Jane Fonda: arte e publicidade devem combater crise climática
Atriz se uniu a demais ativistas para apontar os culpados pela crise climática e ambiental, além de incentivar o público a se unir a causa
Atriz se uniu a demais ativistas para apontar os culpados pela crise climática e ambiental, além de incentivar o público a se unir a causa
Thaís Monteiro
14 de março de 2024 - 21h42
We don’t have time (Nós não temos tempo, em português). A frase é o nome para uma organização e plataforma de conteúdo que convida mais agentes a se tornarem parte da solução para a crise climática. Também foi a frase mais repetida pela atriz Jane Fonda, pelo ativista pelo clima, David Fenton, e pela CEO da We Don’t Have Time na América do Norte, Sweta Chakraborty, no painel “Hollywood and Activism: Insights from Jane Fonda, David Fenton, and Sweta Chakraborty”.
Jane Fonda é ativista de uma série de causas sociais. A climática talvez seja a mais recente. Em 2019, em estado depressivo diante das catástrofes climáticas nos Estados Unidos e inspirada por Greta Thunberg, ela decidiu usar sua plataforma enquanto artista e se unir a organizações que defendem o meio ambiente para convidar mais pessoas à causa.
Foi assim que, com o Greenpeace, criou o Fire Drill Fridays, uma iniciativa que visa unir ativistas, especialistas, cientistas, celebridades e o público geral para demandar que políticos pautem a emergência climática. A atriz também fundou o Jane Fonda Climate PAC, cujo objetivo é “derrotar apoiadores de combustíveis fósseis e eleger campeões do clima em todos os níveis do governo”, diz o site. “Eu ia nos protestos, mas eu sou Jane Fonda e tenho uma plataforma e sabia que eu não estava fazendo o suficiente”, contou.
Na conversa no SXSW 2024, os dois convidados e a moderadora do We Don’t Have Time acusaram a indústria de combustíveis fósseis de trazer danos pro clima e meio ambiente e cobraram o poder público em relação a isso.
Jane Fonda trouxe dados e reportagens que mostravam que a crise climática foi alertada por cientistas ainda em 1970, mas que foram ignorados. “As empresas continuaram furando e contrataram pessoas que trabalharam na indústria do tabaco para criar uma narrativa que nos convenceu de que: havia dois lados para a história, que os cientistas não estavam certos, que era a culpa do governo e dos consumidores. Somos a primeira geração a experienciar os efeitos da crise climática e somos a última geração que pode fazer algo sobre isso. Nós damos US$ 200 bilhões anualmente para essa indústria através de taxas e subsídios. Estamos pagando para eles ,que estão nos inundando, nos queimando e nos matando. Precisamos parar”, alertou.
De acordo com Fenton, ainda há muita desinformação em relação ao meio ambiente e a crise climática. Embora muitos norte-americanos estejam preocupados com tais questões, para ele, ainda há confusão, falta de educação pública sobre os temas e uma história mal contada pela mídia não especializada.
“A mídia não acusa as empresas que exploram combustíveis fósseis. Além disso, a cobertura sobre a mudança climática cai ano a ano. Cientistas não falam em uma linguagem simples. Precisamos simplificar a explicação sobre o problema”, disse.
O ativista ainda acusou os algoritmos das redes sociais que promovem desinformação. Segundo ele, as empresas culpadas pela derrocada do clima financiam essa mudança algorítmica e corrompem políticos para derrubar leis que restringem sua atuação.
Jane Fonda sublinhou as consequências para as comunidades que moram próximas à indústrias, como a falta de água nesses locais diante da quantidade consumida por essas empresas, epidemias de doenças, entre outros. A partir disso, ela incentivou o público a votar conscientemente. “Estamos sendo maltratados. Quando voltarem em novembro, votem com o clima em seu coração”, pediu. “Há tanta coisa que podemos fazer. Se quer ir rápido, vá longe. Se quiser ir longe, vá junto”, disse.
Nessa linha de raciocínio, Fenton afirmou que as eleições presidenciais dos Estados Unidos que ocorrem este ano são as mais decisivas para o clima, pois cientistas afirmam que há apenas seis anos restantes para reduzir drasticamente as emissões de gás carbônico. Segundo Jane Fonda, as soluções ecológicas já existem, mas é necessário ter políticos dispostos a fazer a mudança acontecer. Por isso, é importante pressionar, disse.
Ambos sublinharam que, em suas histórias de vida, viram diversos movimentos sociais alterarem o curso de coisas que pareciam impossíveis de mudar. Com o clima, não seria diferente.
E apelaram para a indústria criativa e da publicidade ajudarem nessa transformação. “Arte fura bolhas, afeta as pessoas quando estão com a guarda baixa. Dolly Parton escreveu uma música sobre clima. Faça o que puder para chegar nas pessoas com o que está acontecendo”, pediu Fonda.
“Dois terços dos americanos falam que quase nunca ouvem coisas sobre o clima. Podemos consertar isso e as pessoas aqui presentes podem fazer parte.”, disse Fenton. E complementou: “A publicidade faz parte disso. Empresas da indústria de combustíveis fósseis fazem campanhas massivas que colocam os fatos em dúvida. Eles usam a linguagem a seu favor”.
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