Quando comprar vira jogo
Como a gamificação está migrando do status de tendência para o de ser parte da expectativa do público
Nos últimos anos, uma tendência nascida na Ásia se espalhou pelo mundo e ganhou força no Brasil: a experiência de compras gamificada. Não se trata apenas de distribuir descontos ou brindes, mas de transformar cada clique em uma experiência lúdica, quase como participar de um game, com recompensas reais e diversão em cada etapa. Em tempos em que consumidores buscam experiências mais personalizadas e emocionais, esse formato faz toda a diferença.
Os números comprovam a força desse movimento. O mercado global de gamificação movimentou cerca de US$ 16 bilhões em 2024 e pode chegar a US$ 190 bilhões até 2034, crescendo mais de 27% ao ano. Quase um em cada dez consumidores já considera elementos lúdicos decisivos ao comprar online. Ou seja, gamificar não é apenas tendência: virou parte das expectativas do público.
Na China, onde a gamificação se desenvolveu de forma inovadora, plataformas de e-commerce criaram caças ao tesouro com realidade aumentada, levando consumidores a buscar prêmios escondidos em locais físicos por meio do celular. Minigames de cultivo virtual também se tornaram populares: usuários cuidam de plantas ou pets digitais e, ao cumprir metas, ganham benefícios no mundo real, como produtos ou até árvores plantadas em seu nome.
Empresas de delivery e serviços locais inovaram ao propor missões baseadas em geolocalização. Quem faz check-in em restaurantes, lojas ou cafés desbloqueia selos digitais e sobe em rankings de recompensas, tornando a experiência entre o digital e o presencial ainda mais envolvente. Já marcas de moda e beleza apostaram em desafios criativos de customização, em que consumidores votam em tempo real nos designs favoritos. As peças mais escolhidas são produzidas em edições limitadas, e quem interage ganha recompensas exclusivas ou acesso antecipado.
O universo das lives promocionais foi além da transmissão tradicional: durante campanhas, o público participa de quizzes, sorteios-relâmpago e votações para desbloquear ofertas e brindes, tornando a audiência protagonista da ação. Além disso, aplicativos de compras coletivas criaram rankings e desafios em grupo, estimulando amigos a se unirem para conquistar descontos maiores e prêmios especiais, valorizando o reconhecimento social e o senso de comunidade.
Para as marcas, os ganhos vão muito além do engajamento. A gamificação aumenta o tempo de navegação, fortalece vínculos e aprofunda a relação emocional com o consumidor, além de gerar dados valiosos para personalizar
ofertas e experiências. No Brasil, esse movimento encontrou solo fértil, mas ainda há espaço para explorar novas possibilidades. O desafio é equilibrar diversão e resultado prático: não basta entreter, é preciso entregar valor real. O consumidor brasileiro gosta de participar, interagir e sentir que faz parte da jornada, sempre atento ao que acontece no mercado global e pronto para experimentar novas dinâmicas.
A gamificação já é realidade no varejo. Marcas que conseguem transformar a jornada de compra em algo envolvente, divertido e recompensador conquistam não somente a atenção, mas também o coração e a preferência do consumidor.