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E se as agências surgissem hoje, como seriam?

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Opinião

E se as agências surgissem hoje, como seriam?

O mantra administrativo seria a simplificação. Pois se não for essencial, não precisa


29 de abril de 2016 - 16h01

Estou com essa pergunta do título na cabeça já faz algum tempo. Justamente porque nossa atividade nunca foi tão desafiada — pelas dificuldades econômicas, pelos clientes, pelas práticas de nossos pares. Tudo certo, é natural nos questionarmos, ainda mais nesse mundo globalizado.

Mas, se fôssemos juntos reconstruir o negócio das agências, como seria? Ah, pergunta boa para responder. Cada um tem seu leque de respostas. Segue o meu.

O principal produto sempre foi — e sempre será — a geração de ideias que transformam negócios. Ah, você pensou que fossem só os negócios do cliente, certo? Pois bem, da agência também. Temos esse direito, pois criamos ideias que fizeram surgir, fortalecer e crescer muitas marcas, empresas e agências.

Mas como seriam os cargos nessa nova agência? Acredito que todos seriam ideia algo. Por exemplo: idea manager, idea planner, idea developer, idea engager, idea producer, idea amplifier, idea enablers. Você já sabe aí qual seria sua função nessa lista?

A agência nasceria totalmente digitalizada. Sem aquela discussão sem fim sobre se aquela agência ou pessoa é off, on, digital, etc. Só haveria in e out. Afinal de contas, a internet já tem 22 anos e essa discussão tem de acabar.

Todos, sem exceção, teriam conhecimento de marketing, negócios e finanças. Muitos também com especialização em engagement planning, social development, gamification, modelos de open sourcing e outras coisas mais oriundas do mundo das startups.

Além do mais, toda ideia só alcançaria o status de ideia quando saísse do papel para se tornar realidade, quando fosse apresentada aos consumidores e ao mercado. Antes disso, seria uma ideia em potencial, mas ainda com um longo trajeto pela frente.

E o pré-teste, tão odiado, como seria? Com certeza não teria a função de um farol de trânsito como é hoje. O pré-teste seria um simulado da ideia, em real time, só para afinar detalhes.

O SXSW seria tão importante quanto Cannes. Aliás, os millennials talvez fossem os curadores de seu próprio festival de criação — ou melhor, Festival de Ideias —, com votação virtual por meio de alguma megamarca de rede social.

O mantra administrativo seria a simplificação. Pois, se não for essencial, não precisa. E análise de rentabilidade incluiria também uma análise da rentabilidade das ideias: quanto custaram — equipe interna, visitante, open source —, e quanto geraram de retorno.

A agência seria remunerada também pela efetividade da ideia. E já que as ideias transformam os negócios, a agência receberia um percentual das vendas que cada ideia gerou e não um percentual multiplicador do fee, como é hoje em muitos casos.

A agência teria praticamente um lugar no board dos anunciantes. Pois as ideias valem cada vez mais. Seria também duramente criticada, caso a ideia não funcionasse. Mas pelo menos seu papel e sua contribuição seriam supervalorizados, em todos os sentidos. Seria a volta do relacionamento no primeiro escalão.

Para vencer os desafios, precisamos nos dedicar cada vez mais ao que melhor fazemos: vender ideias que transformam os negócios. Pois uma coisa é certa. Se as agências estivessem aparecendo somente agora, muitas coisas não existiriam também. Não existiriam as grandes marcas. Não existiriam os grandes negócios. Não existiriam muitos dos produtos e tecnologias que hoje conhecemos. Esse é o valor do que fazemos.

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