“Olivetto é uma grande fusão da criatividade brasileira”

Querido Washington,

Em 2018, trocamos alguns e-mails que foram publicados na revista Época. Aquela troca estreitou nossa amizade, depois mais bem regada a boas histórias em mesas de jantar ao longo desses anos.

Este é mais um daqueles e-mails que lhe escrevo. Embora deste você já saiba o conteúdo antes mesmo de estas letras chegarem à minha tela. É que imagino que agora você leia sentimentos e pensamentos sem precisar de meros detalhes, como palavras.

Portanto, não sei se escrevo para você ou para que eu mesmo leia.

Eu devo ter te contado, e se não contei meu pensamento o faz agora: você é para mim uma grande fusão da criatividade brasileira. Você sabe falar e ficar, comunicar o que o brasileiro entende, gosta e repete. Repete porque gosta, e gosta porque entende o que antes não sabia.

Não precisava ser tanto, e antes de você não era.

Nada muito diferente de uma canção de sucesso, de um verso, de um gol de placa, ou da graça de uma piada. Qualquer coisa onde a mágica imponderável aconteça. Falamos muito sobre isso. E não por acaso os grandes da cultura mais brasileira veem você como um igual. Desde lendários jogadores de futebol a escritores, atores e sambistas. Isso eu aprendi com você: que, dentro da nossa profissão, é possível entrar para a linguagem de um povo, “porque ele é que fala gostoso o português do Brasil”. Com você eu entendi que nossa profissão pode ter um jeito de corpo que vira dança.

Você é maior do que a publicidade: você é do tamanho da nossa música.

Hoje recebi do nosso amigo Pedro Carmo um vídeo caseiro em que você dançava com a Patrícia, e eu com a Letícia. Essa é a dança que levo comigo, junto com a alegria de ter ouvido sua música. E de ter sabido escutar. Como você agora me escuta antes das palavras chegarem à ponta dos dedos.

Um grande abraço deste aluno, colega e — para encanto do fã que sou — amigo.

Dedé