Tecnologia x solidão: quais são os limites da conexão?
Enquanto a inteligência artificial avança em ritmo cada vez mais acelerado, pesquisadores alertam para a crescente da solidão na vida cotidiana
Tecnologia x solidão: quais são os limites da conexão?
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Taís Farias
17 de abril de 2024 - 11h09
Em novembro do ano passado, a pesquisa Estado das Conexões Sociais, da Gallup em parceria com a Meta, apontou que, globalmente, 72% pessoas se sentem muito ou bastante conectadas. No entanto, na outra ponta, 24% dizem estar muito ou bastante solitárias.
Para os especialistas, essa é uma tendência crescente. À medida que a tecnologia evolui em alta velocidade e se aproxima das funções humanas, a intenção de interligar pessoas, ao contrário, faz com que fiquem mais distantes. No ano passado, o cirurgião norte-americano Vivek Murthy produziu um alerta sobre os riscos de crise de saúde pública da solidão, isolamento e falta de conexão no país.
O movimento é tão intenso que recebeu a dnminação de “epidemia da solidão”. Para Radha Agrawal, cofundadora e CEO do Daybreaker, o quadro advém de instituições e da sociedade que fomentam competitividade, violência, extremismo e individualismo.
Assim, as escolas, com o estímulo à competitividade, mídia e o governo, que favorecem a polarização, seriam responsáveis pelo avanço da desconexão. Tudo isso, naturalmente, teve impulso a partir da pandemia da Covid-19 e seus desdobramentos. A tecnologia também estaria na raiz desse problema.
De fato, no South by Southwest 2024, a terapeuta e autora de best-sellers Esther Perel abordou o tema. “A outra IA deste tempo é o surgimento da intimidade artificial, que se refere às experiências que temos atualmente, que são, na verdade, pseudoexperiências. Elas deveriam nos dar a sensação de algo real, mas não o fazem. Quando você fala comigo sobre algo profundamente pessoal e eu respondo com um simples ‘entendi’, isso pode parecer insatisfatório e frio e distanciar ainda mais essas pessoas”, afirmou, no palco do evento.
Um relatório da Bain & Company apontou que, nos Estados Unidos, três em cada cinco adultos se sentem sozinhos. 70% dos usuários de redes sociais também afirmam se sentir da mesma forma. No Canadá, um em cada dois pesquisados diz confiar em poucas pessoas ou em ninguém da sua vizinhança.
Ainda, a desconexão já apresentaria resultados palpáveis. O estudo mapeou o declínio do hábito de sair com os amigos. Em Nova York, por exemplo, US$ 24 milhões de recursos que iriam para as livrarias públicas foram cortados, ou seja, porque em menos público.
Por fim, o Japão anunciou, em 2021, seu primeiro ministro da Solidão. Em contrapartida, o mesmo estudo aponta que as pessoas encaram a automação como alternativa para se sentirem menos sobrecarregadas.
Ex-vice-presidente da Amazon Web Services (AWS) e atual diretora de operações da Unstoppable Domains, Sandy Carter, fala sobre a solidão e o distanciamento emocional ao narrar o início do que seria a era experiencial.
Com a evolução da IA e de tecnologias imersivas, que tiveram mais impulso com o lançamento do Apple Vision Pro, as experiências no mundo virtual se tornam mais ricas em sensações. O termo AI Companion já é usado para definir tecnologias que surgem, exclusivamente, para fazer companhia para as pessoas da maneira mais realista o possível. “Posso ter uma companhia digital e trocar todos os dias, se eu quiser”, exemplificou Carter, em apresentação no SXSW 2024.
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