de milhões de pessoas soaram o alerta vermelho do Palácio do Planalto, e Dilma Rousseff deu caráter de urgência ao trâmite da regulamentação digital. Isso significava que outros textos só seriam examinados pela Câmara quando o projeto fosse votado. Foram incluídos novos tópicos, como a possibilidade de a presidente determinar, por meio de decreto, que empresas de tecnologia construam em território nacional estrutura para hospedagem de dados. Manteve-se a neutralidade da rede, um dos pontos mais combatidos pelas empresas de telecom, que assegura ao usuário o direito de acessar qualquer tipo de conteúdo, sendo a velocidade de conexão sua única limitação. O relator, Alessandro Molon (PT-MG) apresentou um texto final em 5 de novembro, mas o esforço não rendeu: a Câmara voltou a divergir e o Marco foi novamente adiado. Em dezembro os deputados pediram a retirada do caráter de urgência e disseram que a votação fica para 2014.
Um novo lar para as AMs
Um decreto assinado por Dilma Rousseff em 7 de novembro autorizou a migração de cerca de 1,8 mil rádios AM para FM. A medida representou uma esperança para um setor que viu sua audiência despencar nos últimos 30 anos, atraída pela qualidade das rádios FM e pela interatividade da internet, lugares para os quais também se transferiram as verbas publicitárias. Apesar de não ser obrigatória, a migração espera atrair a maior parte das AM brasileiras, num processo que deverá ser conduzido ao longo do próximo ano. Para seu pleno sucesso, porém, empresários querem negociar com o governo linhas de crédito para a troca de equipamentos e a liberação da faixa de 76 a 88 MHz, onde hoje estão os canais cinco e seis de TV analógica, para realocar emissoras AM em áreas de alta densidade no espectro. Os obstáculos, no entanto, não superam o otimismo do setor, que considerou o decreto um marco na história da radiodifusão brasileira.
Globo reconhece erro histórico
Em agosto, o jornal O Globo publicou um texto que surpreendeu. No editorial, as Organizações Globo admitiam que seu apoio ao Golpe Militar de 1964 havia sido um erro. O mea-culpa teve ampla repercussão e foi, posteriormente, reproduzido nos demais veículos do grupo, sendo lido ao vivo inclusive no Jornal Nacional. A atitude surpreendeu por quebrar o silêncio mantido pela empresa em relação ao seu comportamento no período da ditadura, no que seguiu boa parte da grande imprensa brasileira. A atitude foi considerada uma resposta aos ataques que a Globo sofreu durante as protestos que tomaram as ruas brasileiras semanas antes, embora esse argumento não encontre respaldo oficial. O texto, por outro lado, explicou que a Globo convivia com esse peso de consciência há tempos e aguardava o momento certo para fazer as pazes com a sociedade. Se não foram a causa, as manifestações foram, no mínimo, um argumento poderoso para que o referido momento só chegasse em 2013.
GfK: novo player de audiência
Em breve, o Ibope não estará mais sozinho na medição de audiência televisiva do Brasil: a GfK, gigante alemã do setor de pesquisas, enxergou o potencial de mercado do setor e desde 2012 faz estudos para trazer seu serviço ao País. Ao começar a dialogar com as redes de TV, a empresa europeia deparou-se com emissoras que, há tempos, desejavam contar com uma segunda avaliação dos dados que servem como parâmetro para seus negócios. Em dezembro, a GfK fez um acordo de intenções com SBT, Record, Bandeirantes e RedeTV (na foto, Fabio Wajngarten, sócio do Controle da Concorrência, encontra no Brasil Dominique Vancraeynest, head da GFK) Num primeiro momento, a Globo, líder de mercado, só observa. No próximo ano a amostra de seis mil domicílios deverá ser estruturada em todo o País e começarão as aferições no Rio de Janeiro e em São Paulo.
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