Como Carolina Cavenaghi promove a inclusão das mulheres no mercado financeiro

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Como Carolina Cavenaghi promove a inclusão das mulheres no mercado financeiro

Maternidade inspirou a empreendedora a criar a Fin4She, startup que visa mitigar o gap feminino no setor


7 de abril de 2023 - 7h07

Carolina Cavenaghi, CEO e co-fundadora da Fin4she (Crédito: Divulgação)

Carolina Cavenaghi, CEO e co-fundadora da Fin4she (Crédito: Divulgação)

Assim como para muitas mulheres, a maternidade foi um momento decisivo para a carreira de Carolina Cavenaghi. Uma questão muito comum entre profissionais e mães rodeava a sua mente: “por que sou obrigada a escolher entre a maternidade e minha carreira? Eu quero me dedicar aos dois”. Assim, ao retornar da licença maternidade, a executiva se viu revisitando seus próprios objetivos, propósitos e valores, e encontrou na equidade de gênero um chamado para a mudança.  

Com esse intuito, Carolina criou um evento para discutir o contexto das mulheres no mercado financeiro, o Women in Finance, que foi um sucesso logo na primeira edição. “Esperávamos receber cerca de 80 mulheres, mas tivemos 800 inscrições”, lembra. Ali, ela encontrou uma oportunidade de negócio e na cara e na coragem, decidiu empreender.  

Assim nasceu a Fin4She, uma startup com o objetivo de conectar, inspirar e impulsionar mulheres e negócios, pautada na empregabilidade, educação, eventos e conteúdo. Até o momento, são mais de 20 mil mulheres e 40 empresas impactadas, como a Anbima, BTG Pactual e Warren. Entre seus produtos e serviços, a empresa possui um banco de currículos com cerca de cinco mil talentos inscritos, no qual divulga oportunidades, vagas, conecta profissionais, promove eventos, workshops abertos e in company e também programas de desenvolvimento de carreira.  

De uma revolução pessoal, a empreendedora encontrou um propósito profissional. Nesta entrevista ao Women To Watch, Carolina Cavenaghi conta como o nascimento de seus filhos foi fundamental para que ela mudasse a direção da sua carreira e ainda revela quais habilidades considera essenciais numa liderança. 

 

Como nasceu a Fin4She e quais os seus planos futuros para a empresa? 

Desde 2019, eu estava começando a desenvolver conteúdo para empoderar mulheres no mercado financeiro, um ambiente masculino por excelência, no qual carregava uma experiência de 15 anos. A Fin4she começou como um movimento para conectar e inspirar mulheres no início de 2020, mas a coisa toda ganhou tração no final desse mesmo ano, quando saí da gestora de fundos Franklin Templeton, após 10 anos de carreira. Com o interesse crescente de bancos, gestoras de recursos e empresas em acelerar a agenda da diversidade, a maioria sem ter ideia de por onde começar, ficou claro que havia ali uma oportunidade de negócio. 

Para desenvolver programas e capacitar mulheres nos três pilares mapeados da carreira, criamos a frente de educação F4S Academy, que conta com aproximadamente mil alunas, além de conteúdos abertos ao público e in company. Também produzimos uma newsletter quinzenal com mais de quinze mil inscritas, além das nossas redes sociais.  

Hoje, os eventos promovidos pela Fin4She já são referência no mercado. Desde sua fundação, a empresa realizou quatro edições do Young Women Summit e três edições do Women in Finance, totalmente gratuitas, com quase 10 mil participantes em todas as edições. 

Além disso, ainda possuímos um portal de vagas, com um banco de currículos com mais de cinco mil talentos e centenas de vagas publicadas de diferentes empresas do mercado. Já em 2022, lançamos a plataforma 4She para ser um lugar de conexão entre profissionais e empresas.  

De modo geral, a Fin4she tem a missão de impactar a vida das mulheres, além de transformar a forma como as marcas buscam se conectar com a pauta da equidade de gênero. Nosso objetivo é impulsionar os resultados dos negócios, por meio de ações práticas e como parte de uma comunidade que vê em cada mulher a oportunidade de mudar todo o mercado. 

Conte como surgiu o Women in Finance e como a sua experiência com a iniciativa te motivou a seguir realizando eventos, a exemplo do Young Women Summit?  

Após a maternidade, comecei a me conectar com o tema da diversidade e percebi a dificuldade que as empresas tinham em promover representatividade. Afinal, as mulheres fizeram avanços incríveis nas últimas décadas, não somente no campo pessoal como também no profissional, mas mesmo assim, ainda temos que lidar com uma desvantagem enorme em relação aos homens.  

Dessa forma, desde 2019, após a volta da licença-maternidade de meu segundo filho, começamos a pesquisar e pensar em algumas iniciativas relacionadas à diversidade, sendo o evento Women in Finance a primeira delas. Para a minha surpresa, mais de 800 mulheres se inscreveram para ir ao MASP assistir à discussão sobre o protagonismo feminino no mercado financeiro. O resultado foi acima de todas as nossas expectativas e serviu como um divisor de águas para a minha carreira. 

O Young Women Summit surgiu em 2020, durante a pandemia. Após começar a Fin4she, uma das questões mais frequentes que ouvíamos das empresas era a dificuldade em atrair e contratar jovens mulheres para o mercado financeiro. Por outro lado, eu recebia dezenas de mensagens de profissionais querendo saber mais sobre oportunidades, carreiras e como ingressar nessa área. Logo, nossa ideia foi criar um Summit para conectar essas jovens às empresas e a essas oportunidades por meio de palestras, conteúdos e um banco de currículos que as empresas poderiam acessar depois.  

Carolina Cavenaghi, CEO e co-fundadora da Fin4she, no Women in Finance (Crédito: Divulgação)

Quais características ou habilidades você considera essenciais numa liderança? Como você as desenvolve e as alimenta regularmente?  

Como mãe de dois meninos, o Tom e o Martin, eles são a minha maior inspiração e alimento para a minha potência. Por causa da maternidade, passei a refletir muito sobre os meus valores e passei por um momento de ressignificar a minha vida e carreira. 

Hoje, acredito numa liderança conectada com a intuição e a capacidade de aprender rápido, para acompanhar as mudanças constantes do mundo e do mercado. Mais do que isso, aposto no exercício de uma liderança genuína, afinal, as pessoas serão cada vez mais percebidas e analisadas pelos seus comportamentos. Dentro disso, destaco características como coragem, conforto em assumir riscos, adaptabilidade, escuta ativa, fomento e respeito a um ambiente diverso, empatia, geração de confiança entre aquelas que trabalhamos diariamente, além da capacidade de priorização, que é fundamental para o dinamismo e assertividade das nossas atividades. 

Por último, destacaria a gestão do tempo como uma habilidade de uma boa liderança. A pergunta “como ser dona da nossa própria agenda?” é uma questão recorrente que me faço, pois preciso saber gerir meus compromissos e alocar recursos para diferenciar o que pode ser um e-mail e o que deve ser um call, por exemplo. 

Já para me desenvolver, acredito que não há uma resposta para tudo, uma vez que estamos em constante processo de transformação e aprendizado. Dito isso, busco ouvir e me alimentar de pessoas que admiro, consumindo leituras e indicações, que são formas ricas e efetivas de aprendizado.
 

Qual foi o momento mais desafiador da sua carreira? Como você lidou com a situação? 

Muitos foram os momentos difíceis da minha carreira, porém, um deles foi transformador. Após a maternidade, minha relação com o trabalho mudou completamente. Senti que mais do que nunca o trabalho passou a ter uma importância e relevância diferente em minha vida. Trabalhar passou a ser o “meu” tempo, quando estava 100% dedicada a mim mesma. Quando tomei consciência desse comportamento, tudo mudou. Foi preciso coragem para seguir o que eu queria, mudar e, principalmente, acreditar em mim mesma para encarar uma jornada empreendedora.  

 

Por fim, indique três filmes, séries ou livros que você consumiu e que você indica para outras pessoas. 

Destaco o livro “O Momento de Voar”, da Melinda Gates, que foi a minha grande inspiração para começar a Fin4she. No livro, ela conta como conhecer a realidade de outras mulheres mudou sua vida e escreveu uma frase que levo comigo até hoje: “se você quer elevar a humanidade, empodere as mulheres”. Esse é o investimento mais amplo, universal e com maior potencial de alavancagem que podemos fazer pelo bem do ser humano. Melinda Gates diz: “Enquanto eu empoderava outras mulheres, elas me empoderavam. É um caminho sem volta”. Eu compartilho desse mesmo sentimento.  

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