São João: a hora do Nordeste

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Opinião

São João: a hora do Nordeste

O Nordeste se prepara para promover o maior São João de todos os tempos: é muito maior do que você pode imaginar


22 de maio de 2024 - 6h00

Quando o assunto é São João, o nordestino é versado: é hora de pegar a estrada para os nossos agrestes e sertões. A festa, de santo e de orixá, este ano ganha força total e começa antes mesmo do mês de junho.

A partir do dia 29 de maio, já é possível dançar um xote com a sanfona de Flávio José, um dos maiores expoentes do forró, em atividade há mais de 50 anos. No dia 1º de junho, Caruaru abre os caminhos com a presença do mesmo artista, seguido por Carlinhos Brown.

Uma dúvida comum entre marinheiros de primeira viagem é: devo conhecer o São João de Caruaru ou de Campina Grande? Na dúvida, fique com os dois. Distantes apenas 120 km, as duas cidades estão facilmente conectadas e são dignas de visita. Eu mesmo não consigo escolher direito até hoje a minha preferida.

Diferente do Carnaval, que se concentra mais em cidades do litoral, como Recife, Olinda e Salvador, o São João é uma festa que transforma o mês de junho em muitas cidades do Nordeste. Patos (PB), Mossoró (RN), Cruz das Almas (BA), Arcoverde (PE), Gravatá (PE) e outras costumam sediar festas memoráveis. Pelo Maranhão, os sotaques do bumba meu boi tomam conta das cidades.

Para não-nordestinos, é o momento de reconhecer um outro tipo de Brasil, ver o interior do Nordeste com muita pujança e protagonismo, e colocar sua cultura em primeiro lugar, contrapondo-se às narrativas de esquecimento e abandono que fazem parte do imaginário sudestino sobre o Nordeste.

Para quem já é de casa, é o momento de levar os filhos para conviver com bisavós, comer um bode no sítio cuja cerca precisa de reparo, beber no coreto da cidade, comemorar a vegetação verde nas estradas e as obras de distribuição de água, e observar as mudanças que as pequenas cidades hoje desfrutam, como a universidade. E trabalhar.

No mundo das marcas e do conteúdo, é hora de ver rostos diferentes do habitual eixo Rio-SP protagonizando campanhas e narrativas com outros sotaques. Este tipo de letramento é necessário a todos que desejam entender a verdadeira riqueza cultural da região, ou mesmo que estejam planejando ações de marketing relacionadas ao tema. O São João pode ser a porta de entrada para ter contato com novos players de música como o SuaMúsica – a versão nordestina do Spotify – e procurar entender por que o forró, o piseiro e outros gêneros da música movimentam bilhões de reais por ano.

Esse momento do São João é importante para artistas em todos os níveis, desde medalhões como Elba Ramalho e Dorgival Dantas, até aqueles que não necessariamente trabalham a temática do forró o ano inteiro. Para alguns, é a oportunidade de fazer projetos mais relacionados à temática “Nordeste” e oxigenar as contas para investir em projetos mais autorais durante o ano, uma estratégia corriqueira para quem ainda está às margens do poderio econômico sudestino e deseja viver de sua arte. São João é época de colheita.

O São João é mais do que uma festa; é uma força econômica significativa para o Nordeste. Estima-se que a festividade movimente mais de R$ 1 bilhão, gerando emprego e renda para milhares de pessoas, desde músicos e artistas até comerciantes e pequenos empresários. A festa também promove um impacto social positivo, fortalecendo laços comunitários e preservando tradições culturais. As cidades recebem um fluxo intenso de turistas, o que impulsiona o setor hoteleiro, gastronômico e de serviços. Além disso, o São João contribui para a autoestima regional, valorizando e difundindo a riqueza cultural do Nordeste para o restante do Brasil e do mundo.

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