Somos diferentes, mas igualmente importantes
Quanto mais somos conscientes da amplitude da diversidade, mais capazes somos de tomar ações efetivas para que as pessoas tenham chances iguais e acesso às melhores oportunidades
Somos diferentes, mas igualmente importantes
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21 de novembro de 2022 - 11h18
Quem de nós não cresceu com a máxima certeza de que a frase “todos somos iguais” correspondia a uma afirmação absoluta e irrefutável? Mesmo tendo a clareza do quão longe nos encontramos desta realidade, passamos muito tempo de nossas vidas acreditando neste conceito como um ideal acima de qualquer bem. Praticamente uma meta coletiva a ser alcançada por empresas e sociedades.
Parece que não estamos a sós nesta jornada. Dados baseados em declaração da população nas principais regiões metropolitanas do Brasil* corroboram com este princípio, já que 88% concordam totalmente com a frase “creio que devemos lutar pela igualdade de todos”. Número um pouco superior que há 10 anos, quando a total concordância era de 73% da população.
Dentro do contexto em que construir um mundo sem discriminação e sem preconceitos é um grande objetivo a ser perseguido, o conceito de que “devemos ser iguais” ou “lutar pela igualdade de todos” pode ser entendido como a busca por direitos igualitários, respeito aos indivíduos e pela inexistência de privilégios tão marcados entre as pessoas. Neste sentido, então, a afirmação em questão se torna de fato aplicável. Sim, queremos que todos possam ter mais acesso, mais opções e escolha pelas melhores oportunidades.
Mas como criar a conscientização coletiva de que, enquanto percebermos que as pessoas querem e devem ser iguais, estaremos muito distantes de ambientes inclusivos e com oportunidades para todos?
Recentemente, vivenciei uma experiência interessante em relação ao tema durante um treinamento de letramento racial com os líderes aqui da empresa, o que me levou a vários aprendizados importantes. Logo no início das nossas sessões, quando fomos indagados a opinar sobre a concordância com algumas frases, entre elas, lá estava, tão simples: “somos todos iguais”.
De maneira espontânea e automática, a resposta de grande parte do grupo foi: “nem tem o que pensar, claro que sim”. À medida que o treinamento se encaminhava e os conceitos eram estabelecidos, coletivamente fomos “repensando” a concordância inicial à frase. Enquanto eu assistia a algumas reações e reflexões, notava que gradualmente íamos decodificando e traduzindo dois termos que, muitas vezes, se cruzam e são erroneamente usados como sinônimos: igualdade e equidade.
Dentro de uma boa intenção de querer chegar aos objetivos, sem refletir sobre a complexidade da realidade e o caminho a ser percorrido, poderíamos subestimar que estaríamos resolvendo a questão da diversidade e inclusão apenas ao praticar o conceito de igualdade.
De uma maneira genuína, mas simplista, ao tratar todas as pessoas com respeito, da mesma forma, dando a elas os mesmos direitos e deveres, ilusoriamente garantiríamos que todos tivessem as mesmas oportunidades. Afinal, nos pareceria que todos estão sendo convidados para a mesma a festa e chamados para dançar uma só música.
Neste contexto, porém, precisamos revisar e complementar esta metáfora tão difundida, já que num ambiente de pessoas diversas, muitas delas podem não saber dançar, não ter afinidade com o ritmo musical, ou até mesmo não gostar de dançar. E só quando percebemos isto, estamos prontos para entrar na jornada de entendimento e busca pela equidade.
Precisamos diariamente educar e reforçar a todos estes conceitos e provocar reflexões a nossa volta. As diversas comunidades, grupos de pessoas e seus indivíduos precisam ser reconhecidos como igualmente importantes, mas tratados de forma diferente, de acordo com as suas histórias, suas necessidades, e seus distintos pontos de partida.
Quanto mais for claro que os contextos são diversos e plurais, mais nos tornamos conscientes da amplitude e do valor da diversidade. Só assim seremos capazes de desenvolver os meios e instrumentos para tomar ações efetivas, e para propiciar que de fato as pessoas, dentro das suas desigualdades, sejam equânimes e igualmente inseridas, e que tenham minimamente acesso às melhores oportunidades.
(*) Fonte: Target Group Index nas principais regiões metropolitanas
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