Empreendedorismo 50+: uma realidade que se impõe aos brasileiros

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Empreendedorismo 50+: uma realidade que se impõe aos brasileiros

Se o ambiente corporativo é hostil aos mais velhos, a Economia Prateada movimenta trilhões, e são eles os mais capazes de criar soluções para os problemas que vivenciam no dia a dia

Carol Scorce e Carol Scorce
27 de setembro de 2023 - 8h15

Ana Fontes, da Rede Mulher Empreendedora (Crédito: divulgação)

A última edição de 2019 do Global Entrepreneurship Monitor (GEM), em parceria com o Sebrae, apontou o contingente de 2,5 milhões de pessoas empreendedoras no Brasil que começaram seu próprio negócio tendo 55 anos de idade ou mais.

Empreender não é, no entanto, exatamente uma ambição dos mais velhos, mas a combinação de vontade com a necessidade de se manter produtivo. Os ambientes de trabalho qualificados, ou dos espaços corporativos, ainda são majoritariamente brancos, masculinos e, sabemos, jovens. Acolher pessoas diversas é algo relativamente novo, e o foco, neste momento, são os recortes de raça, gênero e LGBTQIA+. Portanto, empreender, segundo explica a fundadora e CEO da Rede Mulher Empreendedora (RME), Ana Fontes, nessa etapa da vida “tem mais a ver com a vontade de continuar na ativa e saber que isso não vai acontecer nas empresas tradicionais, gerando renda para si e para a família, e fazendo algo que faça sentido.”

Viver apenas de renda, ou seja, da aposentadoria ou do dinheiro que foi possível acumular ao longo da vida, ainda é uma realidade rarefeita para o brasileiro médio. É preciso empreender para manter a estrutura financeira. Segunda a pesquisa Elas 45+ – Movimentos etários, da consultoria Eixo, 63% das mulheres com mais de 45 anos são provedoras de suas famílias, sendo que pelo menos 40% são a única fonte de renda. Mas se o ambiente corporativo ainda é hostil com os mais velhos, com as mulheres mais velhas ele é duplamente agressivo. Na mesma pesquisa, 40% das mulheres estão desempregadas. 

“Recebo diariamente mensagens no meu Linkedin de pessoas com mais de 50 anos que foram desligadas de uma empresa, ou que trabalham nesses lugares mas não são ouvidas, são constantemente desrespeitadas, e por isso querem empreender. Por mais que exista um movimento de diversidade nas áreas de Recursos Humanos, essa população é cada vez mais numerosa e se aposentar não é uma realidade, então empreender é o caminho. Um caminho que só vai crescer e que é cheio de possibilidades”, revela Ana Fontes. 

Segundo a pesquisa “Empreendedores 50+, o futuro do Brasil”, de 2022, da consultoria Empreendabilidade, os profissionais acima de 50 anos têm mais chances de sucesso na abertura de um negócio. O levantamento também apontou que a população com mais de 55 anos representa 30,7% do total de empreendedores no Brasil.

E se a Economia Prateada já movimenta 1,6 trilhão de reais por ano, são justamente esses e essas empreendedoras com a melhor capacidade de inventar soluções para os problemas que eles e elas vivenciam. Segundo a CEO da RME, a experiência acumulada ao longo de toda uma vida joga a favor porque diminui a quantidade de erros. Erra-se menos nos negócios nessa fase da vida, ao mesmo tempo que se tem mais condições para arriscar. “É muito mais difícil para um jovem pensar em inovação para questões que não vive no dia a dia”, explica Ana, que começou a empreender aos 42 anos. 

“Não foi fácil. Eu não sabia de nada. É muito importante que essas pessoas se conectem com uma rede de outros empreendedores, e que os governos pensem políticas de incentivo para grupos mais vulneráveis. Cerca de 70% dos trabalhos hoje são gerados em pequenos negócios, então a Economia Prateada é também uma possibilidade de melhora nas condições de vida de toda a sociedade”, defende a CEO.

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