Cada escolha uma renúncia
O dilema de montar uma agenda em Austin sabendo que é impossível estar em tudo ao mesmo tempo
O dilema de montar uma agenda em Austin sabendo que é impossível estar em tudo ao mesmo tempo
10 de março de 2025 - 11h45
Esse ano faço minha estreia no SXSW, aqui em Austin nos Estados Unidos. O evento, todos sabem, já se tornou fixo do calendário de uma imensidão de brasileiros, especialmente do nosso mercado publicitário. Veículos, agências e clientes se misturam pelas ruas da cidade formando uma grande comunidade brasileira.
Quando soube que viria para cá me parecia que a vinda ao evento seria algo fácil, mas agora entendo que estar aqui também pode ser algo bem difícil. O festival oferece uma grande quantidade e variedade de temas que faz um marinheiro de primeira viagem como eu, se perder no meio da tanta informação. De duas semanas para cá estou sendo bombardeado por uma infinidade de agendas, mensagens, programações imperdíveis, esquemas para acessar os melhores eventos e dicas infalíveis para ver os mais desejados conteúdos e ativações de marcas. Fora os amigos e colegas se organizando para encontros e conexões.
Tudo ao mesmo tempo agora. Só a agenda oficial do SXSW merece algumas horas – talvez dias! – de dedicação, pois traz inúmeras coisas legais que todos querem ver. E não se iluda achando que uma vez a programação feita o “problema” está resolvido. Já ficou claro para mim desde a primeira manhã que a agenda por aqui é algo vivo, feita e refeita várias vezes ao longo da semana de acordo com novas dicas e sugestões. A essa altura já sei que o meu “SX” vai ser diferente do “SX” do meu colega ao lado. Melhor, pior ou equivalente, mas certamente, diferente.
Essa curadoria do que fazer – e do que perder – por aqui é um pouco aflitiva. Assim como na vida, cada escolha é também uma renúncia e isso gera um misto de alegria e ansiedade. Será que as minhas escolhas são as melhores? Essa é uma resposta que certamente os visitantes de Austin nunca terão.
Por outro lado, essa profusão de coisas tem me deixado bastante animado. É muito bom participar de algo assim e poder ter contato em primeira mão com tendências que chegarão ao dia a dia das pessoas só daqui algum tempo. Ou mesmo nunca chegarão. Muito do que tenho visto por aqui vai inspirar os próximos capítulos do mercado publicitário e do audiovisual, incluindo o cinema. Isso poderá ter impacto relevante no meu dia a dia daqui pra frente.
E os bons conteúdos não são apenas os relacionados ao mercado em que atuo. Apenas para citar um, já que esse texto não se propõe a trazer os conteúdos de Austin, no sábado vi as previsões do Scott Galloway, em uma das mais concorridas palestras que vi até aqui, para esse ano em diversas áreas, e foi o tipo de conteúdo que fez as pessoas que estavam ali pensarem. Por exemplo, ele falou da necessidade de as novas gerações quererem ter filhos, como um verdadeiro serviço a sociedade em diversos aspectos. É para pensar ou, não é?
Além disso, é muito legal participar de meia dúzia de grupos de Whtasapp repletos de pessoas que já conheço no Brasil. E é mais legal ainda ver que eu não conheço nem a metade das pessoas desses grupos e isso abre uma infinidade de novas conexões, que certamente gerarão conversas, que possivelmente gerarão negócios.
E para finalizar não posso deixar de falar sobre as ruas de Austin. Claro que me refiro as ruas do entorno do SXSW onde circulamos a todo instante passando de um evento para outro. As ruas ficam tomadas de pessoas de todo o mundo e os brasileiros marcam presença de forma massiva. É muito comum encontrar com aquele cliente que nunca conseguimos falar no Brasil em uma fila de espera, no food truck ou na calçada em frente a um dos locais do evento. E o mais legal é que esses encontros e desencontros na rua, são espontâneos, sem a necessidade de uma escolha ou uma renúncia.
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