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De 7 a 15 de março de 2025 I Austin - EUA
SXSW

O “Não Sei” como superpoder em tempos de incerteza

A incerteza como catalisador da curiosidade, da adaptabilidade e da abertura a novas perspectivas


12 de março de 2025 - 18h56

Após alguns dias de imersão no SXSW, um ponto se destaca com clareza: a palavra “incerteza” permeia praticamente todas as apresentações, dançando em sintonia com a onipresente “inteligência artificial”. Longe de ser uma novidade, considerando os anos de turbulência global, o que emerge é uma ressignificação importante da incerteza, agora entendida como um terreno fértil para a inovação e o crescimento.

Duas sessões emblemáticas, “Uncertainty”, com Maggie Jackson, e o podcast “Unusual Suspects”, com Kenya Barris, Malcolm Gladwell e Brené Brown, exploraram essa temática sob prismas distintos, convergindo para uma mesma conclusão poderosa: a incerteza como catalisador da curiosidade, da adaptabilidade e da abertura a novas perspectivas.

Maggie Jackson desmistifica a visão tradicional da incerteza, que a associa a sentimentos paralisantes como medo e ansiedade. Ela desafia a noção de que o “não saber” é sinônimo de fraqueza ou incompetência, argumentando que a imprevisibilidade dos tempos atuais exige uma ruptura com as fórmulas do passado. Em vez de ceder à inércia, ela nos convida a abraçar a incerteza como força motriz, cultivando um olhar curioso, questionador e aberto à experimentação. Em resumo, o “não saber” deve impulsionar a exploração do desconhecido, o aprendizado, a busca por soluções criativas e a colaboração.

Complementando essa visão, Brené Brown e Kenya Barris, ao discutirem a vergonha e a vulnerabilidade, revelam que a curiosidade floresce da coragem de admitir a ignorância e da disposição genuína de aprender. Curiosidade, portanto, é um ato de exposição, uma entrega à vulnerabilidade que nos permite expandir nossos horizontes e construir pontes com o conhecimento do outro.

Essa nova lógica é tão importante que ela redefine o papel de líderes, educadores e pais, tradicionalmente condicionados a deter todas as respostas e controlar todas as situações. No contexto atual, a frase “eu não sei, mas podemos descobrir juntos” emerge não apenas como uma resposta, mas como um convite para uma busca e um aprendizado coletivos em um mundo no qual a informação flui em diversas direções, desafiando as hierarquias tradicionais do conhecimento.

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