A Economia dos Criadores e o desafio da monetização com transparência
Em um mercado em crescimento acelerado, especialistas discutem soluções para tornar a precificação de conteúdo digital mais justa
Nos últimos anos, a economia dos criadores deixou de ser um nicho para se tornar uma indústria bilionária. Com a previsão de atingir US$ 500 bilhões nos próximos cinco anos, esse mercado vem atraindo cada vez mais marcas, plataformas e investidores. Mas, um dos grandes desafios permanece: como garantir que os criadores de conteúdo – os protagonistas da Creator Economy – sejam remunerados de maneira justa e transparente?
Esse assunto não ficou de fora do SXSW. Especialistas do setor discutiram as dificuldades da monetização, a falta de padronização nas métricas e a necessidade de maior transparência entre marcas e criadores. Observamos reflexões importantes sobre como tornar esse ecossistema mais sustentável, em busca de uma profissionalização do mercado. Afinal, não é incomum os criadores ainda relatarem relatam a falta de critérios claros na precificação de seus serviços, além de atrasos nos pagamentos e desigualdade na distribuição dos investimentos.
No painel “Pricing Transparency and Equity in the Creator Economy”, especialistas destacaram que a ausência de métricas padronizadas gera disparidades de valores entre os criadores. Christen Nino De Guzman, fundadora e CEO da Clara for Creators, apontou que a falta de regulamentação permite essas desigualdades, enquanto Jamie Gutfreund, fundadora da Creator Vision, criticou a migração de investimentos da mídia tradicional para plataformas digitais sem critérios claros de precificação.
Entre os principais desafios apontados, acho importante destacar esses abaixo:
- A clara falta de um padrão para a precificação do conteúdo digital;
- Atrasos nos pagamentos, que em alguns casos ultrapassam 120 dias;
- A dificuldade dos criadores em entender seu verdadeiro papel na estratégia das marcas;
- A necessidade de transparência nos contratos entre criadores, marcas e plataformas.
Mas, como reorganizar esse mercado em constante crescimento? Resgato aqui o que os especialistas sugeriram para tornar a economia dos criadores mais equilibrada:
- Definição de padrões de pagamento: é fundamental estabelecer diretrizes claras para evitar discrepâncias e garantir que criadores sejam remunerados de forma justa;
- Contratos transparentes: especificação de prazos e valores de pagamento, com regras claras para evitar que anunciantes atrasem pagamentos;
- Métricas mais precisas: indicadores que permitam avaliar o impacto real do conteúdo, promovendo investimentos mais estratégicos.
- Cocriação: criadores precisam ter acesso a seus próprios dados de performance para entender como seu conteúdo gera valor para as marcas.
Para pensar nesses formatos, precisamos também que os influenciadores entendam o seu papel no relacionamento com os demais players do mercado. O painel “Beyond the Buzz: Mastering Creator Economy Trends in 2025”, por exemplo, nos mostrou algumas perspectivas sobre o que realmente importa na avaliação do desempenho dos criadores. Em vez de focar apenas no número de seguidores ou curtidas, os especialistas reforçaram métricas mais estratégicas, como um engajamento autêntico e criação de comunidades, taxa de conversão e retenção de audiência. Essas métricas são essenciais para que marcas invistam de maneira mais inteligente e para que criadores tenham uma valorização condizente com seu impacto.
A discussão sobre monetização e transparência está bem aquecida. Tanto no Brasil quanto no exterior, os desafios são similares: enquanto marcas buscam resultados tangíveis, criadores buscam reconhecimento e remuneração justa. Para que esse mercado continue a crescer de forma sustentável, é fundamental que haja mais clareza na relação e atuação entre todos os seus agentes. A regulamentação pode ser um caminho, mas também é necessário um esforço coletivo para estabelecer boas práticas e garantir um ecossistema equilibrado para todos.