As múltiplas facetas de Carolina Ferraz
A apresentadora, atriz, produtora e empresária fala sobre as delícias e os desafios de sua trajetória de 35 anos à frente de diferentes projetos
A apresentadora, atriz, produtora e empresária fala sobre as delícias e os desafios de sua trajetória de 35 anos à frente de diferentes projetos
Michelle Borborema
20 de dezembro de 2023 - 9h40
Carolina Ferraz saiu de Goiânia aos 15 anos para São Paulo, onde construiu e consolidou uma carreira mutifacetada no entretenimento brasileiro. Inicialmente, a mudança não foi por motivos profissionais: o pai dela foi assassinado com seis tiros por um ex-sócio que devia dinheiro para ele. Mas ela conseguiu superar a tragédia familiar e ser protagonista de sua história. Sua trajetória profissional de 35 anos acumula mais de 60 obras, entre novelas, programas de TV, peças de teatro, filmes e séries de diferentes emissoras e produtoras brasileiras. Agora, além de apresentadora do programa “Domingo Espetacular”, da Record, ela também é sócia de uma marca de home & lifestyle ao lado da filha e prepara um novo livro de receitas, agora mais autorais.
A apresentadora, que se considera no auge da sua maturidade, diz que conseguiu fazer muito bem a transição do mundo offline para as redes sociais e a produção de conteúdo. No YouTube, com seu canal homônimo, ela traz algumas das criações e produções de conteúdos independentes da sua produtora, a Miss Ferraz, que levou a websérie de comédia “Pandêmicos” para a Amazon Prime.
“Acho que fazer essa transição e conseguir me colocar como alguém que está à frente do seu tempo, que é contemporânea dos outros e se atualiza é o desafio constante. Eu me vejo buscando coisas novas eternamente”, diz.
Confira a entrevista com Carolina Ferraz.
Você saiu de Goiânia cedo para o mercado de entretenimento. Pode falar um pouco sobre isso?
Eu saí de Goiânia após o falecimento do meu pai. Ele morreu de uma maneira bastante dramática. Eu tinha 15 anos na época, e minha mãe tomou a decisão, até por não termos parentes lá, já que a família dela é toda mineira e, a dele, paulista. Então viemos para São Paulo. Essa foi a razão da nossa mudança. E eu acabei me envolvendo com o mundo do entretenimento. Desde muito cedo, fazia trabalhos como modelo, sempre dancei. Uma coisa levou à outra.
E aí você atuou por quase três décadas nas novelas Globo. Por que decidiu dar um tempo na carreira de atriz? Pretende voltar?
Eu precisava dar um tempo para saber o que eu quero fazer e como quero fazer. Com certeza vou voltar a atuar. Amo atuar. A vontade de voltar anda crescendo muito dentro de mim, mas eu não quero mais fazer novelas. Quero fazer uma série, teatro, um longa. Mas não quero mais fazer novelas.
Como tem sido o desafio de apresentar o “Domingo Espetacular”?
O meu lado comunicadora já existe há um tempo, desde o “Programa de Domingo”, da TV Manchete, e quando estive à frente da bancada do “Fantástico”. Sempre tive muito prazer em trabalhar como apresentadora, então fiquei muito feliz quando recebi o convite para o “Domingo Espetacular”. Tenho encarado o desafio com bastante entusiasmo. Amo poder contar histórias e me sentir mais próxima do público.
Você tem um canal no YouTube com conteúdos diferentes, de entrevistas com mulheres empreendedoras à gastronomia. Pode falar um pouco sobre o trabalho como produtora de conteúdo?
Comecei a me dedicar mais ao meu canal no YouTube na pandemia, quando estávamos todos em casa e precisávamos encontrar distrações para toda a tristeza e apreensão que sentíamos. Minha filha mais velha, Valentina, voltou a morar no Brasil e passou a me ajudar nessa produção de conteúdo. Nessa época, reunimos um grupo de artistas, diretores, produtores e equipe e fizemos a série “Pandêmicos”, que foi um sucesso, tendo sido vendida para oito plataformas de streaming. Hoje, ela está disponível na Amazon Prime. No entanto, não tenho nenhum projeto com esse formato programado para os próximos meses, apesar de gostar muito de estar envolvida na parte de produção e criação audiovisual.
Sua carreira é marcada por muitas mudanças. Qual foi a principal transformação pela qual passou?
Eu adoro trabalhar. É algo que me vejo fazendo sempre, sem uma data de validade. Gosto de estar sempre criando e empreendendo, então, para mim, quanto mais espaço tiver, mais criativa posso ser e mais projetos posso executar. Também adoro desafios e estou sempre em busca de explorar lados meus nunca antes vistos.
A maior transformação pela qual passei foi a compreensão e a minha adesão ao mundo digital. Sou de uma geração que ainda não tinha essa relação profunda com as mídias sociais. Acho que fazer essa transição e conseguir me colocar como alguém que está à frente do seu tempo, que é contemporânea dos outros, está buscando produção de conteúdo, que se atualiza e se mantém jovem, foi o grande desafio. E é o desafio constante, na verdade. O dia que encerra, a gente também se encerra. Eu me vejo buscando coisas novas eternamente.
Recentemente você e sua filha, a Valentina, lançaram a CIMPLES, marca de home & lifestyle. O que te motivou a criá-la?
Sempre fui muito interessada pelo universo do lar. Durante a pandemia, que foi um momento muito desalentador para todos, sentimos ainda mais necessidade de trazer aconchego e carinho para dentro da nossa própria casa. A CIMPLES nasceu dessa ideia de ter itens exclusivos, com estilo moderno e autênticos. Somos uma marca de home & lifestyle e nosso objetivo é que, com o tempo, consigamos o maior número de peças que encantem o universo do lar das pessoas.
Como é empreender com a própria filha?
Gosto muito de ficar à frente dessa parte criativa da empresa, enquanto a Valentina faz toda a gestão do negócio como CEO. Ela, além de minha filha e agora sócia, é também minha melhor amiga. Então é muito prazeroso trabalhar com ela e dividir essa paixão. Nós somos muito diferentes, mas ao mesmo tempo complementamos uma à outra, então é muito produtiva a nossa troca.
Você, aliás, é muito conhecida pela sua maternidade. Como foi conciliar carreira e o ofício de mãe?
Acho que a minha melhor versão é sendo mãe. É o lugar em que mais me sinto realizada. Tenho o privilégio de ter duas filhas encantadoras, companheiras e pelas quais eu tenho uma profunda admiração. Tenho uma relação muito única com cada uma delas. A Valentina é muito especial, e a Izabel é uma alegria. Por terem uma diferença muito grande de idade, estava vivendo fases diferentes quando nasceram. Com a Valentina, tinha uma rotina muito agitada, então era mais difícil conciliar tudo. Com a Izabel, já conseguia lidar melhor com as tarefas do dia a dia e, até hoje, tenho uma flexibilidade maior de horários.
Há muitas falas suas sobre a pressão sofrida pelas mulheres maduras e o direito ao envelhecimento. Como é ser uma mulher 50+ no entretenimento?
Eu lido muito bem com o fato de estar envelhecendo. É um processo natural da vida e a maturidade nos traz uma série de benefícios que ninguém comenta. Hoje, me sinto muito mais segura, completa e realizada do que quando era mais jovem. Acho que não há idade para nada. Acho que nós temos que nos libertar de tudo isso para que a gente se sinta bem conosco. Chega uma idade na vida de todas as mulheres em que a gente definitivamente para de querer agradar todo mundo e passa a querer agradar a si mesma. Estou nesse momento e estou muito feliz, porque o que eu quero de verdade é viver bem comigo mesma. É uma conquista essa felicidade. Trabalhei muito e sou muito agradecida por ter conquistado essa maturidade e hoje estar confortável na minha pele, com a idade que eu tenho, no momento em que eu estou e trabalhando com o que trabalho. Me entusiasma muito pensar nas possibilidades que ainda tenho pela frente.
Quais são seus sonhos e projetos para o futuro?
Estou planejando lançar um livro de culinária no ano que vem. Diferente dos outros que já publiquei, a ideia é que esse seja com receitas mais autorais, o que é um grande desafio pensando que “tudo” já foi feito e criado. Mas quero que esse novo livro tenha esse aspecto, além de ser uma culinária simples, fácil e gostosa, algo pelo qual prezo muito. E, como disse anteriormente, também penso em voltar a atuar, só que no teatro, em filmes, séries ou novelas mais curtas.
Por fim, indique três livros, séries ou filmes.
Gosto muito dos livros “Outlive”, de Peter Attia, que está mudando muito minha maneira de pensar sobre alimentação e longevidade; “Ensaios de Amor”, de Alain de Botton, que é leve, gostoso e doce; e “Tempo de Vida”, de David Sinclair, que também fala sobre longevidade e qualidade de vida.
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