Como aprender a usar a inteligência artificial no trabalho?
Especialistas dão dicas aos profissionais que querem começar a trabalhar com a tecnologia para incrementar suas atividades diárias
Como aprender a usar a inteligência artificial no trabalho?
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Renan Honorato
4 de outubro de 2024 - 8h14
Com o impacto da inteligência artificial (IA) sendo reverberado em múltiplas áreas, desde da tecnologia e desenvolvimento até ao atendimento e produção criativa. Muitos profissionais se questionam: como posso trabalhar a IA no trabalho? Para responder à essa e outras questões, a reportagem buscou os principais especialista do setor.
Há algumas semanas, a Microsoft, em parceria com o LinkedIn, divulgou o Índice de Tendências de Trabalho 2024. De acordo com a pesquisa, a rede social notou o aumento significativo de profissionais adicionando habilidades relacionadas à IA no currículo. De fato, os gestores afirmaram à pesquisa que não contratariam profissionais que não tenham essa competência no currículo. O levantamento ouviu mais de 31 mil pessoas em mais de 30 países, incluindo o Brasil.
A dupla André Chaves, fundador da Future Hacker, e Domenico Massareto, fundador da Rain AI, criaram uma joint venture: a AI-Book. Além disso, a reportagem consultou o professor de IA na gestão de projetos da Fundação Vanzolini, André Ricardi. Confira quais as dicas dos executivos para trabalhar a inteligência artificial.
“A melhor maneira de trabalhar com a inteligência artificial numa tarefa é saber como executar a mesma tarefa sem inteligência artificial. Isso vai dar para a pessoa a capacidade de extrair o máximo da tecnologia” diz André Chaves, fundador da Future Hacker.
“É importante ter clareza de quais partes de uma determinada tarefa de trabalho são mais apropriadas para humanos e quais partes são mais apropriadas para inteligência artificial. Tentar substituir inteligência humana por artificial não apenas é arriscado como, em geral, é um pensamento superficial” diz Domenico Massareto, da RAIN.
“Um bom ponto de partida é estudar como a IA pode otimizar o trabalho diário. Por exemplo, em marketing digital, a IA já é amplamente usada para automatizar campanhas de anúncios, personalizar experiências para os clientes e analisar grandes volumes de dados de comportamento de consumidores. No entanto, é essencial saber que IA exige dados de qualidade para funcionar corretamente. Dados mal estruturados ou incompletos podem resultar em previsões incorretas e decisões equivocadas”, diz André Ricardi, Fundação Vanzolini.
“Teste a IA em um projeto menor antes de escalá-la. Um bom exemplo no marketing é começar com uma campanha de anúncios segmentada por IA, em vez de aplicar a tecnologia a todas as campanhas de uma só vez. Isso ajuda a mitigar riscos e medir o retorno antes de um investimento maior. Além disso, use ferramentas que já estão no mercado. Não precisa reinventar a roda. Existem ferramentas como o Google Ads, que já possuem IA integrada para otimização automática de anúncios. Plataformas como HubSpot e Salesforce também oferecem automações baseadas em IA para campanhas de marketing personalizadas”, diz André Ricardi.
“Tentar inserir a inteligência artificial no processo de trabalho, mas fazendo o máximo para diminuir as eventuais fricções do processo, para que as pessoas tenham uma experiência simples, amigável e descomplicada na hora do uso” diz André Chaves.
“Ter a consciência de que é preciso escolher a ferramenta certa para a função desejada. E aceitar que em muitos casos a inteligência artificial nem seja a melhor opção. Tentar usar por usar não apenas não irá trazer melhores resultados, como poderá traumatizar o time e criar aversões futuras à ferramenta” diz Domenico Massareto.
“Pra mim existem dois grandes conjuntos de interesses aos quais as pessoas precisam estar atentas na hora de trabalhar com a I.A. O primeiro é tudo o que é relacionado com a tecnologia e sua aplicação no trabalho. Questões como: ética, impactos sociais, viabilidade e aplicabilidade técnica etc. O outro conjunto de interesses está relacionado à disciplina ou função específica com a qual a pessoa trabalha. É um profissional de Marketing? Como a I.A. impacta a propagação de mensagens, saúde mental das pessoas, consumo consciente, construção de marca, entre outros temas. É da área da saúde? Negócios? Educação? É um momento fascinante para que trabalhadores intelectuais repensem o seu papel” diz Domenico Massareto.
“A pessoa precisa estar interessada em entender como ela pode preparar o contexto de trabalho para que a I.A. aprenda e melhore cada vez mais. Além disso é importante que a pessoa exerça o pensamento crítico para avaliar constantemente se os resultados da I.A. correspondem à realidade” diz André Chaves.
“Em marketing, o uso de IA precisa ser transparente para o consumidor. Um exemplo claro é o uso de chatbots para atendimento. Os consumidores precisam estar cientes de que estão interagindo com uma IA, e não com um humano. Isso ajuda a construir confiança e evita expectativas não atendidas. Além disso, a IA Generativa ainda está em evolução, e pode lhe fornecer informações falsas ou inconsistentes. Valide sempre as fontes, os links e a informação em si, se não for um especialista na área. Não confie cegamente nas respostas que receber”, diz André Ricardi.
“Um bom ponto de partida são as dores dos processos de trabalho. Analisar cada função e tarefa do time para entender os pontos mais eficientes de aplicação da tecnologia e os seus impactos tanto nas pessoas quanto no negócio” diz André Chaves.
“Quando um profissional quer trazer a IA à discussão com os gestores, o primeiro passo é mostrar como ela pode agregar valor ao negócio. No marketing, isso pode significar economizar tempo e recursos, aumentar o retorno sobre o investimento (ROI) ou melhorar a experiência do cliente. Ao invés de focar em como a tecnologia funciona, é importante pain pointsultados tangíveis. Por isso, identifique as áreas de dor, proponha um projeto piloto, use exemplos de sucesso e mostre os benefícios para o negócio”, diz André Ricardi.
“Tendo consciência e honestidade em relação ao ‘alinhamento’ com a inteligência artificial. Nem sempre a inteligência vai operar alinhada aos interesses de negócio da empresa. Muitas vezes ela irá inclusive ir contra esses interesses. Exemplo: uma empresa que cobra hora humana de seus clientes, vai se ver ameaçada em relação à I.A. que executa tarefas sem precisar de pessoas e em segundos. Entretanto, os concorrentes que adotarem a I.A. também irão ameaçar o seu negócio. Por isso é importante exercitar essas aplicações desalinhadas mesmo que elas pareçam nocivas ao modelo atual de negócio. Como dizem ‘se alguém pode matar o nosso negócio, que sejamos nós mesmos” diz Domenico Massareto, RAIN
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